[Miguel Carqueija] 

            Aqui no Rio de Janeiro e certamente, pelo país e pelo mundo, é difícil encontrar decorações de Natal que não sejam à base do Papai Noel. A isto se acrescentam guirlendas, bolas, luzes, árvores artificiais, pacotes falsos de presentes e agora andam acrescentando também bonecos de neve. O Menino é o grande esquecido e com ele, Maria, José. O presépio, a estrela de Belém.

            Temos assim uma festa materialista, consumista, onde o importante é comer, beber e trocar presentes além das caixinhas natalinas. O aspecto religioso é olvidado, posto para escanteio.

            Mas que é de fato o Natal? É a comemoração do nascimento de Jesus Cristo, o Redentor. Não pode ser outra coisa. E é por isso que a figura do Papai Noel não me inspira simpatia e nem penso quye os pais façam bem em ensinar tal fábulas aos filhos. Quando estes crescerem um pouco e entenderem que Papai Noel não existe saberão que papai e mamãe mentiram (que outro nome se pode dar a isso?). E podem inclusive questionar: quem garante que Jesus existe? Se mentiram sobre papai Noel, não estarão mentindo sobre Jesus? Isso, claro, no caso de pais que ainda falam em Jesus.

            É verdade que a lenda de Papai Noel vem, misteriosamente, de um santo verdadeiro da Igreja Católica: São Nicolau de Mira, que foi bispo e faleceu em 350; viveu na atual Turquia. Mas a Turquia é um país quente, e o Papai Noel (ou Pai Natal, como o chamam em Portugal, ou Santa Claus, nos estados Unidos e Canadá) teoricamente vive na Noruega, num frio polar ou quase, cercado por elfos artesãos e renas voadoras.

            É exdrúxulo ver sujeitos gordos ou com enchimentos, vestidos com roupas sufocantes em pleno verão carioca, bancando papais noéis. Será que o salário disso vale tal penitência?

            De qualquer modo é triste, realmente triste, ver por toda a parte essas decorações de consumismo, que em ver de trazerem à lembrança o Redentor da humanidade, que deu seu sangue por nós, trocado por um sujeito imaginário que dá... presentes, e que atiça a cobiça das crianças. E como ficam as que não podem receber presentes porque nem tem o que comer? O que pensarão disso?

            Está na hora de aprender que não se deve mentir para as crianças e muito menos ensiná-las a ser interesseiras. É melhor falar em Jesus e armar o Presépio.

 

             Rio de Janeiro, 12 de dezembro de 2016.