Cunha e Silva Filho: o escritor e crítico literário (Republicada e atualizada na parte literária
Por Cunha e Silva Filho Em: 28/07/2021, às 16H45
CUNHA E SILVA FILHO: ESCRITOR E CRÍTICO LITERÁRIO (REPUBLICAÇÃO ATUALIZADA)
ENTREVISTA CONCEDIDA PELO AUTOR AO PROFESSOR E ESCRITOR MARANHENSE GIVALDO QUINZEIRO:
O escritor, ensaísta e crítico literário Cunha e Silva Filho concedeu uma entrevista a Sky Culture e-Magazine. Nesta entrevista, Cunha e Silva Filho, que também é Pós-Doutor em literatura comparada, fala, além do seu mais recente livr Ferreira Gullar, Adailton Medeiros, da literatura piauiense e da atual conjuntura política brasileira.
Cunha e Silva Filho é piauiense de Amarante, mas hoje reside no Rio de Janeiro. Confira a entrevista.
Sky Culture e-Magazine: Quem é Francisco da Cunha? Fale-nos também da sua atividade cultural.
Cunha e Silva Filho: Sou um escritor nascido em Amarante, Estado do Piauí, que, atualmente, vive de escrever sobre gêneros diferentes: crônicas, ensaios, crítica literária, resenhas, traduções de poesia, memórias e temas relacionados à política nacional e internacional. Uso o nome literário Cunha e Silva Filho na minha produção acadêmica e fora da academia.
Por influência paterna, fui, ainda adolescente, levado a escrever sobre literatura em jornais de Teresina, capital do Estado do Piauí. Em 1964, deixei Teresina para estudar Medicina no Rio de Janeiro, mas logo mudei meus planos e decidi ingressar no curso de Letras (Português-inglês) da antiga Faculdade Nacional de Filosofia da Universidade do Brasil, hoje UFRJ. Paralelo a isso, continuava a enviar artigos para jornais de Teresina. Ingressei por concurso de provas e títulos no magistério municipal e estadual do Rio de Janeiro, lecionando português, literatura brasileira e inglês. Mais tarde, voltei à Universidade Federal do Rio de Janeiro para fazer mestrado em literatura brasileira; em seguida, doutorado em literatura brasileira e, finalmente, Pós-doutorado em literatura comparada.
Fiz novamente concurso de provas e títulos para a disciplina de língua Inglesa do centenário Colégio Militar do Rio de Janeiro. Ao mesmo tempo, fui lecionar literatura brasileira e língua inglesa nos cursos de Letras e de Comunicação e Jornalismo da Universidade Castelo Branco, Rio de Janeiro. Foram longos anos de magistério médio e quase uma década de superior. Atualmente, estou aposentado da atividade docente, mas, sempre que possível, publicando livros, prefácios, traduções, crônicas, artigos em blogs, sites, jornais e revistas culturais. Ultimamenate, venho escrevendo para a revista romena Orizont Literar Contemporan (OLC), sedida em Bucareste. Nela escrevo sobre literatura e temas de política brasileira e internacional, focando nestas ultimas questões, entre outras, concernentes à defesa da paz mundial. e contra governos ditatoriais ou autoritários.
Sky Culture e-Magazine: Qual o seu gênero literário? Quais obras publicadas?
Cunha e Silva Filho: Segundo afirmei numa das perguntas anteriores, utilizo mais de um gênero literário na minha atividade escrita. Além de outros livros coletivos, tenho as seguintes obras publicadas: Da Costa e Silva: uma leitura da Saudade. Teresina: Academia Piauiense se de Letras/ Universidade Federal do Piauí, 1996; As ideias no tempo (Teresina: Gráfica do Senado Federal /Academia Piauiense de Letras, 2009); Breve introdução ao curso de Letras: uma introdução (Rio de Janeiro: Litteris Ed: Quártica, 2009); Apenas memórias (Rio de Janeiro: Quártica, 2016). Paisagem, vida e linguagem em Enéas Athanpazio: um leitura de O campo no coração.Balneário Camboriú, Santa Catarina: Editora Minarete /SC, 2018.
Por outro lado, devo assinalar que disponho de um vasto número de textos publicados em jornais, revistas, no meu Blog “As ideias no tempo” e no site de literatura “Entretextos”, coluna “Letra Viva”, que, organizados, me renderiam pelo menos duas dezenas de livros. Presentemente, estou organizando um livro escrito em inglês e francês focalizando temas em defesa da paz mundial, discutindo o gravíssimo problema da violência no Brasil e no mundo e, numa outra parte da obra discutindo questões atinentes à literatura, linguagem, história literária, periodização, critica literária, entre outros temas de análoga natureza.
