"Copacabana", outro artigo de Luiz Ribeiro

Esse texto, por incrível que a opinião possa parecer, é melhor do que a crítica a um filme de Tavarelli, que foi aqui divulgada com merecido destaque. 

 

   

  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

HÁ UMA CIDADE DE COPACABANA NOS ANDES

(Só a foto de senhoras peruanas e menina também vestida com trajes daquela região andina: http://www.rebecaribeiro.com/videos/localvideos/diversos/_thumbs/GR_Andes_2a.jpg)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

PROJETOR REVERE 16 MM  (modelo 48), semelhante aos aparelhos de

projeção cinematográfica que, no Posto Seis (Copacabana, Rio, Brasil), 

o Dr. Arnaud - um fiscal do IVC (Imposto de Vendas e Consignações) da GB -, 

como hobby de fim-de-semana, consertava, como havia feito também 

para o Consulado dos EUA no Estado da Guanabara

(http://picasaweb.google.com/lh/photo/GhgjtsVh5qa__Xbdyybpug)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

J. F. K., que possivelmente foi morto por ordem dos cabeças do 

"complexo industrial-militar" ['COMPLEXO INDUSTRIAL-MILITAR':

EXPRESSÃO QUE FOI USADA PELO EX-PRESIDENTE IKE], com participação

de agentes da CIA e de prepostos de capos da Cosa Nostra (máfia ítalo-americana),

em linha hierarquicamente inferior da trama

(http://www.refletoresdafama.com.br/?m=200808&paged=8)

 

  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O LÍDER NEGRO REV. MARTIN LUTHER KING, JR. E O

PRES. LYNDON BAINES JOHNSON, FOTOGRAFADOS

POR YOICHI OKAMOTO

(http://www.jerryjazzmusician.com/mainHTML.cfm?page=artbeat.html,

onde se lê:

     "Lyndon Johnson and Martin Luther King, 1966 -- LBJ Library/Photo by Yoichi R. Okamoto",

sendo que ao lado da fotografia consta a seguinte citação, no mencionado site:

"A fully functional multiracial society cannot be achieved without a sense of history and open, honest dialogue. - Cornel West")

 

  

 

(http://jeocaz.files.wordpress.com/2008/08/arrependidos1.jpg)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

PIPA DE PANO, modelo "gaivota", QUE HÁ 40 ANOS

ERA VENDIDA NAS AREIAS DO POSTO SEIS,

COPACABANA

(Só a foto, sem a legenda aposta acima:

http://www.redetec.org.br/inventabrasil/pipano.htm)

 

 

 

(http://www.guiadasemana.com.br/Rio_de_Janeiro/Gastronomia/Estabelecimento/Bob_s_Copacabana.aspx?id=83254)

 

 

 (http://olharotempo.blogspot.com/2009/07/rio-antigo.html)

 

 


 
"Painel na Praça Sarah Kubitschek em Copacabana"

http://www.frescobolcopaposto4.blogger.com.br/2008_02_01_archive.html

 

 

 

(http://www.flumignano.com/medicos/PAGINA_RESPOSTA_ENDERECO_MAPA_CARTAO/resposta_cartao_mapa_endereco.htm)

 

 

 


 
 
           

ARTE INSPIRADA EM MOTIVOS INDÍGENAS NO SHOPPING CASSINO ATLÂNTICO

(http://www.ivotici.com.br/)

 

 

 


"PIZZAS - Caravelle
 
 
 
     

Rua Domingos Ferreira, 221 Loja A
Copacabana - Zona Sul - (21)2235-7789 / 2236-7771"

(http://www.guiadasemana.com.br/photos/place/r-rj-caravelle_r.jpg)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

RESTAURANTE (na R. Figueiredo Magalhães, quarteirão da praia)

e BAR (na R. Domingos Ferreira, quase esquina de Figueiredo

Magalhães) ARATACA: GASTRONOMIA AMAZÔNICA EM COPA,

de acordo com sábia recomendação de Cláudia Telles

(Só a foto: http://claudiatelles.festim.net/archives/2005_02.html)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

REQUINTADA MESA DO RESTAURANTE DO HOTEL LE MÉRIDIEN,

COM "cartão-postal" VIVO, AO FUNDO

(http://www.copacabana.info/the-meridien-hotel.html)

 

 

 

The Meridian hotel can be seen as the tallest building on Copacabana beach 

 

