[Flávio Bittencourt]

Boletim Quinzenal da Associação RECORTE, Ano I, nº 11

Associação de estudos de Comunicação e Semiótica, cidade Formosa/GO - Segunda quinzena de agosto de 2013.

 

 

 

 

 

 

13.8.2013 -    F.

 


BOLETIM DA ASSOCIAÇÃO RECORTE / CIDADE DE FORMOSA / GOIÁS / BRASIL, ANO I, Nº 11 - PERIODICIDADE: QUINZENAL - 2ª quinzena de AGOSTO de 2013, 13.8.2013 - Editor responsável: Cláudio Ramalho / e-mail: [email protected], endereço: R. 1, Cs. 952, Pq. Laranjeiras, 73.805-610 - Formosa-GO, Brasil - Editor da RECORTE (Revista anual de Teoria da Literatura, Comunicação e Semiótica): Rogel Samuel - Redator: Cláudio Ramalho - Revisor e copidesque: Flávio Bittencourt - Orientador editorial (in memoriam): Reynaldo Jardim - Diretor Honorário da Associação Recorte de Comunicação, Media e Semiótica: Umberto Eco. 

Sócios-correspondentes da Associação Recorte:

Varsóvia (Polônia): Jerzy Pelc

Helsínque (Finlândia): Eero Tarasti

Paris (França): Rafael Mário Hime

Perpignan (França) [in memoriam]: Gérard Deledalle

Lafayette, Indiana (EUA): Floyd Merrell

Brasília/início Asa N: Cleber José Coimbra
 
Brasília/meio Asa N: Adrino Aragão

Brasília/ponta Asa N: Herondes Cezar

Brasília/início Asa S: Athos Cardoso

Brasília/ponta Asa S: Sandro Machado

Brasília (in memoriam): Profª. Regina (SQN 216 [Dona Helena, pseudônimo literário])

Brasília/Condomínios do Lago (SHDB): Sílvio Rocha

Sobradinho/DF: Geraldo Lima

Teresina: Dílson Lages Monteiro

Fortaleza: Jorge Tufic

Recife: Eduardo Henrique Accioly Campos

Manaus: Jair Jaqmont Cantanhede

Boa Vista:  Maurício Zouein

Campos dos Goytacases: Frederico Schwerin Secco

Rio de Janeiro/Copacabana: Frank Fragoso Willye

Rio de Janeiro/Urca: Rogel Samuel

Rio de Janeiro/Vila Isabel: Luiz Cesar Saraiva Feijó

Rio de Janeiro/Tijuca: Miguel Carqueija 

São Paulo: Norval Baitello Júnior
 
Agradecimento: Este Boletim não poderia ter sido produzido sem o apoio logístico de Mais Diesel Ltda., uma empresa de venda de autopeças e acessórios para veículos automotivos (Rodovia BR-020, Formosa, estado de Goiás, Brasil). C. Ramalho
 
 
 
 
REVISTA RECORTE / EDIÇÃO ELETRÔNICA - 2014
O SEU ARTIGO DEVE SER MANDADO, POR FAVOR,
AOS CUIDADOS DE CLÁUDIO RAMALHO, PARA:
(até 28.2.2014; os nomes dos integrantes
do CONSELHO EDITORIAL da RECORTE / 2014 serão
informados em JAN / 2014 [membros com nomes confirmados:
Luiz Veríssimo, PhD, Flávio Bittencourt, MSc; Athos Cardoso, MSc,
Frank Willye, Bel. em Design; Karol Mello, MSc], editor: Rogel Samuel, PhD,
secretário: Cláudio Ramalho, editor honorário: Gillo Dorfles; Diretor Honorário
da Assoc. RECORTE de Comunic. e Semiótica: Umberto Eco; Diretor Perpétuo:
Décio Pignatari [1927 -2012])
 
 
 
 
 

  

 
 
 
 
Centennial Congress
Posted on June 30, 2013 by priborges
Peirce 2014
2nd Call for Papers, Short Contributions and Posters
The Charles S. Peirce 2014 International Centennial Congress
The Charles S. Peirce Society and the Peirce Foundation invite the submission of new papers, short contributions, and posters for the Charles S. Peirce International Centennial Congress, to be held at the University of Massachusetts Lowell (July 16-19, 2014).
The theme of the Congress is Invigorating Philosophy for the 21st Century. The aim of this conference is to advance scholarship on all aspects of Peirce’s philosophy and biography, and on the influence and contemporary relevance of his thought. Interdisciplinary submissions, and contributions from researchers in disciplines other than philosophy, are welcome.
Confirmed plenary speakers include: Douglas Anderson, Vincent Colapietro, Susan Haack, Christopher Hookway, Nathan Houser, Ivo Ibri, Cheryl Misak, Nicholas Rescher, Claudine Tiercelin, and Fernando Zalamea.
Deadline for paper, short contribution, and poster submissions: September 1, 2013.
Complete submission guidelines: http://peirce-foundation.org/2014cfp.html
 
 
 
"Ivo Assad Ibri
1. Perspectivas teóricas
Concentra-se no estudo da Semiótica e do Pragmatismo de Charles S. Peirce como bases teóricas para a epistemologia da comunicação, a saber, entendendo-se o fenômeno da comunicação como um intercâmbio de signos cuja significação manifesta-se na conduta humana. A conduta ou o modo como se dispõe a agir é expressão existencial do pensamento e esta relação pragmática entre os mundos externo e interno é fundamentalmente semiótico-comunicativa.
1.1. Autores
Trabalho basicamente centrado na obra de Peirce, seus comentaristas, e suas raízes na história do pensamento ocidental, a exemplo do idealismo e romantismo alemães.
2. Temáticas
Epistemologia da comunicação;
Heurística em geral: fundamentos comunicativos da criação e invenção;
3. Objetos de estudo
 As Ciências como sistemas comunicativos – o intercâmbio de signos entre objeto e pensamento. O fenômeno da descoberta como inteligir comunicativo. 
 As Artes como sistemas comunicativos – o intercâmbio de signos no universo do possível. O fenômeno da invenção visto pela sua ontologia. É a arte semioticamente cognitiva?",http://www4.pucsp.br/cos/docentes/ivo_assad.html]
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

 

 

 

INFORMAÇÕES SOBRE O VI CONGRESSO:

"ConLaCol, que será realizado na UnU Formosa, recebe inscrições [A CHAMADA PARA APRESENTAÇÃO DE PAPERS JÁ SE ENCERROU, COMO A SEGUIR SE PODE CONSTATAR] 


Já estão abertas as inscrições para participação e envio de trabalhos para o VI Congresso Latino-Americano de Compreensão Leitora (ConLaCol), que ocorrerá entre os dias 4 e 6 de setembro na Unidade Universitária da UEG de Formosa. O tema desta edição é “Ler Para Produzir mais Cultura – O Cerrado Vive em Mim”. Segundo a organização, o evento tem por objetivo realizar a difusão da cultura latino-americana, o compartilhamento de saberes, a promoção da leitura e da literatura.