Sky Culture e-Magazine: Atualmente, o Senhor está se dedicando a escrever algum livro? Se sim, fale-nos um pouco a respeito. Tem previsão de lançamento?
Cunha e Silva Filho: A par dos livros publicados referidos atrás, tenho quase prontos, faltando apenas organização final, as obras: As duas faces da literatura: ensaios de literatura brasileira), Poemas traduzidos, Ensaios de literatura de autores piauienses, Poliedro de insânias (crônicas e artigos), In defence of the world peace and other themes(with some texts also in French). Pretendo também publicar a minha Tese de Doutorado, de título O conto de João Antônio: na raia da malandragem, o meu ensaio de pesquisa de Pós-Doutorado, de título Álvaro Lins e Afrânio Coutinho: dois críticos e uma polêmica (2014).
Não obstante estar escrevendo sempre no meu Blog “As ideias no tempo” e no site “Entretextos”, direção do escritor Dílson Lages, coluna ”Letra Viva,” alguns textos postados nesses dois espaços virtuais são postados também no site americano www.academia.edu.com., - Francisco da Cunha e Silva Filho.
Obviamente, todos os livros inéditos, uns vinte e três livros, quase organizados e já referidos numa nota posta no site "Entretextos", estão esperando para serem editados. Não sei se serão editados. Por outro lado, nutro o desejo de escrever mais ensaios sobre literatura brasileira ou mesmo de literatura estrangeira, assim como continuar fazendo mais traduções de poesia. Não vou parar por falta de editores. Ficaria, sim, regozijado se essas obras viessem à luz. É impensável a ideia de parar de escrever, que é o que conta para qualquer escritor.
Sky Culture e-Magazine: Como o Senhor vê a atual produção literária brasileira? Há algum autor ou obra que o Senhor destacaria?
Cunha e Silva Filho: O país está em crise financeira, porém, apesar disso, a literatura continua sendo produzida e muito, seja custeada pelos autores, seja editada pelo mercado, instituições culturais, convênios, fomentos, editoras universitárias e outros meios, dentro os quais os blogs, os e-books, os sites. Sei que o número é grande, no entanto, posso afirmar ser, em muitos autores, de alta qualidade.
Os autores se multiplicaram por toda a parte do país. São muitos e muitos jovens escritores com projetos de manter-se em atividade, seja na ficção, na poesia, no ensaio. Nesta entrevista, vou puxar a brasa para a minha sardinha. No Piauí, por exemplo, estamos assistindo a uma movimentação intensa e jamais vista de novos autores, poetas, romancistas, contistas, ensaístas. Autores didáticos, e críticos literários. Muitos deles incursionam por mais de um gênero literário.
Este impulso formidável que os autores piauienses tiveram só pode ser bem aplaudido e com muita alegria pelo universo literário piauiense.
Com o o título bastante sugestivo. As pedras doentes da Rua do Fio (Belo Horizonte : Caravana Grupo Editorial, 2019, 293 p.). João Pinto estreou como contista com o pequeno livro de contos Luzes esvaídas, em 1991, apresentado pelo poeta Francisco Miguel de Moura. Publicou; depois, saíram mais dois livros de contos, O ditador da terra do sol (2002) e Contos de uma aula no vermelho (2014).
Ficcionista de amplos recursos literários, não só pela forma original de narrar, mas também por outros predicados de autêntico criador de vidas humanas. Linguagem renovada, viva, plena de humor, de enunciados sentenciosos, de deslocamentos espácio-temporais, com visíveis traços da linguagem cinematográfica, com forte pendor para cenas de um sensualismo nunca descambando ao decalque datado do cediço naturalismo descritivismo- narrativo oitocentista, com apurado gosto por aforismos. Linguagem repassada de um lirismo contido e de uma modernidade de expressão e construção sintático-estilística. João Pinto é um peregrino cultivador da forma literária, um cativo da elaboração estética, primeiro traço da sua narrativa. Pinto é piauiense, porém radicado em Manaus;.
Vejamos outros autores piauienses das gerações mais novas: o poeta, ficcionista, autor didático, ensaísta e autor de livros infanto-juvenis, Dílson Lages Monteiro. Inegavelmente, na atualidade, é um dos mais laboriosos autores piauienses, inteiramente dedicado à literatura e ao magistério, dedicado igualmente à incessante divulgação da literatura piauiense fora dos limites do Piauí; o habilidoso contista Milton Borges, do qual resenhei um ótimo livro de contos Sabor de vingança (2015); o romancista Edmar Oliveira, autor do romance Sitiado, prefaciado pelo escritor José Ribamar Garcia; um novo e promissor contista surge no Piauí, de Oeiras, J .L. Rocha do Nascimento, autor de dois livros de contos: Um clarão dentro da noite ( 2019) e Os pés descalços de Ava Gardner (2020). Também tive boas informações da obra ficcional de Austragésilo Brito, cuja obra mais recente é Ruínas do amanhecer, com prefácio do ficcionista José Ribamar Garcia. Resta conferir.
