Gado em manga de curral, na fazenda Malhada de Pedras, Município de Sebastião Leal - PI.
Gado em manga de curral, na fazenda Malhada de Pedras, Município de Sebastião Leal - PI.

Reginaldo Miranda[1]

A rigor, o Piauí não participou ativamente dos principais ciclos econômicos que impulsionaram a economia brasileira: pau-brasil, cana-de-açúcar, ouro e café, com exceção para algodão, em que participou timidamente e borracha, em que protagonizou com a cera de carnaúba e a maniçoba.

No tempo da colônia a agricultura piauiense não foi significativa, resumindo a alimentação dos primeiros colonizadores em carne e farinha. Tivemos uma inciativa interessante, embora sem maiores consequências, depois da Independência, com o baiano José Pereira da Silva Mascarenhas, que implementou projeto de agricultura irrigada na fazenda Buritizal, a 15km distante da foz do rio Uruçuí, no Centro-Sul da província. Infelizmente, envolveu-se na revolta da Balaiada e teve de sair às pressas do Piauí, fugindo das autoridades provinciais.  

A colonização do Piauí foi posterior ao que se convencionou chamar ciclo do pau-brasil. De toda sorte, enquanto todos esses ciclos econômicos eram voltados para o mercado externo, visando sustentar a metrópole, nossa economia era secundária, acessória, exclusivamente ancorada na pecuária. Visava sustentar a faixa litorânea da zona da mata canavieira e a região das minas, que iam sendo densamente povoadas. Nosso povoamento foi de forma lenta, rarefeita, como resultado dessa forma de colonização baseada no latifúndio e na criação extensiva do gado, que era alimentado em forrageiras nativas.

A atividade pecuária caracterizou-se pela utilização de mão-de-obra livre, pequeno número de trabalhadores por unidade produtiva, incluindo o branco português, o negro, indígenas e mestiços. Esses trabalhadores eram pagos com as novas crias da fazenda, na proporção de quatro-uma, ou seja, percebiam 25% dos bezerros e bezerras nascidos anualmente, sistema que ainda hoje perdura em algumas regiões. Essa forma de pagamento fazia do vaqueiro, sócio do patrão nos lucros da fazenda, aqui vista como empreendimento rural, tornando-o, em pouco tempo, um pequeno fazendeiro. Esse modelo de colonização proporcionou a efetiva ocupação de espaços geográficos, a colonização do sertão de dentro e a ampliação, de fato, das fronteiras do império lusitano, avançando sobre as terras que, pelos tratados eram de Espanha, mas indígenas pela realidade fática.

Demorou um século e meio para que a ação colonizadora portuguesa alcançasse os vales ribeirinhos do Piauí, terras até então desconhecidas dos sertões de além-São Francisco. Foi somente a necessidade de abastecer a população canavieira que ia se formando na costeira zona da mata, que obrigou a expansão da ação colonizadora pelo sertão adentro, subindo pelas pradarias do rio São Francisco, ultrapassando a cordilheira serrana e descendo pelos vales ribeirinhos até alcançar o rio Parnaíba e os sertões dos pastos bons. Aquela população canavieira precisava alimentar-se, mas o gado não podia ser criado entre os canaviais.

Pode-se dizer que a atividade econômica do império lusitano estava dividida em três degraus, a nós cabendo o mais baixo, verdadeiro quintal ou celeiro da colônia. Assim afirmamos, porque os demais ciclos econômicos que coexistiram e se sucederam, eram voltados para o mercado externo, a metrópole, enquanto o ciclo econômico da pecuária, em que laboramos por todo o tempo da colônia e império, era voltado para o mercado interno, destinado à subsistência. Grosso modo, nós sustentávamos aqueles que sustentavam a metrópole.

De início, o território piauiense foi dado em sesmarias aos quatro principais devassadores: Domingos Afonso Sertão, Julião Afonso Serra, Francisco Dias d’Ávila e Bernardo Pereira Gago, duas duplas de irmãos. Assim permaneceu em condomínio até 22 de julho de 1696, quando esse extenso latifúndio foi dividido em dois condomínios. Mais tarde, depois da morte dos irmãos Afonso, em 29 de outubro de 1718, foi dividida a sua metade entre dois herdeiros, o colégio dos jesuítas e Domingos Jorge Afonso. O patrimônio de todos esses sesmeiros se desintegraria completamente em meados do século XVIII, em meio a contestações de área, posse e domínio, enfim, a confrontos diversos entre posseiros e sesmeiros.