As inscrições para participação de ouvintes no ConLaCol vão até 31 de julho, já para os interessados em expor trabalho no Congresso, as inscrições vão até 1º de agosto. Para ambos os casos, os interessados devem encaminhar e-mail para o endereço eletrônico [email protected]

O participante deverá enviar em sua ficha de inscrição dados como o nome completo, CPF, e-mail, instituição a que está vinculado, e para quem deseja apresentar trabalho, a modalidade do projeto a ser apresentado (pôster, comunicação em simpósio e/ou ouvinte). 

O Congresso é destinado a quem atua com a cultura, leitura, literatura, produção de textos e a compreensão leitora nas mais distintas áreas do conhecimento. É esperada a participação de professores, pesquisadores, bibliotecários, dinamizadores e estudantes de várias disciplinas e modalidades de ensino de Formosa, Goiás, do Brasil e países estrangeiros.

Dúvidas ou mais informações sobre as regras para apresentação e o encaminhamento do trabalhos ou resumos podem ser encaminhadas para os endereços eletrônicos [email protected], [email protected] e, ainda, através do telefone do Comitê Organizador: (61) 9909 1111. 

Notícia publicada em 13/05/2013"

(http://www.cgri.ueg.br/noticia/14027)

 

 

 

 

OUTROS DADOS SOBRE O MESMO EVENTO CIENTÍFICO-UNIVERSITÁRIO:

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

sexta-feira, 19 de abril de 2013

VI Congresso Latino-Americano de Compressão Leitora acontecerá em Formosa/GO, de 4 a 6 de setembro

 


De 4 a 6 de setembro acontece o VI Congresso Latino-Americano de Compressão Leitora em Formosa/GO. As inscrições e orientações para inscrições podem ser feitas pelo e-mail: 
[email protected] de 15/04/2013 a 31/07/2013.

Para envio de resumos as datas são:
15/04/2013 a 30/06/2013

Valores:
Estudantes (sem apresentação de trabalho): R$30,00
Estudantes (com apresentação de pôsteres): R$40,00
Professores, Especialistas, Dinamizadores, Pesquisadores (sem apresentação): R$60,00
Professores, Especialistas, Dinamizadores, Pesquisadores (com apresentação): R$80,00
Mestres, Doutores e Pós-Doutores: R$100,00
Participantes estrangeiros: USD 100,00



No credenciamento, dia 04/09/2013/ às 09h, o candidato inscrito e com taxa de inscrição paga receberá:
1- Ecobag,
2- Camiseta do VI ConLaCol,
3- Pasta com papéis e caneta,
4- Programação, resumos das Conferências e palestras dos simpósios,
5- Crachá de identificação.

Haverá as seguintes modalidades de apresentação de trabalho:

1- Pôsteres (para estudantes de nível médio e graduandos);

2- Oficinas;

3- Comunicação em Simpósio (para pesquisadores, professores graduados ou não, especialistas, mestres, doutores e pós-doutores).

Para a Comunicação em Simpósio, cada participante poderá apresentar, no máximo, dois trabalhos. Os trabalhos podem ser apresentados em coautoria.

O pagamento da inscrição deverá ser feito via depósito na conta: 
Agência 0377-8
Conta Corrente 43390-X

Após o depósito, o participante deverá enviar para o e-mail do VI ConLaCoL cópia do comprovante da inscrição.

Em caso de transferência bancária não é necessário enviar a cópia de comprovante de inscrição.

O Comitê Organizador será isento da taxa de inscrição, mas deverá fazer sua inscrição, bem como remeter seu trabalho escrito para o endereço: [email protected]

As inscrições serão realizadas somente pelo e-mail do VI ConLaCoL - VI Congresso Latino-Americano de Compreensão Leitora - Jaime Cerrón Palomino: [email protected]

Da mesma forma, os resumos dos trabalhos a serem apresentados deverão ser remetidos ao VI ConLaCoL por este endereço eletrônico.

Os resumos de trabalho enviados serão avaliados e receberão o aviso de aceite até 20 (vinte) dias após remessa ao [email protected].

A data máxima para retorno do aceite, pelo Comitê Organizador, será 01/08/2013.

Participantes estrangeiros poderão efetuar o pagamento das inscrições no dia do evento. Entretanto, os prazos para inscrição, o envio de resumos e do artigo devem ser obedecidos.

A participação no evento, apresentação de trabalho e recebimento de certificado estão condicionados ao pagamento da respectiva taxa de inscrição.

Eventuais dúvidas poderão ser esclarecidas através do e-mail: [email protected] [email protected] e, ainda, através do telefone do Comitê Organizador:
0 55 61 9909 1111.

http://culturamidiaeducacao.blogspot.com.br/2013/04/vi-congresso-latino-americano-de.html

 

 

 

 

 

ARTIGO -

"O peso das palavras" (2005),

por Michel Déguy

M DEGUY   -   PÁG ___ 35-38

 

=== em revisão da digitação===

 

@@@@@@@@@@@@@@

 

Nenhuma 'fórmula mágica' opera à distância sobre aquilo que se
chama realidade. As palavras n
ão têm poder direto sobre as coisas.
A fé não remove imediatament
e montanhas; um poema não é um
abracadabra que derruba muralhas de pedra.

 

As palavras (isto é, as frases, o discurso, a linguagem) têm poder
sobre os homens, podem mu
dar convicções e, assim, os fins e as
maneiras de agir. Uma 'conv
ersão' pode transformar a vontade e pro-
vocar ações, que produzem
efeito. Durante muito tempo, a retórica
foi chamada
arte de persuadir. Minhas creas modificadas procuram
meios de agir com eficácia pa
ra 'realizar' meus objetivos: o método é
a grande preocupação da int
eligência.

 

Nessa perspectiva, o poder é sempre poder das palavras. Ter o poder
(entendido agora como coisa
e esfera da política) consiste, em última
análise, em
ser obedecido. O centurião do evangelho sabe disso e
relembra: quando digo a meu s
erviçal "Vá!", ele vai; e "Venha!", ele vem.
Etienne La Boétie eternizou o esp
anto no seu famoso Discurso da servidão
voluntária:
como se pode obedecer a esse ponto? A ordem (da paz civil)

. repousa sobre a ordem (do mando).

 

Eis porque durante tanto tempo, de Demóstenes a Lênin, de Cícero a Zola
ou Jaures, a
eloqüência foi admirada, analisada, cultivada como um dos
ingredientes fundamentais da tomada e manutenção do poder.

