Rio de Janeiro, 8, fevereiro, 2019.

 

 

 

                 Meu amigo Cineas:

 

                 Acabei de ler seu “O Aldeão Lírico”.

 

                 Pois é, “Quem acha o que não perdeu não é dono”. Quanta sabedoria tinha a Dona Purcina! Quanto ensinamento contido nesse enunciado! Aparentemente simples, mas de intensa profundidade.

 

                Filho seu jamais cairia em tentação – como de fato você não caiu. Por duas vezes foi tentado, por duas vezes sentiu o cheiro do “enxofre” e por duas vezes cortou as tentativas pela raiz.  Deve ter havido outras ao longo do seu caminho, sempre com resultados idênticos. Afinal, firmeza de caráter vem de sangue, está no DNA.

 

              E mais: filho de Dona Purcina e do pragmático e destemido Liberato, nasceu predestinado a vencer. E você provou isso ao deixar o distante sertão de Caracol para desembarcar na Praça Saraiva. Sozinho, sem parente, sem amigo, sem dinheiro, ganhou a Cidade Verde quando ela ainda era verde. À custa de muito esforço, persistência e coragem.  A você bem se encaixa a frase atribuída ao grande imperador romano Júlio César: “Veni, vidi, vici”  (Vim, vi e venci).

 

              “O Aldeão Lírico” – e que beleza de título - é um livro de memórias. Mas, sem saudosismo, pieguismo e amargura.  Escrito por um sertanejo autêntico, generoso e franco, que cultua a amizade e se enternece diante do pé de um ipê. Alicerçado em crônicas, à guisa de 112 capítulos, narradas com originalidade e maestria de quem domina esse gênero literário. Algumas comoventes, tal qual “Lembranças do garoto que matei”. Outras líricas, como “A Noiva Sertaneja”. Mas todas perfeitas, pinceladas de ironia e unidas pela temática.      

                        

           Mestre Cineas Santos, “O Aldeão Lírico” é um belo livro. E que, sem dúvida alguma, vai ficar.   

 

          Meus parabéns.

 

 

                                                     José Ribamar Garcia