Quanto a poetas mais novos, em outra oportunidade, a eles me referirei mais demoradamente. Ultimamente, tive contato com a poesia de Raimundo Fonseca, maranhense, mas vivendo em Amarante. Fonseca tem um facilidade imensa para criar excelentes rimas. Seus versos, via de regra, têm índole, popular. São ritmados, espontâneos e a temática, com frequência, se volta para poetizar situações existenciais um tanto moralizantes e sobre figuras humanas de sua admiração.
Penso que, se tentar alçar voos mais altos na variação de formas poéticas não tradicionais, dar-se-á muito bem, porquanto fina sensibilidade ao poético não lhe falta; o poeta Francisco Gomes me parece ter valor, como se constata numa primeira leitura do livro, com título extenso, O despertar selvagem do azul cavalo doméstico (2018). Com um deles o poeta Luiz Filho de Oliveira tive mais contato através de leituras mais demoradas, das quais resultou um ensaio meu É um poeta de boa qualidade e com bastante preparo intelectual.
Quanto à ficção de jovens ou menos jovens, tive uma excelente impressão de Geovane Monteiro, que também é poeta e me parece ter talento igualmente para o ensaio crítico. Dele fiz um ensaio do livro de contos Paradeiro (2016), de resto bastante lido por leitores de textos meus Fiquei feliz por conhecer o valor inegável desse jovem autor piauiense.
Outro que estreou mais velho é José de Ribamar Nunes, autor de um romance surpreendente pela sua qualidade literária, aliciante estória e recursos narrativos, Morro do Querosene (2019), que tive o prazer de resenhar; a contista Nileide B. Soares Nil, natural da cidade de Regeneração, PI., autora de um livro de suave teor literário, Contos encantados (2002), prefaciado pelo crítico M.Paulo Nunes; o cronista de primeira linha, sem dúvida um vocacionado para os relatos circunstanciais do cotidiano ou vasculhando o passado piauiense, José Maria Vasconcelos, também autor de livros sobre questões de língua portuguesa. É um normativista e um vernaculista com alicerce na “ última flor do Lácio.”
Dos poetas e não poetas (mortos e vivos ) menos novos, contudo ainda não velhos, mencionaria, entre outros, o poeta, contista, cronista e divulgador de autores mais novos Cineas Santos; o jornalista, poeta e o mais conhecido historiador da literatura piauiense, Herculano de Moraes; o poeta H. Dobal, o mais importante poeta piauiense, a meu ver, depois de Da Costa e Silva, também cronista, memorialista e tradutor; o Álvaro Pacheco é também um dos bons poetas piauienses; o premiado poeta Elmar Carvalho (também ficcionista, ensaísta, cronista, contista, memorialista e critico literário); o poeta, teatrólogo e divulgador cultural Virgílio Queirós; o poeta, contista e ensaísta José Bezerra Filho; o festejado poeta tropicalista Torquato Neto; o premiado poeta Rubervam Nascimento; o poeta lírico-social Carlos Alberto Gramoza; o competente poeta Paulo Machado; o apreciado poeta de Amarante, Carvalho Neto; a poeta Sonia Leal Freitas, autora de um livro magnífico, O Cedro do Éden (2002).