Todo colonizador que chegava ao novo território e se arriscava na fundação de seus currais, era obrigado a comprometer-se através de contrato a pagar aos mesmos, renda de dez mil réis anuais. Esse latifúndio se tornava maior porque as sesmarias não eram demarcadas e aqueles sesmeiros se julgavam donos de toda terra dos vales ribeirinhos. Onde se fundasse fazendas eles reivindicavam com seus títulos o pagamento das rendas anuais. Eram, pois, imprecisos e elásticos os limites de suas sesmarias, enfim, tudo era deles, ainda que seus títulos, assim não lhes garantisse.

O ciclo da pecuária, também chamado do gado ou do couro, conforme se queira, coexistiu com os demais ciclos do período colonial e imperial. Com as aluviões de ouro descobertas nas Minas Gerais, novo mercado se abriu para a pecuária sertaneja. Aliás, a força da pecuária nunca desapareceu da cena piauiense, ainda hoje sendo importante sustentáculo de sua economia. Durante a fase colonial, o gado foi responsável pela ocupação do território piauiense; pela fundação das fazendas, freguesias, vilas e cidades. Mesmo no império e na primeira república, o gado não perdeu sua importância, coexistindo ao lado da exploração da maniçoba, da cera de carnaúba e do babaçu, base econômica do Piauí.

Desde os primórdios, sofreram nossos primeiros criadores com o transporte das boiadas para as distantes feiras da faixa litorânea. O gado transportava-se a si próprio, sendo tocado anualmente em imensas boiadas. Marcha lenta por estradas íngremes e longínquas, embora ostentassem o pomposo título de estradas reais. Era dura a marcha dos comboios de gado, cujas reses chegavam ao destino, magras, estropiadas e famintas. Grande parte morria de fome e sede ou perdia-se no caminho, nos famosos “espantos” ou “estouro da boiada”, de que existem páginas antológicas em nossa literatura. Encontramos registros de queixas de boiadeiros e de medidas punitivas contra fazendeiros desonestos, que se punham no caminho a misturar seu gado ou cavalaria com o de nossos tropeiros, provocando espantos intencionais para lhes sobrar alguns animais perdidos. Para amenizar a situação, existem casos de aberturas de açudes manuais, construções de mangas de currais e aquisições de terrenos no caminho, para descanso da boiada. De fato, eram enormes os prejuízos e o rebanho muito se desvalorizava durante a jornada.

 

No entanto, a partir de 1770, por inciativa de João Paulo Diniz, da Companhia Geral de Comércio do Grão-Pará e Maranhão, foi tomada interessante medida para sanar essas dificuldades. Fundada a primeira indústria de charque do Piauí e do Brasil. Desde então, entrou o Piauí em sua fase industrial, exportando não mais boi em pé, mas couro e carne seca ou do sol. Essa feliz iniciativa, representa um diferencial nesse ciclo econômico da pecuária piauiense.

Para isto, adquiriu terras, estabeleceu fazendas, montou açougues e levantou oficinas de carnes secas, na foz do rio Balsas. Para aquelas charqueadas, sob suas ordens, os vaqueiros tocavam as boiadas de gado curraleiro ou pé-duro. Sendo ali abatidas, evitavam os constantes prejuízos advindos da longa jornada, por terra até o litoral, por mais de oitenta léguas. As carnes, depois de retalhadas e salgadas, juntamente com os couros, desciam pelas águas serenas do rio Parnaíba, em balsas de talo de buriti. Chegando ao Porto das Barcas, em Parnaíba, eram mudadas para sumacas e seguiam em navegação costeira, até o Pará. Foi, até então o gesto mais significativo de industrialização no Piauí. Diniz é o nosso primeiro industrial, um homem de visão que fez a diferença naquela época. No entanto, enfrentou dificuldades criadas pelo senado da câmara da nascente vila de São João da Parnaíba. Sob ameaça de prisão, obteve salvo-conduto do general do Estado para continuar com sua indústria e comércio.

