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 No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus.

Ele estava no princípio com Deus.

Tudo foi feito por Ele; e nada do que tem sido feito, foi feito sem Ele. Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens.

João 1:1-4

Um dia Deus decidiu criar algo extraordinário. Algo que o deixasse orgulhoso. Pensando no material que tinha a sua disposição logo percebeu que não era muita coisa. Afinal, nunca havia precisado de nada. No entanto, isso não o desanimou.

Antes mesmo de o pensamento formar-se por completo em sua mente, Ele fez surgir o espaço – local da sua criação – e, com ele, o tempo. O espaço era curvo e o tempo infinito; e o Seu Espírito se movia sobre eles em completa harmonia.

Animado com o que já havia criado, resolveu preencher o espaço com pequenas partículas. E Deus as chamou de quarks, léptons, bósons, fótons e glúons. Com elas, a escuridão assumiu consistência e materialidade.

Contudo, como essas pequenas partículas moviam-se rapidamente, era impossível distinguir uma das outras. Assim, decidiu desacelerá-las. Quando assim o fez, Ele as agrupou em famílias.

E disse Deus: Haja prótons, nêutrons e elétrons!

Preocupado que toda essa harmonia pudesse afetar a estabilidade futura da sua criação decidiu que haveria mais partículas que antipartículas. E Deus fez a expansão, e fez a separação entre matéria e antimatéria, ordenando:

Haja sempre mais matéria! E viu Deus que era bom.

Às famílias exigiu que se agrupassem formando elementos maiores e mais pesados.

E disse Deus: Haja hélio, lítio e três tipos de hidrogênio! E assim foi.

O espaço agora estava preenchido por seus pequenos e agitados filhos, que se uniam e desuniam formando novos e diferentes elementos. A cada um deles Ele deu a sua benção.

Apesar de a ordem já sobrepujar o caos, Deus não considerou a sua obra completa e quis seguir adiante. E, pela primeira vez desde a sua criação, pensou no tempo. Até aquele instante, ele já havia mudado várias vezes, tornando-se uma entidade diferente do espaço, porém, dependente dele. E viu Deus que espaço e tempo sempre estariam em conexão.

Alguns dos grandes corpos, criados apenas pela força do Seu pensamento, também haviam mudado. Agora eles irradiavam luz própria e iluminavam o espaço à sua volta.

E disse Deus: Haja as estrelas e formem-se as galáxias!

E eram tantas que separaram a luz das trevas. E viu Deus que era boa a luz. Outros corpos, no entanto, assumiram características diferentes, não irradiando luz, mas tendo formas e consistências variadas.

E disse Deus: Formem-se os planetas!

E estando Deus cansado decidiu repousar. E esse foi o primeiro dia da sua obra.

Enquanto descansava percebeu que ainda não se sentia satisfeito. Faltava alguma coisa. Desejou, então, introduzir no seu universo recém criado algo que pudesse distraí-lo nos momentos de tédio.

Assim, olhando para a toda a sua criação, escolheu um diminuto planeta – sem forma, vazio e iluminado por um sol pequeno e amarelo – para completar a sua obra. Quando o pensamento começou a formar-se, Ele se deteve.

E pela primeira vez sentiu uma estranha angústia dominá-lo. Talvez não fosse uma boa ideia, refletiu. Talvez não devesse seguir adiante. Já não havia criado um universo inteiro?

Para que mais?, se perguntou.

Contudo, um impulso incontrolável prevaleceu.

E disse Deus: Haja vida!

E assim começou o segundo dia da sua obra. O resto é história e todos nós a conhecemos.