 

Duas figuras, dois tipos, arcaicos e modernos ao mesmo tempo - uma cons-
tante através das variações da Hist
ória ., representam duas modalidade prin-
cipais: o conselheiro do príncipe, s
ábio ou louco, e o 'intelectual', advogado


capaz de mobilizar uma multidão. O conselheiro, cara a cara no segredo de
gabinete, "esclarece o spota". O 'intelectual' não se dirige apenas ao chefe,
ma
s a uma coletividade, uma multidão, nesse ou naquele momento. Ele
pode 'mudar a opinião', provocar movimentos 'de massa', esperados ou temi-
dos, a favor ou contra o poder'. Convém lembrar que esta foi a expressão
usada como título por um intelectual francês da 111 República, o filósofo
Alain, hoje esquecido, para se apresentar como cidadão. Paradoxalmente,
portanto, por ser dicil de ser ao mesmo tempo conselheiro do príncipe
(o que ele era) e agitador da opin ião.

Em que se transformou essa cena, esse cenário, essa dramaturgia da
política, teatro e regras da ação? Mudanças prodigiosas, até mesmo
difíceis de situar e analisar, afetaram o conjunto, e, digamos, o todo do
estar-juntos em sociedade. Pode-se designar de 'silêncio dos intelectuais'
a r
esultante dessa transformação completa.

Qual?

Não há mais arena. O lugar da política tâqora ou recinto, reunião ou
as
sembléia para a deliberação, ocasião de discurso, meetinq, sda de
f
ábrica, greve, manifestão, circulação de jornais inteligentes ... )
m
etamorfoseou-se. Chamemos de media a nova cena, a nova causa
mat
erialis da política: lugar utópico, ubíquo, 'imaterial', é a telinha
que é a cena. Ora, a tela é doméstica, privada! A separação fundamental
(Aristóteles) do priv
ado iidiotia grega) e do público (o espo do comum)
des
apareceu. O pOIlO foi substituído pelas 'pessoas' (as 'verdadeiras
pesso
as' como se diz às vezes na televio francesa). O sistema
midiático ou star sustem - aquele por e para quem o people significa
VIP e que, portanto, separa a humanidade em importantes e anônimos
liquidou com os intelectuais fazendo existir (sic) apenas um punhado
de 'intelectuais midticos'. Se de um lado a instrão (desenvolvida
de maneira formidável nas sociedades de abundância) produz milhões
de inteligências 'informadas' - tendo a informão tomado o lugar do
saber -, de outro, ao mesmo tempo, realiza a destruição das condi-
ções de sua existência política: o sistema só pode exibir, fazer ver e
escutar algumas vedetes, logo transformadas em histriões pelo
espetáculo (Guy Debord), que tiram a credibilidade dos intelectuais
aos olhos dos telespectadores que se tornaram a partir de agora
cidadãos. O silêncio se amplia no barulho.


o verbo (sim; as linguagens das llnguas maternas, ou ioqos, o ele-
mento de eloqüência no saber falar un
s aos outros) deu lugar à
comunicação. Para resumir brutalmente a situação, reverto uma fala
f
amosa de Hôlderlin: "Não somos mais um diálogo". A imagem, no
sentido atual
, icônica, fílmica e televisiva, ocupou todo o espaço.

Dois enormesfatos - "fenômenos sociais totais", diria, retomando as
palavras de Mareei Mauss - transf
ormaram profundamente o regi-
me das coisas sócio-pol
lticas, que a relação entre os intelectuais e a
democracia assegurava - mesmo se a recondução homonímica des-
ses grandes termos favoreça a
ilusão da permanência desse 'regime'.

A propaganda (datemos a superpotência moderna do 111 Reich e do
Império soviético),mudando os
meios em fins, o meio em mensagem
(McLuhan) ou inversamente, t
ornou possível (isto é, real) a síntese do
poder absoluto e do del
írio: Hitler (Adolfo, o mágico, eu diria, para evo-
car Thomas Mann) 'persuadiu
' os alemães e transformou-os em servi-
dores de
"(seu) combate". Qualquer proposição C'Os judeus são
sub-homens" ou, como diz B
enigni em seu filme, "Os judeus e os
dromedários não s
ão admitidos nesse estabelecimento") pode ganhar
pod
er, fazer-se verdade condutora para uma sociedade humana.

Ao mesmo tempo (é o mesmo fenômeno sob outro ângulo) a publicidade
transformou o espaço público, isto é, mudou o espaço público em éter
publicitário. O regime da verd
ade ocidental extenuou-se em proveito
de um regime de enunciados
nem-verdadeiros-nem-falsos, isto é, de
uma falsidade abissal:
bonimentaire, diria o filósofo Michel Serres.
"Transforme-se a si mesmo fazend
o como todo mundo. Torne-se singular
comprando o mesmo produto
etc ... " Esses terríveis double-bind tornam
a 'multidão' (termo de Negri) insens
ível aos paradoxos fundamentais da
lucidez humana. Talvez esse car
áter mentiroso fabrique a multidão.

O intelectual (é seu nome) lidava com a inteligência. O problema era, pois,
a
burrice: o que é a burrice? Que fazer dela? A burrice são os outros? Isso,
sem dúvida, não basta. A burrice é a
doxal, ou dóxico, isto é, a surdez ao
paradoxo, ou sua recusa
. Tal foi a aposta de Pascal, de Flaubert, de Valéry,
de Roland Barthes - de muitos outros 'grandes esplritos'. Ora, a
burrice
(esse regime de verdades, nas quais a doxa não é mais o moi-dokei dos
gregos, não é mais o
julgamento do cidadão no dissenso geral [Areridt]


                       

- ião estatfstica produzida pela sondagem), a burrice,
;JaZ do paradoxo, insensível à paciência da aporia, ini-
curso que se opõe à verdade intrinsecamente 'oximórica',
ãJ":aa.Os/ogan publicitário, verdade de massa unilateral, imposto
c::omo osto majoririo da existência em massa consumidora, ou
imagem de marca' na concorrência dos mercados do Mercado

        c         ral, tende a apagar as 'luzes' da inteligência democrática.

 

==em edição===

corre/ação política, ou mediatizaçõo, pode acabar com a demo-
cracia? As convicções, tornadas vazias, e os desejos reguladores
da economia geral (produção/consumo) conduzem "o mundo" ...
para onde?

