Bilac reconta fábula de Esopo
Por Flávio Bittencourt Em: 29/12/2009, às 13H25
Bilac reconta fábula de Esopo
Ladyce West, em primeiro de agosto de 2009, com grande talento, editou, ilustrando-a maravilhosamente, a fábula O LOBO E O CÃO, versão de Olavo Bilac.
"O lobo e o cão, fábula de Esopo, recontada por Olavo Bilac e ilustrada por diversos artistas
1 08 2009
[Escreve Ladyce West] Hoje, selecionei uma fábula de Esopo, recontada por La Fontaine entre outros. Aqui, em versos magistrais de Olavo Bilac. Por ser uma fábula popular, tenho muitas ilustrações, através dos séculos, que se referem diretamente a ela. Coloquei algumas por entre o texto de Bilac. No entanto, tenho ainda algumas outras ilustrações. Para não corromper o texto completamente, [mais do que já o fiz] vou colocar outras ilustrações separadas, no final assim como repetir o texto original de Olavo Bilac.
Ilustração Harrison Weir (Inglaterra 1824-1906).
O lobo e o cão
Olavo Bilac
Encontraram-se na estrada
um cão e um lobo. E este disse:
– Que sorte amaldiçoada!
Feliz seria, se um dia
como te vejo me visse.
Ilustração Eleanor Grosch (EUA, contemporânea).
Andas gordo e bem tratado,
vendes saúde e alegria;
ando triste e arrepiado,
sem ter onde cair morto!
O cão e o lobo, ilustração em manuscrito francês, Idade Média.
Gozas de todo conforto,
e estás cada vez mais moço;
e eu, para matar fome,
nem acho às vezes um osso!
Ilustração Charles H Bennet (Inglaterra, 1829-1867).
Esta vida me consome…
Dize-me tu, companheiro:
onde achas tanto dinheiro?
Disse-lhe o cão: — Lobo amigo!
Serás feliz, se quiseres
Deixar tudo e vir comigo:
vives assim porque queres…
Ilustração, André Quellier (França, 1925)
Terás comida à vontade,
terás afeto e carinho,
mimos e felicidade,
na boa casa em que vivo!
Foram-se os dois. Em caminho,
disse o lobo, interessado:
– Que diabo é isto? Por que motivo
tens o pescoço esfolado?
Ilustração Georges Fraipont (França, 1873-1912).
– É que às vezes amarrado
Me deixam durante o dia…
– Amarrado? Adeus, amigo!
(disse o lobo) Não te sigo!
Muito bem me parecia
Que era demais a riqueza…
Ilustração Henry Morin (França, 1873-1961).
Adeus! Inveja não sinto:
quero viver como vivo!
Deixa-me com a pobreza!
Antes livre, mas faminto,
Do que gordo, mas cativo!
Seguem ilustrações:
Ilustração Carle Vernet (França 1758-1836).
Ilustração Jean-Baptiste Oudry (França, 1686-1755).
Ilustração François Chauveau (França 1613-1676).
Ilustração Willy Aractingi (EUA 1930)
Ilustração Christian Richet ( França, 1959).
Ilustração Eric Raspaud (França, 1955)
Ilustração Gustave Doré ( França, 1832-1883).
Prato de faiença francesa, c. 1900, Fables Terre de Fer.
Ilustração Adam Weisblatt (EUA, contemporâneo), Flikr.
Xilogravura, ilustrando o texto de Heinrich Steinhövel, das Fábulas de Esopo em publicado 1501. Autor desconhecido.
Ilustração de 1547, Bernard Salomon, (França, c. 1508-c.1561)
Ilustração Julia Pelletier (?, trabalha em Barcelona).
Ilustração, não tenho informações. Agradeço a quem tiver.
Ilustração de 1919, por Milo Winter ( EUA, 1886-1956).
Desconheço o autor.
Ilustração anônima de aluno de escola pública francesa, década de 1950.
Ilustração anônima de aluno de escola pública francesa, década de 1950.
O lobo e o cão
Olavo Bilac
Encontraram-se na estrada
um cão e um lobo. E este disse:
– Que sorte amaldiçoada!
Feliz seria, se um dia
como te vejo me visse.
Andas gordo e bem tratado,
vendes saúde e alegria;
ando triste e arrepiado,
sem ter onde cair morto!
Gozas de todo conforto,
e estás cada vez mais moço;
e eu, para matar fome,
nem acho às vezes um osso!
Esta vida me consome…
Dize-me tu, companheiro:
onde achas tanto dinheiro?
Disse-lhe o cão: — Lobo amigo!
Serás feliz, se quiseres
Deixar tudo e vir comigo:
vives assim porque queres…
Terás comida à vontade,
terás afeto e carinho,
mimos e felicidade,
na boa casa em que vivo!
Foram-se os dois. Em caminho,
disse o lobo, interessado:
– Que diabo é isto? Por que motivo
tens o pescoço esfolado?
– É que às vezes amarrado
Me deixam durante o dia…
– Amarrado? Adeus, amigo!
(disse o lobo) Não te sigo!
Muito bem me parecia
Que era demais a riqueza…
Adeus! Inveja não sinto:
quero viver como vivo!
Deixa-me com a pobreza!
Antes livre, mas faminto,
Do que gordo, mas cativo!
Em: Poesias Infantis, Olavo Bilac, Livraria Francisco Alves: 1949, Rio de Janeiro
Olavo Brás Martins dos Guimarães Bilac (RJ 1865 — RJ 1918 ) Príncipe dos Poetas Brasileiros – Jornalista, cronista, poeta parnasiano, contista, conferencista, autor de livros didáticos. Escreveu também tanto na época do império como nos primeiros anos da República, textos humorísticos, satíricos que em muito já representavam a visão irreverente, carioca, do mundo. Sua colaboração foi assinada sob diversos pseudônimos, entre eles: Fantásio, Puck, Flamínio, Belial, Tartarin-Le Songeur, Otávio Vilar, etc., e muitas vezes sob seu próprio nome. Membro fundador da Academia Brasileira de Letras. Criou a cadeira 15, cujo patrono é Gonçalves Dias. Sem sombra de duvidas, o maior poeta parnasiano brasileiro.
Obras:
Poesias (1888 )
Crônicas e novelas (1894)
Crítica e fantasia (1904)
Conferências literárias (1906)
Dicionário de rimas (1913)
Tratado de versificação (1910)
Ironia e piedade, crônicas (1916)
Tarde (1919); poesia, org. de Alceu Amoroso Lima (1957), e obras didáticas". (http://peregrinacultural.wordpress.com/2009/08/01/o-lobo-e-o-cao-fabula-de-esopo-recontada-por-olavo-bilac-e-ilustrada-por-diversos-artistas/)