Se possível, não perca, é um ótimo filme. Sempre vi, desde criança, na biografia e na obra do médico Ernesto Che Guevara um grande bodhisatva. E antes que alguém estranhe é bom esclarecer que teologicamente e budologicamente existem os “bodhisatvas irados”. Que apesar da aparência agem com compaixão.
No início fiquei meio desconfiado, era uma produção norte-americana, mas lendo a crítica do filme no portal www.vermelho.org.br gostei e então fui. Diga-se de passagem que os atores estão de parabéns, produção e direção também.
Há alguns momentos edificantes: o comandante Che em visita oficial à ONU, em Nova York, em memorável entrevista afirma: o que move um revolucionário “é o amor por toda a humanidade”.
Em outro momento, quando os guerrilheiros chegam em um povoado e são aclamados pelo povo, uma senhora entrega ao Che a miniatura da Virgem, isto é, Nossa Senhora, e a mulher diz: “ela vai te ajudar”. Ele sorri, agradece e guarda no bolso da farda, no lado do coração. Ajudou... pois ganharam a revolução.
Por fim, já no final, rumando para Havana em comboio, Che vai num jipe e é cortado por outros colegas em um cadilac rabo de peixe, um carrão de antigamente. O comandante ordena, o motorista do jipe acelera e fazem o cadilac parar. Che pergunta onde eles conseguiram o carrão, os jovens explicam que tinham pego na cidadezinha que acabaram de tomar.
Che manda eles voltarem, devolverem o automóvel, pedirem desculpa e seguirem para a capital em um jipe militar, mas de preferência a pé.
Che é um exemplo de dignidade e integridade para todo o planeta !
Esta ultima cena me fez lembrar do livro Buda ou Desapego, de Perry Garfinkel, editora Rocco, onde à página 204, o autor citando Mao Tsé Tung escreve as recomendações do velho timoneiro: “Não tirar uma única agulha ou fio de linha das massas”.
Eis aí uma boa sugestão para todos aqueles, em qualquer parte do mundo, que lidam com a coisa pública.