Blindagem das palavras?
Por Flávio Bittencourt Em: 29/01/2013, às 13H44
[Flávio Bittencourt]
Blindagem das palavras?
Daniel Bushatsky, do Digestivo Cultural, produziu esse salutar e descomplicante texto.
(http://oglobo.globo.com/pais/noblat/posts/2011/07/04/armaduras-celada-1430-390017.asp)
"D. Palmira não está fazendo tricô.
D. Palmira não está fazendo croché.
D. Palmira faz, agora, frivolité.
Mas o que é isso?
Veja, no Caldas Aulete, se tiver paciência para
olhar ali: tem na certa, explica até o que é punja,
que você também não sabe o que é."
(C R...)
(http://www.cimarronartgallery.com/Antelope.html)
HAICAI DO DIA
[em memória de Francisco Júlio de Caldas Aulete (Lisboa, 1826 — Lisboa, 23 de Maio de 1878),
que talvez soubesse o que era 'punja' (pode a palavra ter entrado em seu dicionário depois de seu falecimento, já que a menção ao livro que menciona essa gazela é do séc. XX); necessária é, por conseguinte, a conferência na primeira edição dessa alentada obra de referência, o que não foi aqui, por enquanto, realizada]:
Tempo outonal.
Chamo gazela de punja:
ninguém m'entende!
(Flávio Bittencourt,
hoje;
MATÉRIA NOSSA SOBRE A PUNJA (GAZELA ANGOLANA),
SEGUIDA DE COMENTÁRIO PERTINENTE, DE ====
DE M. CARQUEIRA: ===)
EM MEMÓRIA DA QUERIDA DINDINHA PALMIRA (PRIMA EM 2° GRAU),
Dª. PALMIRA FERREIRA UCHÔA, CUJO PAI FALECERA EM
HORRÍVEL NAUFRÁGIO NO RIO AMAZONAS
(QUANDO ELA ERA MENINA) E QUE APRENDEU A FAZER
BELÍSSIMOS CENTROS DE MESA, DE FRIVOLITÉ (tatting),
EM MANAUS, NO INÍCIO DO SÉCULO XX
29.1.2013 - Estamos no século XXI - "Blindagem das palavras?", por Daniel Bushatsky. F. A. L. B
"COLUNAS
Segunda-feira, 7/1/2013
Blindagem das palavras?
Daniel Bushatsky
A forma mais interessante de se homenagear alguém morto, certamente é lembrar de seus grandes feitos e, se possível, implementá-los na realidade.
Todos os grandes meios de comunicação prestaram suas homenagens ao repórter econômico Joelmir Beting, relembrando sua trajetória, o início no jornalismo esportivo, a transição para a economia, e sua melhor característica profissional: traduzir o economês.
Mas e sobre a parte de implementar os grandes feitos? Se não vejo os grandes meios de comunicação tentando traduzir a linguagem dos negócios a todos, lembrando que não é só a economia que precisa ser entendida, surgem algumas iniciativas para deixar o conteúdo mais próximo da população.
Destaco três que me chamaram a atenção, seja pela possibilidade de escrever compreensível, seja pela nova forma de ensinar, seja pela linha de negócio.
O primeiro é a série de livros sobre temas diversos, sempre com um mesmo sub-título "Para Leigos", tradução mais educada, dos livros da origem desta franquia de mídia, que no título em inglês traz o famigerado "For Dummies". A série, que começou em 1991, em resposta à pouca literatura sobre o "sistema informático DOS", hoje já vendeu milhões de exemplares, nos mais diversos países, o que prova que, não obstante a internet, muitos não possuem informação técnica e precisa de forma acessível, mas anseiam por aprender algo novo. O próprio título, divertido, faz com que vistamos o manto da humildade e possamos, sem vergonha, confessar que temos interesses por assuntos dos quais não temos facilidade em compreender.
Falando em facilidade de compreender, não posso deixar de citar Salman Khan, o professor admirado por Bill Gates. Khan defende uma escola menos chata, com o professor ensinando as matérias com uma linguagem próxima a dos alunos, mas, ao mesmo tempo - e isto é possível -, assertiva e técnica (mais uma vez esta palavra).