 

* * *

 

 

Pode-se dizer dessa maneira: o 'poder das palavras', na sua força
tradicional, sustentava a coragem do que se denominava
enqajamento (século 20). O engajamento intelectual pressupunha a
exis
tência e a energia (a capacidade) da persuasão loquaz. Ao
"e
ngajamento" (Sartre) sucedeu-se a era do testemunho, a nossa.
Pede-se às palavras a 'força' para atestar o que foi, para demonstrar:
ist
o é, as catástrofes de uns e de outros. Mas o testemunho, verbal ou
d
ocumentário, livro ou filme, tem ainda força para persuadir
a renúncia do horrfvel? Duvido. Quanto mais testemunhos, mais tris-
t
ezas e mortes. De certa maneira, as palavras e mesmo as imagens
esg
otam-se ao testemunhar

 ===em edição===

 [Michel Déguy, apresentação da palestra "O peso das palavras",  do ciclo O Silêncio dos Intelectuais - Cultura e pensamento em tempos de incerteza, texto de apresentação da palestra pronunciada pela primera vez em 14.9.2005 (Rio),  ###===em edição===]

 

 

 

 

Semiótica - Peirce, Sausurre, Jakobson,
Bakhtin e Lotman,
Youtube:
 
Enviado em 30/04/2008
Trabalho apresentado na pós em Comunicação, Publicidade e Negócios - IV, CESUMAR, 2008.
 
[COMENTÁRIOS]
Antonio Castro Nilo 1 ano atrás
  •  
  • Muito bem. Bravo por los trabalhos de calidad qui nos vienen de Brasil. Como se darán cuenta escribo entre portugués y castellano, es mi forma de explorar la lingua do Brasil. Creo que faltó señalar el aporte de Nicolai Troubetzkoy, compañero de pesquisa de R. Jacobson en la fundación de la Fonología.Nuevamente bravo.!
     
     ·  
  • missfernandalhama
    missfernandalhama 2 anos atrás
    Arrasou na trilha sonora!
     
     ·  
  • vrockmetal
    vrockmetal 3 anos atrás
    Muito bom video, em português é muito melhor!
     
     ·  
  • Orsonpitbull
    Orsonpitbull 3 anos atrás
    Los mejores videos estan en Portugues!!!!!!!! (...) 
     
     ·  
  • seihiken
    seihiken 4 anos atrás
    me gustaria una versión en español... gracias.
     
     ·  
  • espiricuetaceleste
    espiricuetaceleste 4 anos atrás
    Me gustó mucho la forma en que se realizó este video, es rápido, conciso y muy didáctico. Además la música invita a la apertura mental y a la reflexión.
    Muy bueno.
     
     ·  
  • Literature4peace
    Literature4peace 4 anos atrás
    how about an english version please?"

 

 

 

 

 

 

===

 

 

 

 


IMPORTANTE ENTREVISTA DE UM DOS

GRANDES PENSADORES FRANCESES,

DA ATUALIDADE (FEV. / 2012):

 

"Alain Badiou: "O comunismo é a ideia da emancipação de toda humanidade"

 
O filósofo francês Alain Badiou é um homem que não teme riscos: nunca renunciou a defender um conceito que muitos acreditam ter sido queimado pela história: o comunismo. Nesta entrevista à Carta Maior, Badiou define o processo político atual como uma “guerra das democracias contra os pobres” e diz que "o amor está ameaçado pela sociedade contemporânea".
Nesta entrevista à Carta Maior, Alain Badiou fala do amor e do resgate da palavra comunismo.
Nesta entrevista à Carta Maior, Alain Badiou fala do amor e do resgate da palavra comunismo. Foto Hendrik Speck/Flickr

Alain Badiou não tem fronteiras. Este filósofo original é o pensador francês mais conhecido fora de seu país e autor de uma obra extensa e sem concessões. Filosofia, matemática, política, literatura e até o amor circulam em seu catálogo de produções e reflexões. Sua obra, de caráter multidisciplinar, traz uma crítica férrea ao que Alain Badiou chama de “materialismo democrático”, ou seja, um sistema humano onde tudo tem um valor mercantil.

Este filósofo insubmisso é também um homem de riscos: nunca renunciou a defender um conceito que muitos acreditam ter sido queimado pela história: o comunismo. Em sua pena, Badiou fala mais da “ideia comunista” ou da “hipótese comunista” do que do sistema comunista em si. Segundo o filósofo francês, tudo o que estava na ideia comunista, sua visão igualitária do ser humano e da sociedade, merece ser resgatado.

Defensor incondicional de Marx e da ideia de uma internacionalização positiva da revolta, o horizonte de sua filosofia é polifónico: os seus componentes não são a exposição de um sistema fechado, mas sim um sistema metafísico exigente que inclui as teorias matemáticas modernas – Gödel – e quatro dimensões da existência: o amor, a arte, a política e a ciência. Pensador crítico da modernidade numérica, Badiou definiu os processos políticos atuais como uma “guerra das democracias contra os pobres”.

O filósofo francês é um teórico dos processos de ruptura e não um mero panfletário. Ele convoca com método a repensar o mundo, a redefinir o papel do Estado, traça os limites da “perfeição democrática”, reinterpreta a ideia de República, reatualiza as formas possíveis e não aceites de oposição e coloca no centro da evolução social a relegitimação das lutas sociais.

Alain Badiou propõe um princípio de ação sem o qual, sugere, nenhuma vida tem sentido: a ideia. Sem ela toda existência é vazia. Com mais de 70 anos, Badiou introduziu em sua reflexão o tema do amor em um livro brilhante e comovente, no qual o autor de “O ser e o acontecimento” define o amor como uma categoria da verdade e o sentimento amoroso como o pacto mais elevado que os indivíduos podem firmar para viver. A sua lucidez analítica o conduz inclusive a dizer que o amor, porque grátis e total, está ameaçado pelo mundo contemporâneo.


Revoluções árabes, movimento dos indignados, mobilização crescente dos grupos que estão contra a globalização, a luta ou a oposição contra as modalidades do sistema atual se multiplicaram e sofisticaram. Analisando o que ocorreu, o que você diria hoje a todos esses rebeldes do mundo para que sua ação conduza a uma autêntica construção?

Eu diria a eles que, para mim, mais importante que a consigna da anti-globalização, a qual parece sugerir que, por meio de várias medidas, pode-se re-humanizar a situação, incluindo a re-humanização do capitalismo, é a globalização da vontade popular. Globalização quer dizer vigor internacional. Mas essa globalização internacional necessita de uma ideia positiva para uni-la e não só a ideia crítica ou a combinação de desacordos e protestos. Trata-se de um ponto muito importante. Passar da revolta à ideia é passar da negação á afirmação. Somente no plano afirmativo poderemos nos unir de forma duradoura.

Um dos princípios de sua filosofia consiste em dizer que uma vida que não está regida pelo signo da ideia não é uma vida verdadeira. Agora, como defender hoje essa ideia sob a ameaça do hiper-consumo, das falsidades e injustiças da democracia parlamentar e num mundo onde a nossa relação com o outro passa pela relação com o objeto e não com as ideias ou com os indivíduos? No mundo contemporâneo, a ideia é o produto e não a relação humana.