Considero Sonia Leal Freitas uma das mais importantes poetas piauienses, cedo arrebatada desta vida. Sobre ela, escrevi um ensaio já publicado. Foi também contista. Como poeta, foi muito longe no que tange à alta qualidade de seus versos, uma verdadeira artista, uma virtuose; a inventiva e sintética poeta, Graça Vilhena (a estrear brevemente também como ficcionista); o incansável pesquisador cultural Kenard Kruel; o conceituado jornalista Deocléco Dantas; o jornalista Magno Pires, homem atento à vida social e política brasileira, mais vista nos seus defeitos e vilanias. Jornalismo pessoal, corajoso e fluente nos temas abordados. De poético só tem o título do seu livro Desabrochar das Rosas (1996); o bem atualizado, talentoso ensaísta e ficcionista Halan Silva; o ensaista João Kennedy Eugênio; o poeta Oliveira Neto, muito elogiado por outro bom poeta, o Hardi Filho que se incumbiu de selecionar, organizar e apresentar um antologia sobre Oliveira Neto, sob o título Oliveira Neto - poeta do amor e da alegria (1993); o novelista Cândido Carvalho Guerra, bem aplaudido por A.Tito Filho; a ensaísta Maria Nilza, prefaciada por Enéas Athanazio, ilustre escritor de Santa Catarina; a ensaísta Raimunda Celestina Mendes da Silva, estudiosa e pesquisadora do tema da seca na literatura piauiense, incluindo referências não somente no campo ficcional mas também na poesia, com um bem fundamentado ensaio, provavelmente um estudo pioneiro no seus moldes de aproximação crítica do tema selecionado, Para uma historiografia literária do Piauí.(2013)
Entre os mais velhos ou não tão velhos, poetas ou ficcionistas ( vivos ou falecidos) e sem citar os antiquíssimos e ilustres escritores piauienses, podemos lembrar o maior poeta piauinese de todos os tempos, Da Costa e Silva; o mais importante historiador do Piauí, o professor Odilon Nunes; o grande conhecedor da língua portuguesa, professor Tonhá (Antônio Veríssimo de Castro), professor catedrático de língua portuguesa do Liceu Piauinese e da Escola Normal Antonino Freire, autor de duas obras importantes sobre questões filológico-estilísticas, uma das quais li na adolescência, Adorno de palavras (1949). Era natural do Maranhão; o biógrafo e jornalista José Maria Soares Ribeiro; um dos mais proeminentes intelectuais do Piauí A.Tito Filho, cronista admirável, jornalista de alto nível, filólogo, dicionarista, historiador de temas histórico-políticos, grande orador; um dos mais notáveis e prolíferos jornalistas doutrinários que o Piauí já teve: Cunha e Silva. Além de ilustre professor catedrático de história do Brasil da Escola Normal Antonino Freire, foi professor de geografia do Liceu Piauinense, educador, poeta (sobretudo sonetista), contista bissexto, crítico literário bissexto, humanista, orador eloquente e de improviso, e homem de vasta cultura literária, histórica, filosófica, política e sociológica, a par de ser conhecedor de latim, italiano, relativamente inglês e francês, este último (eu mesmo fui seu aluno durante quatro anos no Ginásio "Des Antônio Costa") lecionou durante vários anos.
Quanto aos que ainda estão em atividade, (me desulpando antecipadamente pelas omissões de alguns autores), na ficção, na crítica literária, na historiografia literária, como dicionarista da literatura brasileira, um esteta, na opinião do saudoso poeta maranhense Adaílton Medeiros, é fundamental mencionar o mais famoso escritor piauiense vivo: Assis Brasil. Autor de renome nacional, escritor dos mais produtivos ( com mas de cem livros publicados!) que o país tem, premiado mais de uma vez. Assis Brasil torna-se, desse modo, uma figura de proa no cenário de autores piauienses mais festejados; o professor titular de direito, jurista, humanista, ensaísta (geralmente de viés filosófico), pensador, orador primoroso, conferencista, latinista e memorialista Celso Barros Coelho; o eruditíssimo professor ( latinista) de direito penal José de Ribamar Freitas; o eminente jurista, rigoroso critico literário e historiador Wilson de Andrade Brandão; o veterano e respeitado crítico literário, professor M. Paulo Nunes, também educador de grandes méritos; o prolífero romancista William Palhas Dias; o general J.E.Mendes da Rocha, escritor dedicado a temas de política nacional e a temas mlitares, pois serviu bravamente na Segunda Guera Mundial, na Itália; os ficcionistas de grandes méritos Fontes Ibiapina e Magalhães da Costa; o romancista, Sant'Ana, cujo nome completo é Edmar Vasconcelos de Sant'Ana, elogiado por um professor de Londres, Bruce Corrie, e por escritores como José Louzeiro e o jornalista Raul Soeiro. Não sei por que o professor Edmar que, por sinal, me lecionou desenho no Ginásio "Des. Antônio Costa," não foi mais divulgado. Mereceria sê-lo.Parece-me que só tenha escrito o referido romance, uma ficção que, só pelo título, Quando?... Depois da Quermesse! me soa inquiridor e inquietante, além de enigmático. O professor Edmar, me parece, morava em Petrópolis;
