[Flávio Bittencourt]

Dezembro de 2012: urna funerária com ossada foi encontrada em Manaus

Iphan-AM enfatizou que artefatos não devem ser tocados sem a utilização dos métodos científicos da arqueologia.

 

 

 

 

15.4.2013 -     F.

 

 

IPHAN-AM CRITICA IML POR RETIRADA DE ACHADO ARQUEOLÓGICO, EM MANAUS,

DEZEMBRO DE 2012:

 

"04/12/2012 01h01 - Atualizado em 04/12/2012 01h01

Iphan-AM critica IML por retirada de achado arqueológico, em Manaus

Instituto Médico Legal recolheu ossada encontrada em urna de cerâmica.
Falha pode resultar na perda das informações da origem dos artefatos.

 

Urna de barro com um esqueleto humano foi encontrada na Zona Sul de Manaus (Foto: Mônica Dias/G1 AM)Urna de barro com um esqueleto humano foi encontrada na Zona Sul de Manaus (Foto: Mônica Dias/G1 AM)

A arqueóloga do Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional no Amazonas (Iphan-AM) apontou falhas no procedimento adotado pelo Instituto Médico Legal (IML), que recolheu uma possível descoberta arqueológica no último sábado (1º). Uma ossada que pode ser de índios foi encontrada dentro de uma urna de cerâmica no quintal de uma casa, situada no Bairro Japiim, Zona Sul de Manaus.

A ossada que estava há oito palmos do chão e foi encontrada pelo cunhado do operador de máquinas Ronaldo Frós, de 44 anos, o pedreiro Marivaldo de Oliveira, 29, que cavava um buraco para fazer uma fossa. Após a descoberta dos ossos, o proprietário da residência sem saber a quem recorrer ligou para o IML. A equipe foi até casa localizada na Rua Mucuim e recolheu os ossos.

Entretanto, para arqueóloga do Iphan-AM, Elen Barros, o IML agiu de forma incorreta porque deveria ter acionado o Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional para uma equipe ir até o local, que isolaria a área para os artefatos serem retirados pela metodologia da arqueologia, evitando que eles fossem danificados e perdessem seu potencial informativo.

"Creio que o cidadão não tinha conhecimento da existência do Iphan e por ter visto ossos entrou em contato com IML. Mas o órgão é que poderia ter entrado em contato com Iphan, que é bem divulgado na mídia por conta do processo de tombamento do Centro Histórico de Manaus e do Encontro das Águas. Somente a metodologia da arqueologia e não outra se aplica para remover os achados arqueológico", disse Elen Barros.

Secretaria de Segurança Pública do Amazonas investiga o caso. (Foto: Reprodução TV Amazonas)Remoção do material arqueológico feita pelo IML
pode comprometer estudos do Iphan
(Foto: Reprodução/TV Amazonas)

De acordo com o Iphan, existe um registro de sítio arqueológico no Bairro Japiim, incluso no banco de dados em 2006, que foi identificado durante o Projeto Levantamento Arqueológico do Município de Manaus, custeado com recursos do próprio órgão. Porém, ainda não há confirmação de que o sítio abrange a área onde foi encontrada a urna com ossos humanos.

Questionada em relação às ações desenvolvidas pelo Iphan para preservar as áreas com material de importância histórica, Elen Barros justificou que em virtude da quantidade de sítios arqueológicos no Amazonas, o Iphan reúne dados e faz visitas pontuais. "Existem mais de 400 sítios arqueológicos no Amazonas, e o órgão não pode custear as escavações de todos esses sítios. O que o Iphan faz são visitas pontuais aos sítios, além do registro fotográfico e atendimento aos achados ocasionais", explicou a especialista.

Medidas
Após tomar conhecimento do achado através da reportagem do G1, o Iphan começou a levantar informações objetivando realizar visita ao local onde ainda há fragmentos da urna de cerâmica. "Estamos tentando encontrar o endereço desse senhor para que nossa equipe possa ir até o local verificar se os artefatos ainda estão lá, tendo em vista que algumas partes soltas da urna foram retiradas, e ver a possibilidade de fazer o resgate do material. Vamos conversar com o proprietário para esclarecer que ele não será desapropriado, porque são muitos mitos que surgem quando se encontra um sítio arqueológico", assegurou Elen Barros.