A verdadeira vida é uma vida que aceita estar sob o signo da ideia. Dito de outro modo, uma vida que aceita ser outra coisa do que uma vida animal. Alguns dirão que há valores transcendentes, religiosos, e que é preciso submeter o animal; outros dirão, ao contrário, que devemos nos libertar desses valores transcendentes, que Deus está morto, que viva os apetites selvagens. Mas, entre ambas, há uma solução intermediária, dialética, que consiste em dizer que, na vida, através de encontros e metamorfoses, pode haver um trajeto que nos liga à universalidade. Isso é o que eu chamo “uma vida verdadeira”, ou seja, uma vida que encontrou ao menos algumas verdades.

Chamo "ideia" a esse intermediário entre as verdades universais, digamos eternas para provocar um pouco os contemporâneos, e o indivíduo. Que é então uma vida sob o signo da ideia num mundo como este? Faz falta uma distância com a circulação geral. Mas essa distância não pode ser criada só com a vontade, faz falta algo que nos ocorra, um acontecimento que nos leve a tomar posição frente ao que se passou. Pode ser um amor, um levantamento político, uma decepção, enfim, muitas coisas. Aí se põe em jogo a vontade para criar um mundo novo que não estará baseado na ordem do mundo tal como é, com a sua lei de circulação mercantil, mas sim num elemento novo da minha experiência.

O mundo moderno caracteriza-se pela soberania das opiniões. E a opinião é algo contrário à ideia. A opinião não pretende ser universal, é minha opinião e vale tanto quanto a opinião de qualquer outra pessoa. A opinião relaciona-se com a distribuição de objetos e a satisfação pessoal. Há um mercado das opiniões assim como há um mercado das ações financeiras. Há momentos em que uma opinião vale mais do que outra; mais tarde essa opinião quebra como um país. Estamos no regime geral do comércio da comunicação no qual a ideia não existe. Inclusive suspeita-se da ideia e dir-se-á que ela é opressiva, totalitária, que se trata de uma alienação. E por que isso ocorre? Simplesmente porque a ideia é grátis. Ao contrário da opinião, a ideia não entra em nenhum mercado. Se defendemos nossa convicção, o fazemos com a ideia de que é universal. Essa ideia é, então, uma proposta compartilhada, não se pode colocá-la à venda no mercado. Mas como tudo o que é grátis, a ideia está sob suspeita.

Pergunta-se: qual é o valor do que é grátis? Justamente, o valor do grátis é que não tem valor no sentido das trocas. O seu valor é intrínseco. E como não se pode distinguir a ideia do preço do objeto a única existência da ideia está em um tipo de fidelidade existencial e vital para a ideia. A melhor metáfora para isso é encontrada no amor. Se queremos profundamente a alguém, esse amor não tem preço. É preciso aceitar os sofrimentos, as dificuldades, o facto de que sempre há uma tensão entre o que desejamos imediatamente e a resposta do outro. É preciso atravessar tudo isso.

Quando estamos enamorados, trata-se de uma ideia e isso é o que garante a continuidade desse amor. Para se opor ao mundo contemporâneo pode-se atuar na política, mas estar cativado completamente por uma obra de arte ou estar profundamente enamorado é como uma rebelião secreta e pessoal contra o mundo contemporâneo. Esse é o principal problema da vida contemporânea. Estabeleceu-se um regime de existência no qual tudo deve ser transformado em produto, em mercadoria, inclusive os textos, as ideias, os pensamentos. Marx havia antecipado isso muito bem: tudo pode ser medido segundo seu valor monetário.

Você é um dos poucos filósofos que defende o que você mesmo chama “a ideia comunista”. Como é possível defender a ideia comunista quando seu conteúdo histórico foi desastroso.

Penso que o conteúdo histórico das ideias sempre pode ser declarado desastroso. Os democratas nos falam da democracia, mas se olhamos de perto a história das democracias, ela está cheia de desastres. Para tomar o exemplo mais elementar, se tomamos a Primeira Guerra Mundial, ela foi lançada por democratas, democratas alemães, ingleses e franceses. Foi um massacre inimaginável, o qual já se demonstrou esteve ligado a apetites financeiros nas colónias africanas, apetites que não diziam respeito áqueles que seriam massacrados mais tarde. Houve milhões de mortos e de sacrificados em condições espantosas e, aceite-se ou não, isso é parte da história das democracias. Se interrogamos o conjunto das experiências históricas veremos que todo o mundo tem sangue até as orelhas.

No que se refere à palavra “comunista” em si, da mesma maneira que ocorre com a palavra “democracia”, sempre se pode argumentar que ambas tem sangue até as orelhas. Mas, por acaso, é preciso sempre inventar outra palavra? Tomemos, por exemplo, o cristianismo. O cristianismo é São Francisco de Assis, a santidade verdadeira, o advento da ideia de uma verdadeira generosidade para com os pobres, a caridade, etc.,etc. Mas, do outro lado, também é a inquisição, o terror, a tortura e o suplício. Por acaso vamos dizer que é um crime alguém se chamar de cristão? Ninguém diz isso. Eu defendo uma espécie de absolvição dos vocábulos. Eles têm o sentido dado pela sequência histórica da qual falamos.

De fato, o comunismo conheceu duas sequências histórias. A sequência histórica do século XIX, quando a palavra foi inventada e propagada para designar uma esperança histórica humana fundamental, a esperança da igualdade, da emancipação das classes oprimidas, de uma organização social igualitária e coletiva. Depois há outra sequência muito diferente onde se experimentou o comunismo, ou seja, se construiu uma forma de poder particular que buscou coletivizar a indústria e essas coisas, mas que, no final, se tornou uma forma de Estado despótico.

Eu proponho que não se sacrifique a palavra “comunismo” por causa desta segunda sequência, mas sim que ela seja resgatada com base na primeira sequência, possibilitando assim a abertura de uma terceira sequência.

Nesta terceira sequência, a palavra “comunismo” significaria o que sempre significou: a ideia de uma organização social totalmente distinta da que conhecemos e que já sabemos que está dominada por uma oligarquia financeira e económica absolutamente feroz e indiferente aos interesses gerais da humanidade. Eu proponho então voltar ao comunismo sob a forma da ideia comunista: a ideia comunista é a ideia da emancipação de toda a humanidade, é a ideia do internacionalismo, de uma organização económica mobilizando diretamente os produtores e não as potências exteriores; é a ideia da igualdade entre os distintos componentes da humanidade, do fim do racismo e da segregação e também é a ideia do fim das fronteiras.

