do Brasil 247
A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, deixou de lado o histórico de atritos com o jesuíta Jorge Mario Bergoglio, eleito novo papa nesta quarta-feira, para felicitar o papa Francisco pela eleição.
“Em meu nome, em nome do governo argentino e em representação do povo do nosso país, quero saudá-lo e lhe expressar minhas felicitações por ocasião de ter sido eleito como novo pontífice da Igreja Universal”, escreveu a presidente Argentina em mensagem enviada ao papa.
“É nosso desejo que tenha, ao assumir a condução e a liderança da Igreja, um frutífera tarefa pastoral, desempenhando tão grandes responsabilidades em favor da Justiça, da igualdade, da fraternidade e da paz da humanidade”, continua a presidente argentina. “Faço chegar a sua Santidade minha consideração e meu respeito”, finaliza Cristina.
Quem lê a mensagem nem imagina o vasto histórico de desentendimentos entre o outrora arcebispo de Buenos Aires e a família Kirchner. Pobreza, casamento entre pessoas do mesmo sexo, disputas no campo e o “clima de crispação” instalado no país, segundo Bergolgio, foram motivo de tensão nos últimos anos entre Igreja e governo na Argentina.
O pior momento dessa relação ocorreu durante o governo de Néstor Kirchner, ex-marido de Cristina e seu antecessor à frente do país. Néstor chegou a classificar Bergoglio como um expoente da oposição contra seu governo na Argentina. “Nosso Deus é de todos, mas cuidado que o diabo também chega a todos, aos que usamos calças e a os que usam batinas”, dizia, no momentos de maior desentendimento.
Histórico
Os desentendimentos com os Kirchner chegaram perto de uma trégua no segundo ano de governo de Cristina, em 2008, quando, após trabalhar junto com o governo para mediar um conflito no campo, Bergoglio convidou a presidente para comparecer a uma missa e ela aceitou. Mas já em 2009 o então cardeal voltou a desferir palavras duras contra o governo, dizendo que “o pior risco é homogeneizar o pensamento”, em referência à polarização incentivada pelo governo. A tensão foi aplacada por um encontro com a presidente na Casa Rosada, antes de uma viagem que ela faria ao Vaticano.
No ano seguinte, contudo, o projeto que acabaria por autorizar o casamento homossexual na Argentina começou a avançar no parlamento local, acirrando mais uma vez os ânimos entre governo e Igreja. Bergoglio liderou uma marcha contra o casamento gay e enviou uma carta a todos os sacerdotes incentivando-os a falar contra a questão e em defesa da família. Cristina reagiu: 'Me preocupa o tom que o discurso adquiriu; se propõe como uma questão de moral religiosa e atentadora da ordem natural, quando na realidade o que está se fazendo é mirar uma realidade que está aí'."
(http://www.esmaelmorais.com.br/2013/03/com-historico-de-atritos-cristina-kirchner-sauda-novo-papa-chico-1o/. O GRIFO É NOSSO)