Crônica de Vinicius sobre Clodoaldo Pereira da Silva Moraes
Por Flávio Bittencourt Em: 14/08/2011, às 12H34
[Flávio Bittencourt]
Crônica de Vinicius sobre Clodoaldo Pereira da Silva Moraes
Vinicius de Moraes escreveu sobre seu pai.
O VELHO RELOJOEIRO
Postado originalmente em 04 de outubro de 2004 às 13:19
Em um subúrbio londrino existia um relojoeiro, já com idade avançada. Trabalhar, para ele, era a razão de sua vida. Ensinar seu ofício era um prazer constante. Poucos, entretanto, tinham a paciência com a qual ele se dedicava aos relógios de todo o tipo. Seus aprendizes não tinham a mesma abnegação e logo desistiam. Ele já havia consertado muitos relógios ao longo de sua vida. Certa feita, um rico senhor apareceu em sua modesta lojinha. Com desdém, quase sem disfarçar a repugnância por aquele estabelecimento tão diferente das lojas que ele freqüentava, abordou o humilde artesão. “Meu caro senhor! Aqui tenho um relógio muito raro. Ele está com um defeito que, até agora, nenhum especialista, nesta ilha ou fora dela, conseguiu descobrir.” “O que podes fazer?!” “Quanto tempo levarás para consertá-lo?!” Sem disfarçar sua descrença naquela simplória figura, muito distante de sua casta, o empinado senhor, suavemente, pousou o relógio na mesa da oficina. Já em retirada exclamou: “Outros especialistas levaram muito tempo com ele e nada consertaram! “Espero que não tome muitos dias para descobrir!” “Cuidado!! É uma peça rara!” Sem nada dizer o velho calmamente pegou sua lente monocular, buscou em uma caixa de ferramentas uma haste muito fina e longa. Abriu a raridade e detidamente analisou seu interior. Com firmeza, adentrou a ferramenta por trás das engrenagens antigas e robustas. Alcançou uma haste muito delicada, quase invisível. Recolocou-a no lugar e devolveu o relógio para o impávido aristocrata. “Aí o tens funcionando perfeitamente!” Ainda sem acreditar no que via, o elegante senhor perdeu a rigidez e quase curvando-se em gratidão exclamou: “Como pode?! Tão rápido!!! Quanto custa?” Sem titubear o velho respondeu: “São duas mil libras, caro senhor!” Sem acreditar no que ouvia o petulante cliente exclamou: “Que ultraje!! Tal preço por um trabalho que não durou um minuto!!!” Sem querelas, o velho tomou delicadamente o relógio do nobre, introduziu a pinça e retirou a haste de seu recanto. Devolveu a relíquia para o espantado homem: “Toma! Vai procurar quem te faça mais barato!” Essa estória nos ilustra a segurança e a competência geradas pelo conhecimento agregado com trabalho diligente. O valor cobrado recompensava anos de experiência e dedicação, que permitiram ao mestre corrigir tão rapidamente o defeito. Ao colocar o relógio na condição original, ele impôs o devido respeito que sua excelência reclamava... Pois sabia que poucos, ou mesmo ninguém, poderia resolver o problema sem danificar a raridade. Como toda fábula, essa traduz-nos verdades simples, colhidas de experiências vivenciadas. Quantos relógios você já consertou em sua carreira?!?! Quais deles eram raridades?!?! Pense sempre nessa fábula!!!
Jefferson Santos"
(http://www.administradores.com.br/informe-se/artigos/o-velho-relojoeiro/20760/)
Relojoeiro
* (27/03/1896)
.+ (01/1980 [*])
Pai de Roberto Carlos"
[*] - 27 de janeiro de 1980, de acordo com informação haurida em:
http://mysky.blogs.sapo.pt/3828.html?view=756.
"Meu Querido, Meu Velho, Meu Amigo
Roberto Carlos
Composição: Roberto Carlos e Erasmo CarlosEsses seus cabelos brancos, bonitos, esse olhar cansado, profundo
Me dizendo coisas, num grito, me ensinando tanto do mundo...
E esses passos lentos, de agora, caminhando sempre comigo,
Já correram tanto na vida,
Meu querido, meu velho, meu amigo
Sua vida cheia de histórias e essas rugas marcadas pelo tempo,
Lembranças de antigas vitórias ou lágrimas choradas, ao vento...
Sua voz macia me acalma e me diz muito mais do que eu digo
Me calando fundo na alma
Meu querido, meu velho, meu amigo
Seu passado vive presente nas experiências
Contidas nesse coração, consciente da beleza das coisas da vida.
Seu sorriso franco me anima, seu conselho certo me ensina,
Beijo suas mãos e lhe digo
Meu querido, meu velho, meu amigo
Eu já lhe falei de tudo,
Mas tudo isso é pouco
Diante do que sinto...
Olhando seus cabelos, tão bonitos,
Beijo suas mãos e digo
Meu querido, meu velho, meu amigo"
(http://letras.terra.com.br/roberto-carlos/194987/)
ROBERTO CARLOS - MEU QUERIDO, MEU VELHO, MEU AMIGO
(Mega Concerto 2009) - HD,
Youtube:
http://www.youtube.com/watch?v=HMPb17Gu9T8&feature=related
AOS SENHORES PAIS,
EM SEU NOBRE DIA
14.8.2011 - Vinicius de Moraes escreveu sobre seu pai - Crônica de Vinicius sobre Clodoaldo Moraes. F. A. L. Bittencourt ([email protected])
O dia do meu pai Vinicius de Moraes "Faz hoje nove anos que Clodoaldo Pereira da Silva Moraes, homem pobre mas de ilustre estirpe, desincompatibilizou-se com este mundo. Teve ele, entre outras prebendas encontradas no seu modesto, mas lírico caminho, a de ser meu pai. E como, ao seu tempo, não havia ainda essa engenhosa promoção (para usar do anglicismo tão em voga) de imprensa chamada "O Dia do Papai" (com a calorosa bênção, diga-se, dos comerciantes locais), eu quero, em ocasião, trazer nesta crônica o humilde presente que nunca lhe dei quando menino; não só porque, então, a data não existia, como porque o pouco numerário que eu conseguia, quando em calças curtas, era furtado às suas algibeiras; furtos cuidadosamente planejados e executados cedo de manhã, antes que ele se levantasse para o trabalho, e que não iam nunca além de uma moeda daquelas grandes de quatrocentos réis. Eu tirava um prazer extraordinário dessas incursões ao seu quarto quente de sono, e operava em seus bolsos de olho grudado nele, ouvindo-lhe o doce ronco que era para mim o máximo. Quem nunca teve um pai que ronca não sabe o que é ter pai. Rio de Janeiro, 30.07.1959" (http://www.viniciusdemoraes.com.br/biblio/sec_biblio_view.php?id=704&id_livro=9&back_page=1)
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