Amizades


Rogel Samuel


"A amizade é um refúgio, uma comunidade sagrada, fraterna. É um dos "refúgios preciosos" de que falam os diferentes Budas. No tumulto do mundo moderno, o homem e a mulher devem encontrar refúgio. Quando se encontrou refúgio, os problemas desaparecem como um vôo de pássaros perturbados pela pedra de uma fisga. Perdem o seu peso, e põem-se a dançar.
Precisarias da força ascética do eremita, do mestre de sabedoria, para te libertar a ti próprio da cegueira e da ilusão. Hoje, o homem moderno não pode fazer nada sem a ajuda dos outros. Não vive nas solidões do Tibete, fora do mundo, protegido dos profanos pelo recinto sagrado do mosteiro. É o diálogo, a partilha, a reciprocidade que nos libertam, e nos trazem de novo à nascente Única, comum a todos os seres", escreveu Dugpa Rinpochê.


É uma arte, a fazer amigos. Uma arte rara. Na adolescência é fácil. Temos os amigos da escola, os colegas da faculdade. Na maioridade vai-se tornando difícil. Se você é professor universitário, difícil. A competição faz com que todos se tornem inimigos. Cordiais. Na família, depende de cada uma. Há famílias unidas e desunidas.

Mas na velhice os únicos são os remanescentes, os amigos antigos. E vão morrendo. Cada vez que morre um deles, mais a solidão nos cerca, como numa ilha.

É aí que forçadamente aprendemos a nos abrir para os outros e a conquistar novas amizades.

Dizia Hegel que a "necessidade" move a História.

E nossas vidas.