 

 

 

 

 

 

A PRAIA MAIS FAMOSA DO BRASIL E DO MUNDO: COPACABANA

(http://www.copacabana.info/the-meridien-hotel.html)

 

 

 

(http://www.movietreasures.com/Astair___Rogers/astair___rogers.html)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

(http://comer-beber-viver.blogspot.com/2008/07/rio-i-cervantes.html)

 

 

 

(http://pleasureisallmine.wordpress.com/2008/11/16/help-vira-museu/)

 

 

 

 

                          À memoria de minha saudosa tia Ruth Castelo de Araujo Lima,

                         que amava o bairro de Copacabana (Rio), ao Dr. Arnaud (inspetor

                         fiscal do Estado da Guanabara, cujo hobby - lucrativo, aliás -

                         era consertar eletroeletrônicos, especialmente projetores americanos de

                         filmes em 16 mm (*)), saudoso colega de profissão de meu pai, de cujo apartamento

                         com impressionante oficina repleta de ferramentas e parafusos NA SALA,

                         por uma janela lateral, era possível ver pombos voando, pipas de pano

                         à venda na areia e as ondas do Posto Seis,

                         muito mais baixas do que as dos outros postos de Copacabana, ao cair de 

                         certas tardes domingueiras - in memoriam - e à sempre muito amável Sra. Arnaud

 

(*) - Atendendo, inclusivamente, às demandas do Consulado dos EUA na Guanabara, de cujo secretário responsável por assuntos administrativos recebeu, como pagamento - mas sem circulação de numerário, uma vez que aqueles fabulosos e lúdicos consertos constituíam ATIVIDADE DE LAZER - de competente revisão técnica de projetores antigos [QUAIS FILMES INFORMATIVOS, DIDÁTICOS, FICCIONAIS, GOVERNAMENTAIS E ATÉ JORNAIS DA TELA - do mundo inteiro? - ASSISTIAM OS REPRESENTANTES NORTE-AMERICANOS, NA RUA MÉXICO, NO CENTRO DO RIO?], o novo REVERE que foi adquirido por Ulysses Bittencourt, ainda na primeira metade dos anos 1960, mais ou menos quando, no Hemisfério Norte, inacreditavelmente assassinaram o presidente estadunidense (JOHN FITZGERALD KENNEDY) em Dallas ou quando, poucos meses depois, AO SUL DO EQUADOR, aconteceu cá uma infeliz quartelada pelo novo presidente de lá (LYNDON BAINES JOHNSON) estimulada, logística e ideologicamente

 

 

 

15.6.2010 - Suaves são os artigos de Luiz Ribeiro  - A idéia de que o artigo hoje transcrito, cujos direitos autorais pertencem ao seu brilhante autor, o Prof. Luiz Ribeiro [OBRIGADO PELA AUTORIZAÇÃO EXPRESSA PARA TRANSCRIÇÃO, L. RIBEIRO!], é MELHOR do que a crítica a um filme de Gianluca Maria Tavarelli (divulgada, com merecido destaque, aqui na Coluna "Recontando...") é mera opinião de cunho pessoal, não tendo pendor, digamos, de máxima universal: a excelência do texto ribeirino anteriormente conferido neste espaço de lúcida, digna e sadia discussão torna questionável a afirmação de que "Copacabana - Uma leitura a partir de G. Deleuze" é MELHOR do que aquela "crítica de sétima arte". Para não irritar os leitores que tanto admiraram o filosoficamente denso ensaio escrito a respeito da arte cinematográfica, digamos, pois, que "Copacabana..." é um artigo TÃO BOM QUANTO aquele. De qualquer forma, "Copacabana..." - que foi escrito em julho de 2006 -, olimpicamente, permanecerá como UM DOS MELHORES ARTIGOS DE LUIZ RIBEIRO. F. A. L. Bittencourt ([email protected])

 

COPACABANA

Uma leitura a partir de G. Deleuze

 

por Luiz Ribeiro

  

 

 

 

 

 

(http://tvg.globo.com/ImageShow/0,,105807,00.jpg)

 

"O filme: Alberto é um fotógrafo às vésperas de completar 90 anos. Seus amigos ruidosos e irreverentes preparam uma festa surpresa, mas Alberto parece subitamente tomado pelo passado. E é de forma lúdica e bem-humorada que ele volta no tempo e revisita importantes fatos profissionais e afetivos de sua longa vida. 

