COLOCANDO OS PINGOS NOS IS
Por Cunha e Silva Filho Em: 17/01/2024, às 14H30
COLOCANDO OS PINGOS NOS IS
CUNHA E SILVA FILHO
Qualquer pessoa medianamente consciente da realidade nacional e que seja isenta de part-pris ideológicos e de infernais polarizações ideológicas não aprova comportamento antidemocrático e intransigente de eleitores, que só pode conduzir o país a situações perigosas, visto que a polarização semelha a um jogo de times com torcida fanatizada e acéfala de um lado e de outro, o que retira inapelavelmente todo o prazer do fair play que se esperaria desse “catalizador” de multidões como bem definia o futebol o pensador católico Alceu amoroso Lima mais conhecido como Tristão de Athayde, um dos mais notáveis conhecedores de literatura brasileira e sobretudo da fase do Modernismo, autor de obra vasta e polimorfa em campos do conhecimento humano. Fui um leitor dele fiel durante o tempo em que escreveu para o velho e famoso Jornal do Brasil, popularmente chamado JB.
Mas, é óbvio que, ao definir o futebol com o grande catalizador, o nosso Tristão de Athayde se punha numa posição de mostrar os efeitos positivos individuais e sociais desse esporte como um campo da atividade física digno de respeito, pelo alto valor de entretenimento e de alegria que infunde às multidões de bons torcedores.
Tendo origem inglesa e aristocrática, no Brasil passou a ser um dos mais estimados, senão o mais popular esporte que tem como possibilidade imensa a de reunir e unir famílias apaixonadas pelo futebol, i.e., um tipo de esporte que capta o interesse de geração a geração de torcedores sadios e conscientes da dimensão social que desperta no sentimento do brasileiro e de outros povos do mundo. Por isso, atrai multidão de adeptos que passam a vida defendendo seus times por amor ao esporte em si, aos seus jogadores preferidos.
O acirramento de torcidas mentalmente distorcidas (me perdoe o trocadilho) exprime estados de espírito que vão da alegria à tristeza ou decepção quando o time perde ou é rebaixado para uma categoria inferior. É então que a animosidade ainda se torna mais desmedida e despótica. Neste caso, a animosidade se transmuda em estado de tristeza ou animosidade fanática e cega, que amiúde descamba para as tragédias em decorrência desse mal crônico no futebol, que são as torcidas desorganizadas, nas quais se infiltram até bandidos prontos a fazerem vítimas inocentes durante as partidas dos grandes times em disputas por um campeonato regional ou nacional.
Voltando a aspectos da política brasileira, o que tenho observado é que o país está funcionado sem as amarras explícitas de autoritarismo, embora, nos setores mais vulneráveis ao bem-estar da sociedade, a administração do presidente Lula tem se mostrado muito distante dos reais problemas que nos afligem há tempos, inclusive em propostas que o seu partido tem apresentado à sociedade já cansada de protelações e de verborragia de cunho demagógico. Seu governo começou mal por haver criado 37 ministérios(!) que nos leva a fazer ilações plausíveis: por que tantos ministérios?
Ora, a meu ver, essa atitude do governo federal só serve para aumentar os gastos gigantescos do governo destinados a cada ministério, em resumo, aumentando. neste caso os gastos com altos salários e outros despesas inerentes a cada ministério. Esse gigantismo ministerial serve, sim, a cabides de empregos de apaniguados do petismo. Todo esse dinheiro para cada ministério acarreta somas vultosas ao Erário Público.
Outro grande erro palmar do Sr. Lula foi, em tão pouco tempo de sua gestão, haver viajado demasiadamente, sem necessidade, pois temos representações diplomáticas que bem poderiam dispensar a presença do presidente em certas reuniões de Cúpula. O pior é que são gastos milhões com hospedagens de membros da entourage governamental. Ora, é muito tímida a posição do gverno diante dos gravíssimos problemas nacionais, como a violência extrema e desbragada, assim como em setores vitais ao bem-estar da sociedade, mormente dos menos favorecidos que, hoje, mais do no passado, tem sofrido com os problemas climáticos e suas consequência jamais vistas: as inundações na Baixada Fluminense e no país em geral. a saúde pública. o transportede massa, ainda deixando muito a desejar, a educação pública, a valorização dos professores do ensino nos três níveis: fundamental, médio e superior.
Abrindo um parêntese que aqui se faz necessário: por que a velha cantilena de melhorar a condição dos professores com planos de carreira que não são cumpridos, quer dizer, mesmo que haja planos de carreira com o tempo, os professores recaem no memo ponto inicial dado que a inflação corrói os salários,os quais não são reajustados há, pelo menos uns dez anos. Um aumento que o funcionário público federal teve no ano passado foi pífio, ao passo que os altos escalões do governo estão com salários de marajás, assim como militares das Forças Armadas de alta patente.
Outras discrepâncias ainda podemos apontar nesses comentários . Por exemplo. os planos de saúde que aumentam anualmente por determinação da própria ANS. Ora, se Você é um funcionário público federal, estadual ou municipal não há para você aumento salarial anual. Como, então, dar conta dos aumentos anuais dos Planos de Saúde?
É um contrassenso, uma injustiça e falta de sensibilidade da parte do governo para com os barnabés. Outra falha imperdoável do governo federal: o aumento do custo de vida, sobretudo de itens vitais, como remédios e alimentação. Ora, todos esses custos de itens da vida do consumidor, no caso de serem funcionários públicos, redundam em significativa diminuição do poder de compra de seus vencimentos, porquanto equivalem a uma espécie de confisco salarial.
Um governo que pensa na cidadania evitaria, ao máximo, subestimar tais falhas de gestão pública e até pode prejudicar a sua imagem com perdas de popularidade e, por conseguinte, com prejuízos eleitorais e crescente descrença nos reais propósitos do governo federal. Subestimar os problemas enfrentados pela sociedade, tendo em vista a classe média, e suas variações de níveis, acrescidos os sérios problemas dos despossuídos ainda não alcançados pela administração Lula é um sinal evidente de perda de popularidade e de confiabilidade nas ações do governo petista.
Até em jornais como O Globo com tendências a apoiar o governo atual, temos lido artigos de jornalistas e colunistas de alta visão já fazendo críticas duras ao governo do PT. Assim como na Folha de São Paulo, colunistas de alta magnitude e de visão profunda dos problemas da realidade social e política brasileira como o jornalista Elio Gaspari, tem dado sinais de graves irregularidades e erros na administração Lula, a se ver pelo seu excelente artigo “A ‘casta’ de Pindorma”(Folha de São Paulo, 07 de janeiro de 2024, A10 – Política. Para quem sabe entender os subtextos, o artigo do ilustre colunista vai além do seu denso texto. E é nessa “superfície profunda”(CHOMSKI) onde se aninham as verdades e os podres de um governo.
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