Não se poderia também olvidar o nome de um importante escritor piauiense residente em Brasília, Afonso Ligório, ficcionista premiado na Itália graças ao valor de uma de suas obras, o romance histórico Capitania do açúcar (Recife: Bagaço, 2000. 324 p.) Ligório é exímio cronista, mormente no que tange ao gênero memorialístico. Suas páginas, retratando a Teresina no passdo, são admiráveis em todos os sentidos. Li algumas na excelente revista Presença, dirigida pelo veterano e aplaudido crítico literário M.Paulo Nunes; a romancista bem recebida pela crítica Alvina Gameira; a ilustre jurista e acadêmica, com várias obras na área jurídica, Fides Angélica Omati; a ensaísta e crítica literária Maria Gomes Figueiredo dos Reis; o eminente economista e historiador de temas econômicos e sociais, Raimundo Nonato Monteiro de Santana; o professor e cientista Jônatas de Barros, Ph.D em Física pela Universidade de Londres, autor de vários estudos na área científica; o jornalista e ensaísta Carlos Said (incansável divulgador da literatura piauiense); o ilustre ensaísta, poeta e ficcionista Francisco Venceslau dos Santos falecido há pouco tempo; o ensaísta Fabiano de Cristo Rios Nogueira; o ensaísta José Carlos de Santana Cruz, a ensaísta Maria do Socorro Rios Magalhães; o ensaísta, cronista e autor didático de língua latina, Carlos Evandro Eulálio (grande estudioso do poeta Mário Faustino e um dos mais importantes críticos literários piauiense da atualidade); o poeta, cronista, contista, romancista, crítico literário e historiador literário Francisco Miguel de Moura; o poeta, ficcionista e ensaísta (sobretudo de ensaios científicos ), Humberto Guimarães; o ficcionista Oton Lustosa, autor do romance Vozes da Ribanceira (2003), muito bem aplaudido e estudado por alunos de letras em universidade piauiense e pela crítica dentro e fora do Piauí; o incansavel historiador Reginaldo Miranda, também ficcionista; a historiadora Teresinha Queirós, uma das mais brilhantes escritoras piauienses da atualidade, também dedicada ao ensaísmo literário; o operoso historiador Cid de Castro Dias; o jornalista e escritor Zózimo Tavares, que cultiva um jornalismo límpido e produtivo, sobretudo focando temas da vida política do Piauí; o poeta Ataualpa A.P. Filho, piauiense residente em Petrópolis, membro da Academia Petropolitana de Letras. Escreveu, entre outras, a obra Um vazio em um espaço de vida (1982); também membro da Academia Brasileira de Poesia ; o historiador e memorialista José Pedro de Araújo Filho; o pesquisador de temas políticos, jornalista e memorialista José Lopes dos Santos; o historiador e pesquisador Dagoberto de Carvalho Jr., ilustre estudioso e especialista na obra de Eça de Queirós; o historiador Paulo Gutenberg de Carvalho Souza; o historiador Francisco Alcides do Nascimento; a memorialista Cléa Rezende Neves de Melo; a historiadora Maria Miranda Dias; o destemido historiador, memorialista e pesquisador de tems políticos Jesualdo Cavalcanti Barros; o incansável pesquisador e dicionarista Cláudio Bastos; o ilustre historiador e pesquisador Edison Gayoso C. Branco Barbosa; o respeitado e competente poeta, ensaísta, meticuloso historiador literário Alcenor Candeia Filho; o agradável texto do memorialista, poeta e ficcionista Assis Fortes; o dicionarista literário, cronista, ficcionista, historiador literário, autor didático e poeta Adrião Neto, escritor prolífero e incansável. Lembremos de um nome de um ficionista piauiense que viveu fora do Piauí, chamado Permínio Ásfora (1913-2001), descendente de árabes, nasceu em Valença, PI., autor que, na sua ficção, produz romances de viés polítco-social, como são exemplos os livros Sapé (1940), Noite grande( 1947) Vento Nordeste(1957), O eminente senador(1973), pelo que pude me informar, contam-se como obras ficcionais de sua lavra.
Quanto a novos ou menos jovens autores que já foram consagrados nacionalmente, a minha primeira intenção era não mencionar nenhum por enquanto, já que parte das minha pesquisas se volta mais para autores mais velhos, bem velhos ou já falecidos. Contudo, entre os novos e um pouco menos novos, a literatura brasileira pode contar com um grande número de nomes já com sucesso ou a caminho do sucesso.
Entretanto, para não dizer que não mencionei alguns autores com maior reconhecimento nacional na ficção, teríamos, entre outros, os nomes de Godofredo de Oliveira Neto, romancista e ensaísta, Bernardo Carvalho, João Gilberto Noll, Milton Hatoum, Luiz Rufatto, Patrícia Melo, Michel Laub, Marcelino Freire, Ana Miranda, Cristovão Tezza, Paulo Lins, Adriana Lisboa, entre muitos outros que aí estão experimentando novas linguagens, novos temas, novos desafios e caminhos para a literatura brasileira.