Carla Camurati faz a direção e Jose Tadeu Ribeiro faz as fotografias do filme Copacabana. Marco Nanini desenvolve o personagem Alberto. Este foi deixado ao relento na porta da antiga igrejinha de Copacabana por um desconhecido. Foi encontrado por sacerdotes católicos. Cresceu devoto de nossa senhora e no dia que completou noventa anos, revive histórias que somente a lembrança pode permitir. Alberto cresce com o início do século XX em Copacabana, vivencia um momento único e decide o próprio futuro quando presencia a inauguração do grande hotel carioca, seria fotógrafo quando crescesse.

Alberto se tornou fotógrafo como também um grande jogador dos cassinos permitido naquela época, instalados no Copacabana Palace. Um dos primeiros hotéis da cidade a ser construído à beira-mar, que reflete fielmente a influência cultural européia de sua época com um estilo requintado de hospedagem. Inaugurado em 1923, o hotel acabou se tornando um símbolo do Rio, sendo o preferido de artistas, políticos, executivos e personalidades internacionais e grandes recepções.

Alberto foi um boêmio capaz de viver tudo no seu tempo quando jovem, com uma paixão intensa pelo presente da vida. Solitariamente construiu uma história que exprime a metáfora do Espírito-aranha [1], que atrai as coisas para sua teia, cobre-as com sua baba branca e lentamente as deglute, reduzindo-as à sua própria substância. Apaixonou-se por muitas mulheres e por uma em especial, ouviu humilhações e sentiu o preconceito por ser e pertencer a uma outra classe social, mesmo assim, não deixou de sonhar, fotografar e viver. 'Ande, vamos! Comemore a vida', pensava Alberto.

O Viajante no passado

A tese sobre o movimento da imagem tem o primeiro comentário feito por Bergson, onde o movimento não se confunde com o espaço percorrido. O percorrido é passado, o movimento é presente, é o ato de percorrer. O percorrido é divisível [2]. Alberto percorre na divisível lembrança o que o fez encontrar uma identidade coesa para a própria existência. Talvez, maior que as imagens que o instante fotográfico apreende. Para Alberto, a idéia de imagem está intimamente ligada à idéia de consciência.

Repetindo o que se sabe desde Descartes: uma consciência reflexiva nos entrega dados absolutamente certos, e que para determinar os traços próprios da imagem enquanto imagem é preciso refletir. O que faz realmente envelhecer? É ter nascido em 1925, 1930, 1945, 1958, 1963, 1974, 1983, 1999, 2000, 2010, 2025, 2030, 2050. Qualquer ano dado num tempo cronológico para um corpo será um ponto móvel feito por experiências que encontrarão a própria finalização no destino da existência. Quando a tampa fecha (do caixão), se fecha o ciclo da vida.

 

O homem velho,

Deixa vida e morte para traz

Cabeça prumo e segue rumo e nunca, nunca mais

O grande espelho que è o mundo ousaria refletir os seus sinais

O homem velho è o rei dos animais 

Caetano Veloso 

 

Teremos um corpo saudável no limiar da vida? O problema é deixar de viver. Na vida morrer não é nada, ‘é quase como voltar pra casa’. A morte é mutação do corpo numa reconhecida oposição ao presente que desejamos muito, e por ser intenso o presente não queremos deixá-lo fora do domínio das emoções. Talvez uma das piores crueldades que a natureza imprimiu no ser humano foi retirar as lembranças referenciais das muitas vivencias no breve existir. Quando colidimos com a ausência dessas lembranças que nos situam no tempo, podemos encontrar, por exemplo, o mal de Alzheimer.

Que mal é esse? Nos agride quando deveríamos estar contando pequenas historias para os nossos netos, contemplando aquela criança qualquer que brinca sozinha ou com outras na rua e que a vemos da janela, desejamos, apenas, algumas dezenas de anos a mais para ver e vivenciar a realização dos sonhos dos nossos ascendentes. A perda de memória causa a estes pacientes de Alzheimer um grande desconforto em sua fase inicial e intermediária, já na fase adiantada não apresentam mais condições de perceberem-se doentes, por falha da autocrítica. Não se trata de uma simples falha na memória, mas sim de uma progressiva incapacidade para o trabalho e convívio social, devido a dificuldades para reconhecer pessoas próximas e objetos. Tudo se desloca e não há mais um lugar para interagir com a vida. A doença, também conhecida como demência, afeta todas as funções do cérebro, com reflexo na fala, memória, raciocínio lógico e confusão mental. Um paciente com mal de Alzheimer pergunta a mesma coisa centenas de vezes, mostrando sua incapacidade de fixar algo novo. Palavras são esquecidas, frases são truncadas, muitas permanecendo sem finalização. Estes défices mnésicos agravam-se com a progressão da doença, e são posteriormente acompanhados por défices visuo-espaciais e de linguagem. O início da doença pode muitas vezes dar-se com simples alterações de personalidade, com ideação paranóide [3].

