Barack Obama: um Presidente prudente
Por Cunha e Silva Filho Em: 22/03/2013, às 10H04
Cunha e Silva Filho
Ainda me lembro do dia da posse do primeiro mandato do jovem Presidente Barak Obama, o primeiro negro a assumir o mais elevado cargo dos Estados Unidos, um evento e feito notável de exemplo dado pelos norte-americanos numa demonstração do quanto o velho estigma do racismo contra os negros está já distante dos conturbados anos de Martin Luther King Jr., da segregação infame entre brancos e negros, inclusive no ambiente escolar americano.
A vitória de Obama foi alvissareira, rendeu frutos à pátria grandiosa de Lincoln, de Jefferson, de Benjamin Franklin, de George Washington, de Franklin Delano Roosevelt, para citarmos figuras eminentes dos EUA. Obama foi uma divisor de águas, veio para realizar mudanças profundas na consciência do branco e do próprio negro americano e, no segundo mandato, na consciência de todos os imigrantes que procuram os Estados Unidos para viverem na condição de uma segunda terra natal.
Defeitos, vacilações, erros em Obama podemos reconhecer em sua administração. Porém, os acertos, sobrepõem-se aos erros e hesitações. Veja-se o seu comportamento agora na questão delicada entre palestinos e judeus. O que me primeiro me chamou atenção foi verificar que o Presidente americano não deu mostras de ser maniqueísta. Não se portou como estadista só em favor dos judeus com quem os EUA mantêm há muito tempo laços estreitos de bons relacionamentos diplomáticos. Conversou com as autoridades principais de Israel, Netaniahu, seu Primeiro-Ministro, homem um tanto intransigente e meio arrogante, Shimon Peres, personalidade política mais aberta ao diálogo, detentor do Prêmio Nobel de Paz ganho, conjuntamente, em 1994, com Ytzahak Rabim e Yasser Arafat, e hoje Presidente de Israel. Por outro lado, Obama teve conversações amistosas com o Presidente da Palestina, Mahmoud Abbas, que me parece um líder sério e comprometido com a paz entre Israel e a Palestina.
Apesar das manifestações contrárias à sua visita em solo palestino, Barak Obama sem arrogância mas com palavras em tom tranquilo declarou que se coloca a favor de que os palestinos tenham seu próprio Estado independente e não sejam injustiçados com as pretensões dos judeus de construírem cada vez mais moradias em terras palestinas. Esse é o ponto-chave da posição norte-americana em relação ao conflito interminável entre palestinos e judeus. Creio que caminhos mais abertos e pacíficos começam a se descortinar no horizonte geopolítico dos dois povos.
O ódio que parte do Oriente Médio e de outras regiões do mundo ainda devota aos EUA se deve a desastrosas políticas de natureza imperialista que os americanos por tanto tempo praticaram contra muitos países daquela região. Ou seja, parte do Oriente Médio e mesmo de países asiáticos sempre viram os norte-americanos como inimigos exploradores de povos mais atrasados e menos s protegidos das organizações internacionais, como a ONU, a OTAN, por exemplo. Invasões americanas a pretexto de estabelecer a segurança de povos em conflitos internos serviram ainda mais para aumentar o sentimento de ódio contra o que já se denominou o Império do Mal, sobretudo partindo dos iranianos e de outras nações que sempre consideraram os EUA como intervencionistas para obterem lucros políticos, econômicos ( traduza-se petróleo) e de hegemonia geopolítico-militar mundial. Todas as guerras na Ásia, sendo exemplo máximo de luta sangrenta a Guerra do Vietnam (1950-1975), na qual se envolveram os EUA, todos os conflitos no Oriente Médio, só em longo prazo poderão dissipar esta aversão crônica contra os norte-americanos, o mesmo se dando em países da América Central e América Latina.
Entretanto, creio que o governo de Bush Filho, foi o principal caldo entornado no recrudescimento do ódio dos Oriente Médio e da Ásia contra os norte-americanos. Infelizmente, devemos reconhecer que Bush Filho foi uma espécie de louco, ao mandar, sem motivo justo, invadir o Iraque, numa invasão por todos os ângulos injustificáavel, e usando o que de mais poderoso em armas poderia empregar o Exército norte-americano. Foi um verdadeiro gesto genocida de Bush Filho, que só o futuro irá mostrar até que grau de insanidade política pode podem alcançar determinações de um Presidente incompetente e despreparado para a sua função.
Com a invasão do Iraque, por exemplo, o nível do ódio aos americanos chegou ao ponto mais alto. A Bandeira americana rasgada, pisoteada e queimada era o sinal mais inequívoco do sentimento de revolta de muitos povos contra os Estados Unidos. Agora, é tempo de os Estados Unidos, sob a presidência de Obama neste segundo mandato, reabilitar-se diante dos estigmas malditos do passado da política e da diplomacia norte-americana. Muita coisa ainda resta a Obama realizar a fim de que o ódio aos americanos tão nocivo a eles mesmos e que só serve como estopim a atos terroristas no território americano, seja varrido da imagem de uma pátria outroa admirada pelas ilustres figuras mencionadas atrás neste artigo.
Lembra-se, leitor, como me alertou um filho meu estudioso do Direito e da História, do papel primacial e determinante das Forças Armadas norte-americanas durante fases cruciais na luta contra o nazi-fascismo durante a Segunda Guerra Mundial? Não se pode, portanto, só enxergar o lado mau do passado da Historia Americana. O povo norte-americano, no presente e no passado, também realizaram grandes feitos na História Mundial. Repito, não devemos ser maniqueístas e parciais. Os Estados Unidos não são apenas um país de guerreiros, mas de muitos homens ilustres que muito fizeram , nos vários campos do saber humano, pelo progresso mundial.