Esse ato pioneiro foi continuado, a partir de 1773, pelo industrial Domingos Dias da Silva, magnata que dominou o comércio de carne não somente no Piauí, mas em todo o Estado Colonial do Maranhão, cujo monopólio levou preocupações ao governo do capitão-general Fernando Antônio de Noronha. João Paulo Diniz foi o introdutor da indústria de charque no Piauí e Domingos Dias da Silva, o consolidador e maior expressão dessa indústria e comércio. Teve grossa fortuna, manejando seu comércio em cinco navios, sendo três na exportação de carnes e dois que navegavam diretamente para as cidades de Lisboa e Porto. A partir de 1779, arrostando todas as dificuldades, inclusive a falta de alfândega, deu início à navegação de alto mar, fazendo comércio diretamente com a metrópole. Os navios levavam carnes e traziam sal, além de mercadorias e utensílios. Era um novo ciclo de comércio que se iniciava. Esse empreendedor “faleceu em 1793, deixando grande estabelecimento de charque e colossal fortuna”, disse seu contraparente José Francisco de Miranda Osório. Essa indústria de charque demorou até o ano de 1827, quando foi abandonada pelo filho Simplício Dias da Silva, que faleceria dois anos depois. Porém, representa um importante marco na vida econômica do Piauí, as únicas indústrias existentes no período colonial até início do império.

 

Durante a segunda metade do século XIX, as fazendas do Real Fisco, Fazendas Nacionais, depois estaduais, foram utilizadas por dois ilustres piauienses para promoverem o desenvolvimento da então província do Piauí. O primeiro projeto foi executado pelo primeiro engenheiro agrônomo de nossa província, Francisco Parentes, natural de Barras e formado na Escola de Agricultura de Grand Joyan, na França, em 19 de junho de 1871, com 32 anos de idade. De retorno ao País, concebeu a ideia, fez estudos, elaborou projetos e fundou na margem direita do rio Parnaíba, a soldo do Ministério da Agricultura, o Estabelecimento Rural São Pedro de Alcântara, em 10 de agosto de 1874[2]. Compreendia as fazendas denominadas Guaribas, Serrinhas, Matos, Algodões e Olho d’Água, todas do departamento de Nazaré.

O objetivo dessa colônia agrícola, grosso modo, era empregar os libertos que fossem aptos para o trabalho, socorrendo com alimento, vestuário e habitação, os que fossem inválidos, educando-os moral e religiosamente; também, aos filhos desses libertos, educá-los física, moral e religiosamente, dando-lhes uma profissão, com a vantagem imediata de desonerar o Estado das despesas com a manutenção das fazendas, que pouco produziam. Por outro lado, visava facilitar o emprego de libertos e a educação de seus filhos, no contexto da Lei do Ventre Livre, que libertara os nascituros. Era um projeto singular, extraordinário e com ampla visão social. Existiam no Piauí 24 fazendas do Real Fisco, com excelentes terras, abundância de gado, nelas morando perto de 800 negros libertos, inclusive 300 menores e cerca de 100 inválidos.

Era, portanto, campo propício à ação governamental, onde atuou positivamente o Agrônomo Parentes. Obrigou-se a contratar pessoal qualificado para auxiliá-lo; construir currais, cercados e estábulos apropriados para o melhoramento e aperfeiçoamento das raças de gado; formar açudes e prados artificiais, fazendo aplicação do sistema de cruzamento ou de seleção, segundo a espécie de gado e os resultados de um ou de outro sistema; estabelecer lavouras de algodão, de cana-de-açúcar, de cereais e quaisquer outras que fossem próprias do clima e do solo; fábricas de queijos e de sabão, charqueadas e curtumes em que se empregassem os processos mais aperfeiçoados e compatíveis com os recursos do estabelecimento; construir prédio de residência, casa de oração, enfermaria, aula, cemitério, edifícios com proporções para as fábricas e curtumes, para depósitos, para engenho de açúcar e suas dependências; para prensa e descaroço do algodão e para quartel das praças encarregadas da polícia do estabelecimento e fazendas de gado, devendo também preparar um campo para estudos agronômicos.