Estar vivo, ter lembranças, afirmativamente, expõe toda subjetividade e referencias porque existimos pelo desejo. Temos nas mitologias a descrição sobre o mistério do nosso surgimento no mundo. É no mito e no culto que tem origem a grande força instintiva da vida civilizada. No núcleo familiar, entre amigos, nos encontros casuais, nos amores vividos, nas dores sentidas, nas inseguranças após escolhas, tentamos cicatrizar nossas feridas na presença do outro – é a vida civilizada. Somos corpos humanos procurando explicar a nossa presença num universo onde temos pouco tempo para nos encantar com a vida – é a consciência da finitude.

Copacabana ficou assim para Alberto. Pode ser objetiva ou subjetiva o encontro com um lugar-referencia, não sendo um lugar qualquer por onde passamos. Ao vivenciar um lugar-referencia quase tudo sobre este lugar pode ser dito. Quando as imagens requisitam um lugar vivido a alguém próximo de completar um século, historias vinda de outrora ilustram um presente. Viajante no passado, com ‘imagens que eu nem sabia que existiam dentro de mim. Era eu criança, eu velho, tempo, tempo, tempo’... refeito com os melhores momentos vividos. Mesmo que seja difícil falar tudo de um só lugar: ai, a gente tenta o possível com o que a memória pode aproximar.

‘Tô fazendo oitenta essa semana’

A presença da morte foi vivenciada quando criança, Alberto viu morrer integrantes da Revolta dos 18 do Forte de Copacabana. Tenentismo foi o nome dado à série de rebeliões de jovens tenentes no início da década de 1920, descontentes com a situação política do Brasil. Foi a primeira revolta do movimento tenentista, no contexto da República Velha brasileira.

Durante a campanha eleitoral de 1921 o jornal Correio da Manhã publicou algumas cartas ofensivas ao Exército Brasileiro e ao marechal Hermes da Fonseca assinadas por Artur Bernardes, candidato do governo à presidência. Mais tarde seria descoberto que essas assinaturas eram fraudulentas. 

Uma conspiração de jovens oficiais decidiu impedir a posse do eleito com o seguinte plano: dia 5 de julho de 1922 os quartéis seriam tomados pelos tenentes, que deporiam o presidente Epitácio Pessoa, e impediriam a posse de Artur Bernardes que o sucederia. No dia marcado, porém, só a Escola Militar e o Forte de Copacabana se levantaram. Cercados pelas forças leais ao governo, não tiveram alternativa a não ser entregar-se.

Saíram do Forte de Copacabana em marcha suicida, caminhando pela praia, apenas dois sobreviveram. Embora não propugnassem nenhuma ideologia, os movimentos políticos-militares, propunham reformas na estrutura de poder do país, entre as quais se destacam o fim do voto de cabresto, a instituição do voto secreto, do voto feminino e a reforma na educação pública. O Tenentismo viveu até quando morreram os seus membros, ou seja, em torno de 1970.

O maior vício de Alberto sempre foi o jogo, ‘apostei muito em mim, sempre na noite e nunca na morte’. Talvez aquela imagem do fuzilamento vista no calçadão de Copacabana o tenha ajudado amadurecer a idéia de que no instante seguinte ao próximo passo, a vida pode ser concluída. Nesse bairro tudo pode ser visto por ser quase tudo permitido. É diferente de todos os outros lugares, construído como um arquétipo da cultura nacional. Rio de Janeiro é quadricentenário, para ele confluíam desejos, volúpias, ambições de todos os lugares com o sonho da cidade maravilhosa. Um cenário foi constituído, expondo um inconsciente reprimido onde prostitutas, travestis, drogadas, destituídas, abandonadas, velhas e velhos, moças e moços, crianças e jovens, crescem passeando e contemplando a mesma paisagem de grandeza e decadência. Assim, crescer nessa cidade é vivenciar um jogo que educa a não permitir que preconceitos apareçam para justificar uma razão para o espírito humano. 