Críticas

A arqueóloga e antropóloga Arminda Mendonça afirmou que área onde ossos humanos foram encontrados já é conhecida do Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. "O Iphan já conhece este sítio arqueológico e me parece que não há um interesse do instituto em preservar as peças que podem ser encontradas no local [*], sendo que é sabido que com certeza existem peças semelhantes lá. O Amazonas é um grande sítio arqueológico", destacou.

Ela também ressaltou que o esqueleto humano encontrado no quintal de uma casa deve ser resgatado e preservado. "É preciso que se salve ao menos o que se restou, se não esse conhecimento pode se perder para sempre", falou ao G1, sobre a urna com fragmentos de ossos humanos, possivelmente indígena.

A superintendente do Iphan-AM, Heloísa Araújo, afirmou que a declaração não é procedente. "Claro que temos trabalhado para proteger esses sítios arquelógicos, por isso estamos fazendo vários inventários e temos projeto para fazer a sinalização deles. Mas esses achados infortúnios são comuns na Amazônia, toda escavação que se faz acaba encontrando vestígios arqueológicos", revelou.

Iphan-AM enfatizou que artefatos não devem ser tocados sem os métodos da arqueologia (Foto: Mônica Dias/G1 AM)Iphan-AM enfatizou que artefatos não devem ser tocados sem os métodos da arqueologia (Foto: Mônica Dias/G1 AM)

Orientação
Com as constantes descobertas de sítios arqueológicos em Manaus, o risco de danos ao patrimônio histórico pode ser maior caso as medidas necessárias não sejam efetuadas. A orientação de especialistas é de que o Iphan deve ser acionado de imediato e o material não deve ser tocado. O instituto atende no Amazonas pelo telefone 3633-2822.

"Se o material arquelógico não for retirado com cuidado e com metodologia adequada ele perde toda capacidade de nos trazer informações sobre aquela população que o enterrou, viveu na área, ou fez do local cemitério. Os artefatos são bem da união e devem ser levados para institutos responsáveis pelos estudos. Em Manaus, há duas instituições de guarda que recebem material arqueológico como apoio do Iphan", enfatizou a arqueológa Elen Barros.

Através da assessoria da Polícia Civil do Amazonas, o G1 procurou a direção do IML para se posicionar sobre o assunto, mas a assessoria não respondeu às críticas do Iphan em relação ao órgão da polícia, e não esclareceu o que foi feito com os ossos recolhidos no dia 1º."

[*] - NOTA DESTA COLUNA RECONTANDO...: ESSA INFORMAÇÃO INCORRETA

PODE TER SIDO CAUSADA, POSSIVELMENTE, POR DESCONHECIMENTO DO ASSUNTO POR PARTE DE ALGUM PROFISSIONAL DO JORNAL (já que não se pode acertar sempre: por exemplo, parece que trocamos, sem querer, o nome de um campeão mundial de xadrez que esteve no Rio de Janeiro/RJ nos anos 1970, mas isso está sendo devidamente checado com pessoas que participaram dos eventos, naquele tempo), UMA VEZ QUE DIFICILMENTE ALGUÉM QUE ENTENDE DESSE ASSUNTO PROFERIRIA UMA CONSIDERAÇÃO TÃO BIZARRA QUANTO ESSA: COMO SE SABE, DE ACORDO COM A LEI 3.924, 26 DE JULHO DE 1961 - http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/1950-1969/L3924.htm -, É ATRIBUIÇÃO LEGAL DO IPHAN PROTEGER O LEGADO DE NOSSOS HONRADOS ANTEPASSADOS - E ISSO TEM SIDO FEITO, SEMPRE, DESDE QUE ESSA LEI FOI DECRETADA PELO CONGRESSO NACIONAL, EM 1961, E O PRESIDENTE QUADROS - FELIZMENTE! - A SANCIONOU; ALIÁS, FOI DURANTE O GOVERNO DO PROFESSOR JÂNIO QUADROS QUE SE CRIOU O PARQUE INDÍGENA DO XINGU, pensando-se não só em terras sagradas por conterem cemitérios indígenas, como em terras pertencentes a índios vivos: não deixe de ver, por favor, o recente filme brasileiro XINGU!  F. A. L. B.