Sérgio Rodrigues

Durante muito tempo, costumava deitar-me cedo. Às vezes mal apagava a vela, meus olhos se fechavam tão depressa que eu nem tinha tempo de pensar: “Adormeço”.

O começo inesquecível desta semana foi sugerido pelo leitor Rogério Martins. Talvez as linhas iniciais de “No caminho de Swann”, livro lançado em 1913 pelo francês Marcel Proust (1871-1922), não tenham grande impacto em si, mas entraram para a história por marcarem o início de uma aventura literária em sete volumes chamada “Em busca do tempo perdido” – uma das obras fundamentais do século XX. Numa nota aí embaixo, o bibliófilo José Mindlin confessou ter achado “No caminho de Swann” sonífero quando tentou encará-lo pela primeira vez – para, numa nova tentativa, tornar-se um proustiano de carteirinha. A tradução citada aqui é do poeta Mario Quintana, publicada pela Abril Cultural, sob licença da editora Globo, em 1982.