Na poesia, sendo a quantidade de autores muito grande, novas vozes poéticas se cruzam com vozes mais experientes numa profusão de nomes, muito bons ou ótimos, outros apenas desejosos de parecerem poetas mas que não trazem nenhuma novidade nem originalidade a seus versos.
Contudo, podemos pensar em nomes como os de Alexei Bueno, Armando Feitas Filho, Ana Cristina Cesar, Cacaso, Glauco Mattoso, Paulo Leminski, Torquato Neto, Bráulio Tavares, Francisco Alvim, Geraldo Carneiro, Chacal, Sebastião Uchoa Leite, Lélia Coelho Frota, Nelson Ascher, Ivan Junqueira, Adélia Prado, Bruno Tolentino, Regis Bonvicino, Paulo Henriques Britto(notável tradutor) Duda Machado, Age de Carvalho, Salgado Maranhão, Eucanaã Ferraz, e tantos outros poetas, cada qual fazendo a sua própria caminhada poética e indiferentes aos antigos grupos, manifestos, teorias poéticas, novas vanguardas, quer dizer, uma poesia que pode permanecer a despeito de marcos temporais, além dos ismos. Porém, sem perder o pé consciente no legado da tradição literária constituída pelos grandes poetas brasileiros do passado, tradição esta que, por sua vez, está associada à grande tradição literária universal, sobretudo do Ocidente.
Sky Culture e-Magazine:
Recentemente perdemos o poeta Ferreira Gullar, sobre o qual o Senhor escreveu. Qual a importância de Ferreira Gullar? O que significa a morte de Ferreira Gullar para a literatura brasileira?
Cunha e Silva Filho: Depois de alguns livros consagrados (A luta corporal, O poema sujo) pela crítica especializada, o poeta Ferreira Gullar, no meu juízo, passou a ser conhecido nacionalmente por dois motivos fundamentais: o primeiro motivo por ter sido o principal teórico e mentor do chamado movimento neoconcretista (1959) da poesia brasileira; que foi a dissidência diante do Concretismo de 1956, quando retomou para a poesia a valorização do discursivo e não do meramente vanguardismo subversor do verso de corte tradicional da geração de 45.
O geometrismo, o espacialismo, a atomização ou desarticulação vocabular, o trinômio verbo-voco-visual concretista já apresentava o desgaste desse tipo de poesia espácio-visual-semântico, que - não se pode omitir este fato -, deixou algumas marcas, sobretudo, no espaço da página em branco das formas poéticas que se lhe seguiram. Gullar soube discernir uma forma de poesia renovadora que poderia dar certo sem se submeter aos poemas gráficos e geométricos. Não se poderia permanecer indefinidamente imitando o espaço branco da página lembrando formas figurativas, tipográficas. A poesia é também sintaxe, sentido e vida. Alia as formas de desvios semânticos, sonoros e rítmicos, sem necessariamente ficar presa ao visual-espacial-geométrico.
O que importa é o poema bem realizado e esteticamente inovador. Daí também ter sido Gullar um crítico ácido a tudo aquilo que, nas formas da pintura, por exemplo, ou nas artes plásticas em geral, se apresentasse ao público como objeto artístico, como obra de Arte, como foi o exemplo do urinol e Marcel Duchamp exibido no Salão dos Independentes em Nova Iorque (1917).
O segundo motivo fundamental na sua atividade de escritor, de crítico de arte e de cronista se assenta na sua visão política, a qual sofreu igualmente um processo de mudança, de um esquerdista na mocidade, passou a ser, na maturidade e velhice, um crítico corrosivo e implacável da esquerda brasileira, mas sem aderência e submissões aos exageros e danos do capitalismo selvagem ou às falácias de uma direita contra qual também dirigiu sua crítica e desta mostrou seus erros e vícios crônicos sempre com coragem e uma certa rebeldia que tanto me agradavam como leitor cativo de sua crônicas.
Não houve nele retrocesso nem no campo ideológico nem no das artes em geral. Talvez, conforme insinuou na última crônica tratando da questão da arte publicada na sua coluna de domingo da Folha de São Paulo, estivesse esperando por uma nova arte, uma nova linguagem, não simulacros ou contrafações sem valor algum do prisma artístico. Procurou a beleza das formas bem arquitetadas, sem, entretanto, negar a tradição, que ensina, e sem se render à mesmice no domínio do poético.
Sky Culture e-Magazine: O Senhor foi amigo do poeta Adailton Medeiros? O que o Senhor tem a nos dizer sobre Adailton Medeiros?