Infelizmente, esse idealista faleceu antes de ver seu sonho completamente realizado, em 16 de junho de 1876. A conclusão e instalação das obras foi continuada por seu auxiliar, Juvêncio Tavares Sarmento da Silva. Em seguida, houve a tentativa infrutífera de transformá-lo em instituto de zootecnia. Em verdade, com a morte de seu idealizador não foi efetivado, na prática, o grande projeto de redenção dos libertos na província do Piauí. Tivesse sido concluído com o sucesso do planejamento, poderia ter mudado a estrutura social do centro-sul do Piauí, educando e qualificando exatamente o segmento mais pobre da população: negros recém libertos da escravidão. Porém, a estrutura física e social perdurou, sendo hoje a bela cidade de Floriano. A Escola Agrônomo Parentes, que ali funciona é um testemunho da reverência daquele povo ao fundador da cidade. Enquanto soar o nome desta cidade também soará o nome do Agrônomo Francisco Parentes, o pioneiro de sua profissão em terras mafrenses.

 

A outra iniciativa de monta implementada no final daquele século, foi projeto de outro denodado piauiense, Antônio José de Sampaio, engenheiro industrial pela Escola Politécnica Federal de Zurich e doutor em Ciências Físicas e Naturais pela mesma instituição de ensino, concluindo sua formação acadêmica em 1881.

De retorno ao Piauí, no ano seguinte tentou sensibilizar os criadores do termo de Campo Maior, inclusive muitos de seus familiares, para a pecuária de leite, não obtendo, porém, êxito. Voltara inspirado pelo sucesso dos lacticínios suíços e flamengos, que os conhecera durante os anos de estudo na Europa.

Em seguida, fixa-se como professor na cidade do Rio de Janeiro. No entanto, em 26 de abril de 1889, celebrou importante contrato de arrendamento com o governo imperial, para gerir as aludidas Fazendas Nacionais, pelo prazo de nove anos. Com a proclamação da República, sofreu diversos reveses que culminaram com a rescisão do contrato em 9 de abril de 1891. Com a ascensão de Floriano Peixoto, teve restituídos seus direitos em 1893. Foi o passo necessário para realizar seu sonho de implantar uma indústria pastoril no Piauí.

Entre os compromissos assumidos nas cláusulas contratuais estava o de manter o Estabelecimento Rural S. Pedro de Alcântara, que fora fundado pelo agrônomo Parentes; e com a mesma finalidade de acolher libertos menores e dar-lhes instrução primária, artística, industrial e zootécnica, assumindo as despesas com pessoal. Também, o de fundar colônias com nacionais e, no mínimo, a metade de estrangeiros.

Deveria ainda criar e manter, à sua custa, uma estação meteorológica; desenvolver em grande escala a criação de gado lanígero e introduzir nas ditas fazendas melhoramento genético, com melhores raças de gado vacum, lanígero, cavalar e muar; fazer aquisição de maquinaria moderna para fabricar manteiga, queijo, leite condensado e outros produtos dentro dos mais modernos padrões, trazendo da Europa pessoal qualificado; montar frigorífico e contratar pessoal para abater gado e preparar a carne seca e mais produtos congêneres, logo que se fizesse necessário; desenvolver a lavoura de cereais, sobretudo de cacau e de cultivo do bicho da seda; montagem de fábrica de gelo – sistema Linde, utilizando amoníaco e bomba a vapor, para refrigerar e conservar o produto; funilaria, serraria circular e vertical, etc..