Todo jogo é capaz, a qualquer momento, de absorver inteiramente o jogador. Nunca há um contraste bem nítido entre ele e a seriedade, sendo a inferioridade do jogo sempre reduzida pela superioridade de sua seriedade. Ele se torna seriedade e a seriedade, jogo. É possível ao jogo alcançar extremos de beleza e de perfeição que ultrapassam em muito a seriedade [4]

Na contemporaneidade a mídia afirma a jovialidade com axiomas. A questão não é a liberdade ou a coerção, nem o centralismo ou a descentralização, mas o domínio dos fluxos [5]. Alberto produziu fluxos e os dominou com a intensidade que a vida permite a todo aquele que não quer ser abatido pelo silêncio do tempo. Alberto produziu fluxos e os dominou com a intensidade que a vida permite a todo aquele que não quer ser abatido pelo silêncio do tempo. Para os que passam por todo o reflexo da alma, o que 'não faz a memória viril de um velho'..., reflete alberto. Aproxima lembranças, sonhos e reflexões. Tudo o que resta são sempre lembrança projetando um outro novo lugar que o silêncio não pode revelar.

Lembrar percorre minuciosamente o lugar onde outros corpos estiveram presentes justo no momento em que a própria vida estava produzindo conflitos e fluxos com as idéias de permanência. Unifica o corpo que foi efetivamente abandonado após ser gerado pelo útero da terra, num corpo de mulher. O corpo, terra, mulher, o misterioso surgimento como o próprio aparecimento do humano no mundo.

Dar expressão às suas lembranças e reflexões na vida do nonagésimo aniversariam Alberto e o continuum [6]. Produzindo cartografias, linhas de fuga, intensidades. A presença no mundo. Uma presença poética que ele sempre acreditou ser possível, repleto de realidades diferenciadas quando vividas como uma aposta na escuridão em que cada segundo é conhecido como 'meu futuro'. Jogava e jogava muito, acreditou sempre que 'vivemos entre duas datas: a do nosso nascimento e a da nossa morte e, no meio, uma infinidade de acontecimentos: amores, dores, almas que se entrecruzam'. Enfim, uma vida deve ser um fato objetivo construindo subjetividades.

 

Notas  

1 Sartre, J.-P.  O imaginário.  São Paulo, Ática, 1996.

2 Deleuze. G.  Cinema 1. A imagem-movimento.  São Paulo, Brasiliense, 1985. 

3 http://pt.wikipedia.org/wiki/Mal_de_Alzheimer.

4 Huizinga, J.  Homo Ludens.  São Paulo, Perspectiva, 2004.

5 Deleuze, G.  Mil Platôs  V. 5.  São Paulo, Ed. 34, 2005. 

Continuum de todos os atributos ou gêneros de intensidade sob uma mesma substância, e continuum das intensidades de um certo gênero sob um mesmo tipo ou atributo. Continuum de todas as substâncias em intensidades, mas também de todas as intensidades em substância. Mil Platôs V. 3. Idem.p.15" (LUIZ RIBEIRO, julho de 2006) 

 

 

(http://www.classicmoviemusicals.com/rio7a.jpg)

 

 

 

(http://farm4.static.flickr.com/3090/3183261160_2bcc883688.jpg

 

 

 

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O AUTOR 

Luiz Ribeiro examina um filme de Tavarelli

 

 

 

 

 

 

 

Luiz Ribeiro: Mestre em Educação pela Universidade de Brasília. Escultor, Artista Plástico, Pedagogo, Arte educador. Professor da rede do GDF.

(TEXTO ILUSTRADO PELA COLUNA "Recontando estórias do domínio público"; pesquisa na Web: 14 e 15 de junho de 2010, dia do primeiro jogo da Seleção Brasileira de Futebol na Copa de 2010) 

LEIA O OUTRO ARTIGO DE LUIZ RIBEIRO, neste mesmo ENTRE-TEXTOS:

http://www.dilsonlages.com.br/colunas/recontando-estorias-do-dominio-publico/luiz-ribeiro-examina-um-filme-de-tavarelli,236,3811.html