Animais na heráldica (VII)
Por Flávio Bittencourt Em: 03/12/2009, às 08H40
Animais na heráldica (VII)
Um castor coroado num brasão civil? Sim, um castor coroado num brasão civil!
UM CASTOR SEM COROA [símbolo real] (não é assim que ele aparece em certo brasão canadense):
AP Photo |
"2.309 metros de extensão e 185 de altura tiram de Itaipu título de maior dique do mundo" |
Ao heróico povo chinês, que se emancipou dos colonizadores-exploradores
do Ocidente (já que não os chineses não são trouxas),
aos trabalhadores mortos na construção da Represa das 3 Gargantas, em
Hubei, China e
ao operário-castor, animal que, na heráldica de atualidade, É REI!
3.12.2009 - Hoje aqui se falará de um animal que representa - como o cavalo e o burro, por exemplo - o trabalhador "braçal" (ou "dental"). Na verdade, não é com maõs e braços (nem com patas dianteiras), mas com os poderosos dentes, que o roedor conhecido como castor (Castor fiber [europeu] e Castor canadensis [americano], já estando, infelizmente, o Castor californicus extinto) constrói sua obra de hidroengenharia. [Fonte dos nomes científicos de castores: verbete 'Castor', da Wikipédia, na Web em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Castor)]
O que veio antes das marcas registradas - os famosos logos - da indústria, do comércio e dos serviços? As indicações de procedência, na antiguidade. Por exemplo: "Felix fecit" (em latim, "O Sr. Félix fez", "O Sr. Félix fabricou"). Além disso, registravam-se, no corpo do produto: o nome do lugar de onde o produto veio. E os brasões. De reinos, países, ducados, estados, principados, corporações, instituições, igrejas, famílias, pessoas. No Japão, havia e ainda há os escudos circulares. Na Escócia, padrões estampados remetiam a um ou a outro clã. E, desde a pré-história, os totens identificavam grupos humanos.
O início da cultura de massa está, dessa forma, em marcas apostas, por exemplo, em telhas, tijolos, jarros, pratos, lamparinas de terracota e assim por diante. Enquanto, na Idade Média, o arauto - ou heraldo - do rei falava para várias pessoas, em praça pública, na antiguidade emblemas marcários já começavam a ser criados. Veja-se esse nome de jornal norte-americano: New York Herald Tribune. Mídias da atualidade são heráldicas, portanto!
Quando se considera que a heráldica é algo ultrapassado, por distinguir famílias nobres ou ex-nobres, esquece-se de que, nos albores da criação das técnicas de reprodução massiva de produtos -, o artesão (como um pintor que assina uma obra de arte) assinava seus produtos não apenas por vaidade. Explica-se: é um direito do consumidor saber a proveniência dos produtos. Como não vivemos no paraíso, juntamente com o surgimento da indicação de proveniência surgiu a falsificação.
As relações entre design de brasões de armas e a cultura de massa é evidente. Um leão coroado é quase um clichê na heráldica. Mas um castor coroado é um elemento que remete à literatura infantil e infanto-juvenil de todos os tempos, mais exatamente a Esopo.
O interessante no brasão abaixo mostrado é que há outro animal coroado: um peixe. Um castor e um peixe, ambos coroados, num brasão que mais parece uma homenagem às estórias infantis do que um emblema heráldico. Evidentemente, pelo fato de castores serem associados ao trabalho de construção de represas, esse animal está mais próximo da figura do TRABALHADOR do que da figura do IMPERADOR. Não chegando a ser um emblema irônico, certamente é um curioso brasão metalinguístico, que parece nos querer dizer: NO SEU EMBLEMA, VOCÊ NÃO PRECISA USAR UMA ÁGUIA, UM LEÃO, UM CERVO, UMA SERPENTE, nem outro animal frequente em brasões, VOCÊ PODE USAR UM ORNITORRINCO, UMA CAPIVARA, UMA MINHOCA ou até o POPEYE, o AMIGO DA ONÇA ou A MÔNICA (personagem criada por Mauricio de Sousa).
A heráldica da atualidade - abstraído mundo do design das marcas-símbolos e dos logotipos industriais - ingressou também no circuito pop da cultura de massa, para a alegria dos "curtidores" da nona arte (estórias em quadrinhos), dos contos maravilhosos, dos mitos indígenas e das estórias do povo pobre das cidades e dos campos - e das terras firmes e das várzeas, quando se pensa na misteriosa e ubérrima Amazônia, por exemplo.
Um castor e um peixe, ambos coroados, em brasão da atualidade? Sim, um castor e um peixe, ambos coroados, em heráldico e atualíssimo "pop midiático" emblema. Se esse animal constrói diques e ajudou a impulsionar a colonização das Américas, então... ele é rei!
(http://archive.gg.ca/heraldry/pub-reg/project-pic.asp?lang=f&ProjectID=79&ProjectElementID=296)
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EZIO FLAVIO BAZZO (IV)
Relação dos livros escritos pelo Dr. Ezio Flavio Bazzo, de acordo com o respectivo verbete da Wikipédia:
"(...) Livros publicados [por E. F. Bazzo]
- 193 fragmentos de Cioran
- A Lábia Encantadora de João do Rio
- A Lógica dos Devassos
- A arte de cuspir
- As sutilezas do mau caratismo
- Assim falou Vargas Vila
- Barbeiros, espelhos e navalhaços
- Blasfematório
- Dymphne: A santa protetora dos loucos
- Ecce Bestia - Libertinagem com Animais
- Entre os gritos do Carcará e a Desfaçatez da Raça Humana
- Guilhotinas e Toilletes
- Lênin nos subterrâneos do Conic
- Maldições, Prazeres e Verdades
- Manifesto aberto à estupidez humana
- Máscaras e disfarces
- Mendigos - párias ou heróis da cultura?
- Necrocídio
- Os sapateiros da corte
- Prostitutas, bruxas, donas de casa
- Rapsódia a Samuel Rawet
- Vagabundo na China (...)". (http://pt.wikipedia.org/wiki/Ezio_Flavio_Bazzo)
A SEGUIR, REPRODUÇÃO DA CAPA DE UM DOS LIVROS RELACIONADOS.
(http://www.americanas.com.br/AcomProd/1472/693228)
REPRODUÇÃO DA CAPA DE UM DOS LIVRO DE E. F. BAZZO,
escritor que reside em Brasília que autorizou a transcrição de
textos de sua autoria nesta Coluna "Recontando estórias do
domínio público". UM DOS TEXTOS MAGISTRAIS DESSE
FILÓSOFO BRASILEIRO - que estou procurando, para transcrever
aqui para os amáveis leitores - DESCREVE A CÂMARA DE GÁS
DO CANIL DE BRASÍLIA, no qual cães vadios são mortos como
israelitas, ciganos, pessoas com opção sexual alternativa e até
deficientes físicos eram eliminados pelo governo hitlerista. BAZZO
É TAMBÉM FOTÓGRAFO, tendo fotografado, em vários países
de todos os continentes, mendigos, prostitutas e outros seres
que vivem à margem das sociedades onde, entretanto, são
até certo ponto tolerados [estas considerações são minhas e
não de E. F. Bazzo, FB].