De fato, para desobrigar-se do compromisso assumido retorna à Europa, adquirindo em Hamburgo, na Alemanha, modernos equipamentos, nos moldes dos que usavam as mais modernas indústrias da Europa. Foi uma verdadeira odisseia para levá-los até o sertão de Campinas, na região de Oeiras, que elegeu por sede de suas atividades. Eram equipamentos enormes, pesadíssimos, tendo de colocá-los em barcaças e enfrentar a correnteza do rio Parnaíba até o porto fluvial do Estabelecimento Rural São Pedro de Alcântara, hoje cidade de Floriano. Dali, teve de transportá-los em carros de bois, abrindo estradas, quebrando morros, construindo ponte sobre o rio Itaueira e pontilhões em outros córregos, para arrastá-los com inúmeras juntas de bois, às vezes forrando o solo com couro de animais, aumentando, assim, as despesas e causando retardamento. Foi um hercúleo trabalho de pioneiro empreendedor, que só os altos espíritos são capazes de concebê-lo e executá-lo, arrostando as dificuldades sem se deixar intimidar. Para isso, contou com a colaboração de seu colega engenheiro, o alemão Alfredo Modrack e de outros importantes auxiliares. Haveria a instalação de funilaria, serraria e aparelhos de uma estação meteorológica.

Por fim, em 9 de abril de 1897, foi inaugurada a sonhada fábrica de lacticínios do Piauí, a primeira do nordeste e a segunda do Brasil, guarnecida com o que havia de mais moderno no mundo. Na palavra de Luiz Mendes Ribeiro Gonçalves – “os edifícios se levantam, a água é captada e distribuída, as instalações se executam. As máquinas são postas em funcionamento, quebrando a monotonia daquelas paragens onde, antes, só o vento açoitava as folhas. A chaminé a atirar para o alto o seu penacho de fumaça, o vapor da caldeira a fazer vibrar o apito estridente a horas certas, a labuta dos currais, a atividade dos técnicos e auxiliares nas oficinas eram sinais de uma vida diferente que nascia rumorosa e promissora” (GONÇALVES, L. M. R. Brasília: 1980:244).

Porém, o gado leiteiro trazido da Europa enfrentou a grandiosa seca de 1900, causando-lhe sérios prejuízos. Em nossas pesquisas, tivemos notícias de quatro novilhos da raça simental, por ele trazidos da Europa. Foi a primeira importação de gado dessa raça para o Brasil, antecedendo a da Secretaria de Estado da Agricultura de São Paulo, que somente ocorreria em 1904. É provável, que, de seu cruzamento com o gado pé-duro tenha originado um tipo “cara branca”, muito bem identificado na velha pecuária piauiense.

Também, Sampaio foi perseguido pela classe política piauiense, sendo ilegalmente rescindido seu contrato, cinco ou seis anos depois. Inquebrantável como era, ao falecer em 15 de abril de 1906, com apenas 49 anos de idade, tramitava na Assembleia Legislativa do Estado, um pedido de autorização para montar um frigorífico no Piauí. Talvez, tenha percebido que nosso gado rústico e a pastagem nativa de nossos sertões era propícia para a pecuária de corte e não pecuária de leite.

 

 

Em 1887, Mariano Gil Castelo Branco, o Barão de Castelo Branco, fez parte de uma comissão encarregada de estudar a implantação de uma indústria de charque no Piauí, que, infelizmente não teve execução. No entanto, em princípio do século seguinte iria executar em sociedade com o filho Heitor Castelo Branco, um arrojado comércio de gado, fundando a sociedade Castelo & Cia, para engorda e comércio de gado bovino. Para isto, adquiriu uma fazenda denominada Gurupatuba, na ilha de Marajó, no Pará, para onde enviava via marítima, pelo porto de Tutóia, no Maranhão, os rebanhos criados e/ou adquiridos no Piauí. Depois de engordados naquela fazenda eram vendidos no comércio de Belém, proporcionado relativa fortuna aos sócios-empresários, assim projetando seu filho na vida pública paraense, onde ocupou diversos cargos de destaque.

Ficam esses registros como memória do ciclo da pecuária nos sertões de dentro.

 


[1] Advogado e escritor. Membro da APL e do IHGPI. Conferência proferida em 23.8.2022, às 14h, no Gran Hotel Arrey, cidade de Teresina, organizada pela Secretaria de Estado do Planejamento – SEPLAN-PI, subordinada ao tema Ciclos de Desenvolvimento do Piauí, como parte do seminário Piauí: Planejamento e Desenvolvimento Territorial.

[2] O Estabelecimento Rural São Pedro de Alcântara foi oficialmente criado pelo decreto imperial n.º 5.392, de 10 de setembro de 1873.