Cunha e Silva Filho: Francamente, diria que conheci o poeta Adailton Madeiros, nascido em 1938, em Angical, Caxias, Maranhão, mais do ponto de vista da amizade do que mesmo como poeta lido em profundidade.. Era meu intento pelo menos estudar sua poesia em trabalho de maior fôlego. O que li dele como poeta e como ensaísta foi suficiente para reconhecer-lhe os méritos.). Adailton Medeiros se distinguia também como um dicionário ambulante da vida literária brasileira. Conhecia os bastidores de muita gente, sobretudo dos mais velhos da vida literária nacional.
No entanto, sua participação nos movimentos de vanguarda se deu por ter aderido ao movimento poesia-práxis (ou praxismo) proposta poética revolucionária que, a partir de 1962, ano de seu aparecimento, no geral, se opôs a todo o passado da poesia brasileira, sem, é claro, descartar alguns traços das outra vanguardas precedentes. Seu teórico maior foi o poeta MÁrio Chamie, com o livro-chave do movimento, Lavra lavra (1962) Sua orientação teórica se fez em torno da revista Práxis, a qual publicava os poemas do grupo.Como o Neo-concretismo, teve viés social e popular. Aproveitou as contribuições advindas dos mass media, mas recusa a armadura mecanicista do Concretismo..
Emprega amiúde os vocábulos dispostos em forma de linhasignos (ou linossignos), os recursos da teoriada nformação.Seus poemas,visualmente, procuram uma disposição gráfica do poema numa leitura horizontal, vertical, cruzada, necessitando para tanto da colaboração do leitor. A poesia-práxis não subestimou o valor do verso, da semântica. Assim, não perdeu seu valor estético, emotivo, significativo e humano. Adaílton Medeiros publicou os seguintes livros de poesia: O sol fala aos sete reis das leis das aves ( (1972); Cristó-vão Cristo: Imitações (1976); Lição do mundo ( Rio de Janeiro: Edição-7, 1992); Bandeira vermelha ( Editora Caetés, 2001), Poema Ser Poética e mais oito Pré-Textos ( Rio de Janeiro: Achiamé,1982), com introdução de Francisco Venceslau dos Santos. Em prosa: Braçadas de palmas (discurso, 1981), Floração de Minas (discursos, 1982), Quatro ensaios, in SAMUEL, Rogel. (org.). Literatura básica. Petrópolis,RJ.: Vozes, 1985, v.1) Na ficção: escreveu a novela Revoltoso Ribamar Palmeira (Rio de Janeiro: Matacavalos, 1978).
Da sua biografia intelectual é curioso acrescer que Medeiros escreveu em poesia sua dissertação de Mestrado, sob o título Poema Ser Poética e mais oito Pré-Textos submetida à Faculdade de Letras da UFRJ e por esta aprovada. Dele verti para o inglês um poema “Sinos,” extraído do livro Bandeira vermelha (p.78) atrás mencionado. A minha versão foi, posteriormente, publicada na IX Antologia internacional palavras no 3º milênio (São Paulo: Phoenix Editora, 11, Homenagem póstuma, 2010).
Sky Culture e-Magazine: O Senhor esteve recentemente no Piauí, fazendo o lançamento do seu mais recente livro. Fale-nos desse lançamento e do seu livro.
Cunha e Silva Filho: O livro em consideração tem o título de Apenas memórias 1.ed. (Rio de Janeiro: Quártica, 2016, 304 p.). O seu lançamento, primeiro, se deu no Rio de Janeiro, depois, o lancei em Teresina, Piauí. Foi um lançamento festivo, em memorável noite de autógrafo, com amigos, escritores e familiares com direito à entrevista concedida ao jornal Diário do Povo, Teresina, Piauí, e entrevista filmada concedida ao jornalista e ficcionista Rivanldo Feitosa da TV Meio-Norte. A apresentação do meu livro ficou por conta do escritor Dílson Lages Monteiro, que escreveu uma substancial introdução lida num momento do lançamento.
Foi o terceiro livro que lancei em Teresina. A obra dá conta de considerável parte das minhas memórias, desde os primeiros anos da minha infância em Amarante, depois relatos do final da infância da adolescência em Teresina até à minha mudança para o Rio de Janeiro a fim de cursar uma universidade. Nessas memórias, que não são rigorosamente cronológicas, repasso aos olhos do leitor como se deu a minha formação intelectual, iniciada em Teresina e continuada no Rio de Janeiro.
