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Asa de Corvo 

Asa de corvos carniceiros, asa 
De mau agouro que, nos doze meses, 
Cobre às vezes o espaço e cobre às vezes 
O telhado de nossa própria casa... 

Perseguido por todos os reveses, 
É meu destino viver junto a essa asa, 
Como a cinza que vive junto à brasa, 
Como os Goncourts, como os irmãos siameses! 

É com essa asa que eu faço este soneto 
E a indústria humana faz o pano preto 
Que as famílias de luto martiriza... 

É ainda com essa asa extraordinária 
Que a Morte — a costureira funerária — 
Cose para o homem a última camisa! 

                                             Augusto dos Anjos