[Gabriel Perissé]

Aves e insetos têm asas. Morcegos têm asas. Os aviões têm asas. As xícaras costumam ter asas. Entre os olhos e a boca temos asas nasais. E é bom darmos asas à imaginação. Mas de onde vem a palavra?

É preciso esclarecer que, em português, as asas andam misturadas, algo que não ocorre em espanhol, francês e italiano. "Asa" (que ajuda a voar) e "asa" (que ajuda a pegar) têm origens etimológicas diferentes.
A palavra "asa", com relação ao voo, vem do latim ala, que resultou ala, em espanhol; aile, em francês (no antigo francês, ele); ala em italiano.
 
Mas uma xícara não é alada. Sua asa reporta ao latim ansa, "cabo", com o qual se pega alguma coisa. Aliás, ansa também designava "oportunidade". Provavelmente o adjetivo easy, em inglês, "fácil", "acessível", provém daí. Com uma asa é mais easy segurar alguma coisa!

Em francês, a parte saliente de um cântaro, de um cesto chama-se anse; em espanhol, asa; em italiano, ansa. Em português temos "aselha", que é uma pequena "asa".

As asas portuguesas e brasileiras assistiram a uma convergência entre os vocábulos latinos ansa e ala. O verbo "asir", que já existia no século XVI, significa "segurar", "agarrar"... pela asa, que se escrevia aza, cinco séculos atrás.