Não esqueçamos que as fronteiras são uma grande característica do mundo contemporâneo. O comunismo é tudo isso. Se alguém inventar uma palavra formidável para designar tudo isso, que não seja a palavra comunismo, eu aceito. Mas a história da política não é a história das palavras, mas sim a história dos novos significados que podem ter as palavras. Em geral se opõe a palavra “democracia” à palavra “comunismo”. Eu digo que uma palavra não é mais inocente do que a outra. Não lutemos pela inocência das palavras. Discutamos sobre o que significam e o que significa aquilo que eu digo.

Agora chegamos a Marx, ou melhor dizendo, aos dois Marx: o Marx marxista e o Marx de antes do marxismo. Qual dos dois você reivindica?

Marx e marxismo têm significados muito distintos. Marx pode significar a tentativa de uma análise científica da história humana com base nos conceitos fundamentais de classe e de luta de classe, e também a ideia de que a base das diferentes formas que a organização da humanidade adquiriu no curso da história é a organização da economia. Nesta parte da obra de Marx há coisas muito interessantes como, por exemplo, a crítica da economia política. Mas também há outro Marx que é um Marx filósofo, que vem depois de Engels e que tenta mostrar que a lei das coisas deve ser buscada nas contradições principais que podem ser percebidas dentro das coisas. É o pensamento dialético, o materialismo dialético. No concreto, há uma base material de todo pensamento e este se desenvolve através de sistemas de contradição, de negação. Este é o segundo Marx. Mas também há um terceiro Marx que é o militante político. É um Marx que, em nome da ideia comunista, indica o que fazer: é o Marx fundador da Primeira Internacional, é o Marx que escreve textos admiráveis sobre a Comuna de Paris ou sobre a luta de classes na França.

Há pelo menos três Marx e o que mais me interessa, reconhecendo o mérito imenso de todos eles, é o Marx que tenta ligar a ideia comunista em sua pureza ideológica e filosófica às circunstâncias concretas. É o Marx que se pergunta pelo caminho para organizar as pessoas politicamente na direção da ideia comunista. Há ideias fundamentais que foram experimentadas e que ainda permanecem e, em cujo centro, encontramos a convicção segundo a qual nada ocorrerá enquanto uma fração significativa dos intelectuais não aceite estar organicamente ligada às grandes massas populares. Esse ponto está totalmente ausente hoje em várias regiões do mundo. Em maio de 68 e nos anos 70, este ponto foi abandonado. Hoje pagamos o preço desse abandono que significou a vitória completa e provisória do capitalismo mais brutal.

A vida concreta de Marx e Engels consistiu em participar nas manifestações na Alemanha e em tentar criar uma Internacional. E o que era a Internacional? A aliança dos intelectuais com os operários. É sempre por aí que se começa. Eu chamo então a que comecemos de novo: por um lado com a ideia comunista e, por outro, com um processo de organização sob esta ideia que, evidentemente, levará em conta o conjunto do balanço histórico, mas que, em certo sentido, terá que começar de novo.

Caído, derrotado no abismo ou simplesmente ferido? Na sua avaliação, em que fase se encontra o capitalismo: em seu ocaso, como acreditam alguns, ou somente vivendo um recesso devido a suas enormes contradições internas?

O capitalismo é um sistema de roubo planetário exacerbado. Pode-se dizer que o capitalismo é uma ordem democrática e pacífica, mas é um regime de depredadores, é um regime de banditismo universal. E digo banditismo de maneira objetiva: chamo bandido a qualquer um que considere que a única lei de sua atividade é seu próprio proveito. Mas um sistema como este que, por um lado, tem a capacidade de se estender e, por outro, de deslocar o seu centro de gravidade é um sistema que está longe de estar moribundo.

Não é o caso de acreditar que, pelo facto de estarmos em uma crise sistémica, nos encontramos à beira do colapso do capitalismo mundializado. Acreditar nisso seria ver as coisas através da pequena janela da Europa. Creio que há dois fenômenos que estão entrelaçados. O primeiro é a derrocada da segunda etapa da experiência comunista, a falência dos Estados socialistas. Essa falência abriu uma enorme brecha para o outro termo da contradição planetária que é o capitalismo mundializado. Mas também abriu novos espaços de tensões materiais. O desenvolvimento capitalista de países do porte da China e da Índia, assim como a recapitalização da ex-União Soviética tem o mesmo papel que o colonialismo no século XIX. Abriu espaços gigantes de manobra, de clientela de novos mercados.

Estamos a viver agora esse fenómeno: a mundialização do capitalismo que se fez potente e se multiplicou pelo enfraquecimento de seu adversário histórico do período precedente. Esse fenómeno faz com que, pela primeira vez na história da humanidade, se possa falar realmente de um mercado mundial. Esse é um primeiro fenómeno. O segundo é o deslocamento do centro de gravidade. Estou convencido de que as antigas figuras imperiais, a velha Europa, por exemplo, a qual apesar de sua arrogância tem uma quantidade considerável de crimes que ainda aguardam perdão, e os Estados Unidos, apesar do facto de ainda ocupar um lugar muito importante, são na verdade entidades capitalistas progressivamente decadentes e até um pouco crepusculares. Na Ásia, na América Latina, com a dinâmica brasileira, e inclusive em algumas regiões do Médio Oriente, vemos aparecer novas potências. O sistema da expansão capitalista chegou a uma escala mundial, mas o sistema das contradições internas do capitalismo modifica sua geopolítica. As crises sistémicas do capitalismo – hoje estamos numa grave crise sistémica – não têm o mesmo impacto segundo a região. Temos assim um sistema expansivo com dificuldades internas.

Mas esses novos polos se desenvolvem segundo o mesmo modelo.

Sim, e não creio que esses novos polos introduzam uma diferenciação qualitativa. É um deslocamento interno ao sistema que dá a ele margem de manobra.

Há duas versões de um de seus livros mais importantes: trata-se do Manifesto para a Filosofia. O primeiro Manifesto foi publicado há vinte anos, o segundo há dois. Se levamos em conta as revoluções árabes e as crises do sistema financeiro internacional, o que mudou fundamentalmente no mundo e no ser humano entre os dois manifestos?

O que mudou mais profundamente é a divisão subjetiva. As escolhas fundamentais às quais estiveram confrontados os indivíduos durante o primeiro período estavam ainda dominadas pela ideia da alternativa entre orientação revolucionária e democracia e economia de mercado. Dito de outro modo, estávamos na constituição do debate entre totalitarismo e democracia. Isso exige dizer quer todo o mundo estava sob o influxo do balanço da experiência histórica do século XX. O primeiro Manifesto foi publicado em 1989, quase ao final do século XX. Em escala mundial, esta discussão, que adquiriu formas distintas segundo os lugares, se focalizou em qual poderia ser o balanço deste século XX. Por acaso, temos que condenar definitivamente as experiências revolucionárias? É preciso abandoná-las porque foram despóticas, violentas? Neste sentido, a pergunta era: devemos ou não unir-nos à corrente democrática e entrar na aceitação do capitalismo como um mal menor?