Por último, uma coincidência, se é que ela existe. A propaganda colada à reportagem da revista Veja, de 5 de dezembro de 2012, que fala da morte de Beting, traz a nova experiência da agência de publicidade NBS, que abriu um escritório na favela Santa Marta, no Rio de Janeiro. O objetivo é claro e está bem descrito na propaganda de página inteira, escrita, diga-se de passagem, em linguagem coloquial: "E pra assumir nosso papel nesta transformação: o de ser uma ponte entre as marcas/empresas e as milhares de pessoas que vivem em comunidades pacificadas". Veja-se que a própria agência diz que não é filantropia e sim negócio. Mas que negócio? Certamente o de descomplicar ainda mais a linguagem da propaganda, para que inclusive esta possa alcançar os mais de 630 mil moradores de áreas antes ocupadas pelo tráfico.
Pelo jeito, a palavra de ordem em vários setores da economia, porque não, veja-se os exemplos - editoras, escolas e agências de publicidade -, é descomplicar o complicado, é traduzir o introduzível, é deixar, portanto, acessível, a informação a todos; é, basicamente, wikipedizar o conhecimento.
A concentração de informação, que sempre existirá, para a proteção de segredos industriais ou estratégias de defesas militares, é importante. O que não se pode permitir é que em outros assuntos de interesse geral e que logicamente fazem com que as comunidades se desenvolvam o conhecimento seja restrito a poucos. Blindar conhecimento diminui a chance de nos desenvolvermos, como nação, como país.
Se fazemos isto, escrevendo difícil, com palavras do século XIX, de duas, uma: ou estamos nos protegendo, pois não temos o conhecimento necessário para escrever fácil, ou temos vergonha de expor nossas verdadeiras opiniões (talvez, por não considerá-las tão boas).
Blindagem das palavras?
Chega disto: vamos ser coloquiais e assertivos!
Se a função da forma é a beleza, já homenageando o grande arquiteto brasileiro Oscar Niemeyer, e já implementando seus ensinamentos, a beleza da palavra é ser compreendida!
Para leigos: chega de blindá-las!
Daniel Bushatsky
São Paulo, 7/1/2013"
()
===
BLOG DO (COMPETENTÍSSIMO JORNALISTA)
RICARDO NOBLAT:
04.07.2011 - 12h00m
Obra-Prima do Dia (Semana dos Armeiros)
Armaduras: Celada (1430)
O termo armadura nasceu no século XV para designar o conjunto de proteções em ferro ou aço usado nas guerras ou nas justas. Armadura, pois, é termo que define a vestidura militar em geral, especialmente a que constituía proteção direta do corpo.
O homem de armas compreendeu desde que o mundo é mundo que se defender durante o combate era tão importante quanto golpear o inimigo. Desse modo, ao mesmo tempo em que desenvolvia armas ofensivas, também criava armas defensivas, dentre as quais o escudo foi sem dúvida a primeira.
Em seguida, sentiu necessidade de proteger sua parte mais vulnerável, a cabeça, antes mesmo de pensar em proteger o resto do corpo.
Pouco a pouco aos armeiros eram feitos pedidos de armas e armaduras tão poderosas quanto belas. Ao longo destes dias veremos peças curiosas e que demonstram a criatividade e o cuidado na confecção de peças que hoje são guardadas em grandes museus. Conhecer a evolução das armaduras além de um passeio pela História, é também conhecer o homem que a usou.
“Celada” ou “Salade” (capacete) é o nome dado a esse elmo em ferro, de forma arredondada. O nome vem do latim vulgar “caelum”, ou céu, cúpola, que originou a palavra italiana hoje em desuso “celata”, que por sua vez deu lugar ao francês “salade” e ao português “Celada”.
A proteção do celada se alonga para o pescoço. Alguns tinham viseiras, outros apenas uma fenda na parte da frente. Outro tipo deixava o rosto inteiramente livre, com apenas uma proteção para o queixo que podia ser usada ou não, mas que dificultava a respiração e logo caiu em desuso.
O tipo celada foi o mais difundido e o mais comum dos elmos durante todo o século XV, usado tanto pelos cavaleiros quanto pelos soldados da infantaria.
Acervo Musée de l Armée, Hôtel des Invalides, Paris"
(http://oglobo.globo.com/pais/noblat/posts/2011/07/04/armaduras-celada-1430-390017.asp)
===
LIVRO EM QUE, SEGUNDO O CALDAS AULETE,
É UTILIIZADO O VOCÁBULO LUSO-AFRICANO 'PUNJA'
(http://www.portalentretextos.com.br/colunas/recontando-estorias-do-dominio-publico/punja-nao-e-punga,236,8383.html)