As vogais de água

As vogais de água

Rogel Samuel


Azenha nos fala de lugares (sagrados) onde chegam sons misteriosos milagrosos estranhos
sons de vogais de água, talvez de chuvas, talvez de fontes, talvez de mares, novos e
reunidos por assomos de memória, por redes vertiginosas de emblemas, de entoações
concentradas por palavras, por luzes e lanternas, por velas em "ii", por projetos
diluídos em água, em feminina água, em espelhos de água, onde transporta seus sonhos
de um lado para outro, abrindo a fórceps um buraco nos espelhos...






vogais de água
há lugares onde chegam vogais de água
lugares novos espantados que assomam à memória
por redes vertiginosas

as suas entoações concentram-se em palavras fabulosas
palavras luminosas sur-
preendidas pelos castiçais dos ii

um projecto de água

digo:

transportar o sonho de um lado para outro
abrir com toda a força um buraco nos espelhos

MARIA AZENHA
A chuva nos espelhos