A eficácia do sistema não consistiu em dizer que o capitalismo era magnífico, mas sim que era o mal menor. Na verdade, tirando um punhado de pessoas ninguém pensa que o capitalismo é magnífico. Mas o que se disse nesse período foi que a alternativa era desastrosa. Há 20 anos estávamos neste contexto, ou seja, a reativação da filosofia inspirada pela moral de Kant. Ou seja, não é o caso de ter grandes ideias de transformação política voluntaristas porque isso conduz ao terror e ao crime, mas sim velar por uma democracia pacificada dentro da qual os direitos humanos estarão protegidos. Hoje esta discussão está terminada e está terminada porque toda a gente vê que o preço pago por essa democracia pacificada é muito elevado. Toda a gente toma consciência que se trata de um mundo violento, com outras violências, que a guerra segue rondando todo o tempo, que as catástrofes ecológicas e económicas estão na ordem do dia e que, além disso, ninguém sabe para onde vamos.

Podemos imaginar que esta ferocidade da concorrência e esta constante submissão à economia de mercado durem ainda vários séculos? Toda a gente sente que não, que se trata de um sistema patológico. Foi revelado que este sistema, que nos foi apresentado como um sistema moderado, sem dúvida em nada formidável, mas melhor que todos os demais, é um sistema patológico e extremamente perigoso. Essa é a novidade. Não podemos mais ter confiança no futuro desta visão das coisas. Estamos numa fase de transição e incerteza. Introduziu-se a hipótese de uma espécie de humanismo renovado que poderíamos chamar de humanismo de mercado, o mercado, mas humano. Creio que essa figura, que segue vigente graças aos políticos e aos meios de comunicação, está morta. É como a União Soviética: estava morta antes de morrer. Creio que, em condições diferentes e num universo de guerra, de catástrofes, de competição e de crise, esta ideia do capitalismo com rosto humano e da democracia moderada está morta. Agora será preciso não mais escolher entre duas visões constituídas, mas sim inventar uma.

Dessa ambivalência provém talvez a sensação de que as jovens gerações estão perdidas, sem confiança em nada?

Isso é o que sinto na juventude de hoje. Sinto que a juventude está completamente imersa no mundo tal como é, não tem ideia de outra alternativa, mas, ao mesmo tempo, está a perder confiança neste mundo, está vendo que, na verdade, este mundo não tem futuro, carece de toda significação para o futuro. Creio que estamos num período onde as propostas de ideias novas estão na ordem do dia, mesmo que uma boa parte da opinião não saiba disso. E não sabe porque ainda não chegamos ao final deste esgotamento interno da promessa democrática. É o que eu chamo de período intervalo: sabemos que as velhas escolhas estão acabadas, mas não sabemos ainda muito bem quais são as novas escolhas.

Vários filósofos apontam o fato de que os valores capitalistas destruíram a dimensão humana. Você acredita, ao contrário, que ainda persiste uma potência altruísta no ser humano.

Devemos olhar o que ocorreu nas manifestações dos países árabes. Nunca acreditei que essas manifestações iam inventar um novo mundo de um dia para o outro, nem pensei que essas revoltas apresentavam soluções novas para os problemas planetários. Mas o que me assombrou foi a reaparição da generosidade do movimento de massa, quer dizer, a possibilidade de agir, de sair, de protestar, de pronunciar-se independentemente do limite dos interesses imediatos e fazê-lo junto a pessoas que, sabemos, não compartilham nossos interesses. Aí encontramos a generosidade da ação, a generosidade do movimento de massa, temos a prova de que esse movimento ainda é capaz de reaparecer e reconstituir-se. Com todos os seus limites, também temos um exemplo semelhante com o movimento dos indignados.

O que fica evidente em tudo isso é que estão aí em nome de uma série de princípios, de ideias, de representações. Esse processo, obviamente, será longo. O movimento da primavera árabe parece-me mais interessante que o dos indignados porque tem objetivos precisos, ou seja, o desaparecimento de um regime autocrático e o tema fundamental que é o horror diante da corrupção. A luta contra a corrupção é um problema capital do mundo contemporâneo. Nos indignados vimos a nostalgia do velho Estado providência. Mas volto a reiterar que o interessante em tudo isso é a capacidade de fazer algo em nome de uma ideia, mesmo que essa ideia tenha acentos nostálgicos. O que me interessa saber é se ainda temos a capacidade histórica de agir no regime da ideia e não simplesmente segundo o regime da concorrência ou da conservação. Isso para mim é fundamental. A reaparição de uma subjetividade dissidente, seja quais forem suas formas e suas referências, isso me parece muito importante.

Você publicou um livro sobre o amor, que é de uma sabedoria comovedora. Para um filósofo comprometido com a ação política e cujo pensamento integra as matemáticas, a aparição do tema do amor é pouco comum.

O amor é um tema essencial, uma experiência total. O amor está ameaçado pela sociedade contemporânea. O amor é um gesto muito forte porque significa que é preciso aceitar que a existência de outra pessoa se converta em nossa preocupação. No amor, o fundamental está em que nos aproximamos do outro com a condição de aceitá-lo na minha existência de forma completa, inteira. Isso é o que diferencia o amor do interesse sexual. Este se fixa sobre o que os psicanalistas chamaram de “objetos parciais”, ou seja, eu extraio do outro alguns emblemas fetiches que me interessam e que suscitam minha excitação desejante. Não nego a sexualidade, pelo contrário. Ela é um componente do amor. Mas o amor não é isso. O amor é quando estou em estado de amar, de estar satisfeito e de sofrer e de esperar tudo o que vem do outro: a maneira como viaja, sua ausência, sua chegada, sua presença, o calor de seu corpo, minhas conversas com ele, os gostos compartilhados. Pouco a pouco, a totalidade do que o outro é torna-se um componente de minha própria existência. Isso é muito mais radical que a vaga ideia de preocupar-me com o outro. É o outro com a totalidade infinita que representa e com o qual me relaciono em um movimento subjetivo extraordinariamente profundo.

Em que sentido o amor está ameaçado pelos valores contemporâneos?