O mais importante nas memórias foi traçar os tumultuados e aflitivos anos dos meus estudos de Letras na UFRJ realizados durante a ditadura militar enfrentados com coragem, determinação e vontade de sair vitorioso. A minha vida pessoal, em alguns lances que alvitrei escolher como fundamentais ao relatos na obra, adquire toda uma carga de emoção, momentos engraçados e situações desagradáveis, relatos escritos com passagens às quais pudesse imprimir um clima poético com o objetivo de não entediar o leitor com textos demasiado áridos. Suponho que alcancei meus objetivos e oxalá que o leitor tenha fruído com prazer o meu texto.
Elaborei a obra me utilizando de relatos novos de mistura com textos já publicados em jornais do Piauí, no meu Blog “As ideias no tempo” e em sites que republicavam os textos. Basicamente, pois, é tudo isso que reuni num volume misturando passado presente e futuro. Acredito que o saldo foi positivo, principalmente porque, num estreito círculo de leitores e amigos, o livro mereceu elogios e, até agora, sobre ele saíram quatro resenhas da obra feitas por três especialistas em Literatura. e uma por um experimentado jornalista piauiense. Confesso que Apenas Memórias foi um dos livros que, até à data presente, mais me deu prazer de escrever e organizar.
Sky Culture e-Magazine: O Senhor escreve também sobre política. Como o Senhor ver o atual momento político do Brasil?
Cunha e Silva Filho: Não é que desprezo a política brasileira, mas, quando sobre ela medito, só vejo à minha frente um cenário sombrio, desesperador, onde campeia sobretudo, além da politicagem, o grave problema da corrupção que ronda quase cem por cento dos políticos, não só dos que estão em Brasília, mas em cada Estado da Federação. Por isso, só posso admirar o que a Operação Lava Jato tem feito a fim de punir efetivamente e afastar de nossa vida pública os maus governantes, os ladrões que infestam o nosso sistema político e os nossos governos. Por tais motivos é que meus artigos têm, em geral, um cunho polêmico, rebelde, satírico, irônico. Não poderia ser de outra forma, já que estão aos olhos perplexos dos cidadãos de nossa Pátria as marcas de desgoverno e da alta corrupção de que foi vítima a sociedade brasileira, pelo menos, de uns quinze anos até à data presente.
Sinto, todavia, um pouco de alívio quando os políticos, com todos os seus defeitos e com todo um comportamento censurável, depuseram a Sra. Dilma Rousseff do poder e praticamente liquidaram com a hegemonia do lulopetismo que não podia mais governar o Estado Brasileiro.
Vejo o novo governo Temer, a despeito de nele ainda persistirem políticos que apoiaram o lulopetismo, com a chamada base aliada do PT, com alguma esperança de que os atuais ocupantes do poder repensem os malfeitos e procurem vias de soluções democráticas com uma nova forma de governar menos contaminada de falcatruas e desídias tão recorrentes durante a era petista.
Só espero que as mudanças que deseja implantar o novo governo não prejudiquem a geração de jovens que ingressaram e ingressam no mercado do trabalho e no setor público.
No plano internacional, tem sido um objetivo primacial dos meus artigos denunciar os crimes cometidos por ditadores no mundo inteiro, chamar a atenção dos organismos internacionais responsáveis pela segurança dos povos oprimidos, das nações que não respeitam sua sociedade civil, de governos que cometem atrocidades em guerras civis que ceifam milhares de inocentes pelo mundo afora. Enfim, pelo uso da palavra, continuarei a deblaterar contra os que ameaçam a liberdade de expressão, contra o terrorismo mundial, contra os genocídios praticados em pleno século XXI, contra os preconceitos de toda espécie, ou seja, meus artigos visam ao desejo de ver o mundo, quer ocidental, quer oriental, com mais harmonia, paz e prática do humanismo – único caminho para se evitar o mal maior repugnado pela consciência dos homens de bem em qualquer parte e em qualquer época.
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Cunha e Silva Filho: Quero agradecer ao entrevistador, escritor Gilvaldo Quinzeiro, pela oportunidade que me propiciou a falar um pouco da minha vida de escritor e de outras facetas resultantes dessa atividade que requer tanto desprendimento e tremendos sacrifícios num pais onde é espinhoso um intelectual conseguir, hoje mais do que no passado, ser visível, sobretudo quando não pertence a grupelhos, igrejinhas ou nichos que, em cada época, tornam mais dificultosa a penetração de alguns autores nos meios editoriais mais mobilizados para os lucros em produções que estejam afinadas com os vários tipos de obras de qualidade, muitas vezes, duvidosa. Não obstante todos esses percalços enfrentados pelo escritor brasileiro, ele não desiste. Sua afirmação como produtor de obras literárias ou de estudos teóricos e críticos se situa acima das mesquinharias próprias do ser humano.