APROFUNDAMENTOS - POEMA DE DIEGO MENDES SOUSA
Por Diego Mendes Sousa Em: 20/11/2024, às 20H01
APROFUNDAMENTOS
Refundar o tempo.
Refundar o espaço.
Refundar a alma
pelo espanto.
Refundar a ideia.
Refundar a casa.
Refundar a melancolia
pela dor.
Refundar o homem.
Refundar o pássaro.
Refundar a água
pela sede.
Refundar o sonho.
Refundar a utopia.
Refundar o nada
pela alquimia.
Refundar a linguagem.
Refundar o verbo.
Refundar a vida
pela ascese.
Refundar o vazio
pelo abismo.
Refundar a tristeza
pelo absurdo.
Refundar a beleza
pelo encanto.
Refundar a poesia
pelo canto.
Refundar o sofrimento
pela emoção.
Refundar o coração
na adivinha do ser?
Refundar o futuro
na ousadia relapsa
do não ser?
Refundar os aprofundamentos.
Refundar as superficialidades.
Refundar a genealogia
pela memória.
Refundar o presente
pelo passado.
Refundar o contemporâneo
pelo trágico.
Refundar a fé
pela solidão.
Refundar o obscuro
pela renovação.
Refundar a saudade
pelo estrangeiro.
Refundar o amor
pelo renascimento
a cada amanhecer.
Refundar a morte
pelo legado revelado.
Refundar à deriva.
Refundar o mar
pela chuva,
ou mesmo,
pelo labirinto
dos rios.
Refundar o pertencimento
pelo risco de não pertencer.
Refundar a história
pelo preclaro.
Refundar a precariedade
pela sabedoria.
Refundar o humano
pelo imaginário
metafísico.
Refundar os pensamentos.
Refundar os segredos.
Refundar os mistérios
Refundar o destino
pela esfinge.
Refundar a filosofia
pela liberdade.
Refundar o elogio
pela esperança.
Refundar a flor
pela raiz.
Refundar a errância
de tudo até refundar
a refundação
do mundo.
Poema de Diego Mendes Sousa
Pintura de Paul Gauguin