Está ameaçado porque o amor é gratuito e, desde o ponto de vista do materialismo democrático, injustificado. Por que deveria me expor ao sofrimento da aceitação da totalidade do outro? O melhor seria extrair dele o que melhor corresponde aos meus interesses imediatos e aos meus gostos e descartar o resto. O amor está ameaçado hoje porque é distribuído em fatias. Observemos como se organizam as relações nestes portais de internet onde as pessoas entram em contato: o outro já vem fatiado em fatias, um pouco como a vaca nos açougues. Seus gostos, seus interesses, a cor dos olhos, o corte dos cabelos, se é grande ou pequeno, loiro ou moreno. Vamos ter uns 40 critérios e, ao final, vamos nos dizer: vou comprar este. É exatamente o contrário do amor. O amor é justamente quando, em certo sentido, não tenho a menor ideia do que estou comprando.

E frente a essa modalidade competitiva das relações, você proclama que o amor deve ser reinventado para nos defendermos, que o amor deve reafirmar seu valor de ruptura e de loucura.

O amor deve reafirmar o facto de que está em ruptura com o conjunto das leis ordinárias do mundo contemporâneo. O amor deve ser reinventado como valor universal, como relação em direção da alteridade, daquilo que não sou eu e onde a generosidade é obrigatória. Se não aceito a generosidade, tampouco aceito o amor. Há uma generosidade amorosa que é inevitável. Sou obrigado a ir na direção do outro para que a aceitação do outro na sua totalidade possa funcionar. Essa é uma excelente escola para romper com o mundo tal como é. Minha ideia sobre a reinvenção do amor quer dizer o seguinte: uma vez que o amor se refere a essa parte da humanidade que não está entregue à competição, à selvajaria; uma vez que, na sua intimidade mais poderosa, o amor exige uma espécie de confiança absoluta no outro; uma vez que vamos aceitar que este outro esteja totalmente presente em nossa própria vida, que nossa vida esteja ligada de maneira interna a esse outro, pois bem, já que tudo descrito acima é possível isso prova que não é verdade que a competitividade, o ódio, a violência, a rivalidade e a separação sejam a lei do mundo.

A política não está muito afastada de tudo isso. Para você, há uma dimensão do amor na ação política?

Sim, inclusive pode resultar perigoso. Se buscamos uma analogia política do amor eu diria que, assim como no amor onde a relação com uma pessoa tem que constituir sua totalidade existencial como um componente de minha própria existência, na política autêntica é preciso que haja uma representação inteira da humanidade. Na política verdadeira, que também é um componente da vida verdadeira, há necessariamente essa preocupação, essa convicção segundo a qual estou ali enquanto representante e agente de toda a humanidade. Do mesmo modo que ocorre no amor, onde minha preocupação, minha proposta e minha atividade estão ligadas à existência do outro em sua totalidade.

O que pode fazer um casal jovem e enamorado neste mundo violento, competitivo, onde o projeto do casal já está ameaçado pela própria dinâmica do consumo e da competição?

Creio que o projeto de um casal pode ser uma rama se não se dissolve, se não se metamorfoseia em um projeto que acabe se transformando, no fundo, na acumulação de interesses particulares. Na situação de crise e de desorientação atual o mais importante é segurar as mãos no leme da experiência pela qual estamos passando, seja no amor, na arte, na organização coletiva, no combate político. Hoje, o mais importante é a fidelidade: em um ponto, ainda que seja em apenas um, é preciso não ceder. E para não ceder devemos ser fieis ao que ocorreu, ao acontecimento. No amor, é preciso ser fiel ao encontro com o outro porque vamos criar um mundo a partir desse encontro. Claro, o mundo exerce uma pressão contrária e nos diz: “cuidado, defenda-se, não deixe que o outro abuse de ti”. Com isso está dizendo: “voltem ao comércio ordinário”.

Então, como essa pressão é muito forte, o fato de manter o leme no rumo certo, de manter vivo um elemento de exceção, já é extraordinário. É preciso lutar para conservar o excepcional que ocorre em nossas vidas. Depois veremos. Dessa forma salvaremos a ideia e saberemos o que é exatamente a felicidade. Não sou um asceta, não sou a favor do sacrifício. Estou convencido de que se conseguimos organizar uma reunião com trabalhadores e colocamos em marcha uma dinâmica, se conseguimos superar uma dificuldade no amor e nos reencontramos com a pessoa que amamos, se fazemos uma descoberta científica, então começamos a compreender o que é a felicidade. A felicidade é uma ideia fundamental. A construção amorosa é a aceitação conjunta de um sistema de riscos e de invenções.

Você também introduz uma ideia peculiar e maravilhosa: devemos fazer tudo para preservar o que nos ocorre de excepcional.

Aí está o sentido completo da vida verdadeira. Uma vida verdadeira configura-se quando aceitamos os presentes perigosos que a vida nos oferece. A existência nos traz riscos, mas, na maioria das vezes, estamos mais espantados que felizes por esses presentes. Creio que aceitar isso que nos ocorre e que parece raro, estranho, imprevisível, excepcional, quer seja o encontro com uma mulher ou o maio de 68, aceitar isso e suas consequências, isso é a vida, a verdadeira vida.
 


Entrevista de Eduardo Febbro, em Paris. Tradução: Marco Aurélio Weissheimer. Publicado em Carta Maior"

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O CISC - Centro Interdisciplinar de Semiótica da Cultura e da Mídia -,
DE SÃO PAULO-SP, GENEROSAMENTE CONVIDA-NOS PARA A SEGUINTE LEITURA:
"CISC 20 anos - Comunicação, Cultura e Mídia":
 
 
Lançamento E-book CISC 20 anos - Comunicação, Cultura e Mídia
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O CISC - Centro Interdisciplinar de Semiótica da Cultura e da Mídia -, tem o prazer de convidá-los para a leitura de sua mais recente obra "CISC 20 anos - Comunicação, Cultura e Mídia", composta de artigos inéditos, elaborados por alguns dos pesquisadores que participaram desta jornada.

Em novembro de 2012 comemoramos os 20 anos do CISC. O natural balanço realizado em datas como esta, trouxe à tona a patente contribuição do grupo de pesquisadores liderados por Norval Baitello Jr. ao pensamento relativo a área de comunicação em suas mais diversas interfaces e possibilidades de apropriação. Desde importantes eventos como o seminário Imagem e Violência, o qual congregou figuras de peso do pensamento contemporâneo (Dietmar Kamper, Harry Pross e Jean Beaudrillard foram alguns dos conferencistas) até a profícua produção de teses, livros e artigos realizadas pelos pesquisadores, denotam a importância deste grupo para a compreensão do atual estágio da comunicação humana.

Neste contexto, consideramos que a melhor forma de comemorar esta importante data seria oferecer à comunidade acadêmica e aos interessados neste significativo tema, uma singela publicação, composta de artigos inéditos, elaborados por alguns dos pesquisadores que participaram desta jornada. Assim, apresentamos o E-book: CISC 20 anos: comunicação, cultura e mídia, com acesso livre. Que venham os próximos 20 anos!

 

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