Amazon chega ao Brasil
Em: 07/12/2012, às 10H35
Lona Stevens e Carlo Carrenho - -
Agência PublishNews - E a Amazon chegou ao Brasil. Apenas 5 horas após a Kobo comemorar sua chegada ao Brasil em parceira com a Livraria Cultura, a gigante de Seattle abriu sua loja brasileira online. A loja começou a subir às 00h20 desta quinta-feira e, em www.amazon.com.br, já é possível adquirir e-books, mas o aparelho Kindle apenas "nas próximas semanas". O Kindle oferecido pela Amazon é um modelo básico, com WiFi, mas sem 3G ou touch screen. O preço: R$ 299,00. A Google conseguiu se antecipar e lançou sua livraria brasileira na Google Play às 23h45 da quarta-feira.
Entre os livros digitais oferecidos pela Amazon merecem destaque as obras de Ziraldo e Paulo Coelho. Uma edição de O Menino Maluquinho é usada para ilustrar as imagens de tablets e smartphones com os aplicativos da Amazon. Além disso, há uma edição gratuita de Os Haicais do Menino Maluquinho. Já Paulo Coelho possui uma página especial própria.
E foi uma longa caminhada desde as primeiras investidas no Brasil do peruano Pedro Huerta, responsável pela operação Kindle na America Latina, que começou a conversar com empresas brasileiras no início de 2011. As negociações não foram fáceis. O grupo Ediouro, por exemplo era, até muito recentemente, uma das editoras que não haviam fechado negócio com a Amazon. Até o último momento. “Fizemos o acordo”, confirmou na última quarta-feira, 5/12, Luiz Fernando Pedroso, vice-presidente do grupo, logo após assinar o contrato. “A expectativa é de que venham com tudo, mais uma varejista no mercado, e num mercado novo”, contou o executivo. A editora vai entrar no mercado digital com 500 e-books, entre os vários selos do grupo. Os contratos com a Saraiva e Kobo também foram assinados na mesma hora.
A editora Companhia das Letras confirmou semana passada o acordo com a varejista americana, após longa negociação: “Vimos uma série de detalhes, porque o digital é assim, tem que prever todas as situações possíveis, então acaba sendo muito demorado”, afirmou Fabio Uehara, responsável pelo departamento digital da editora. “Estamos bem animados nesse final de ano, após a onda de especulação, estamos aliviados que vai começar mesmo, a loja da Kobo está no ar, a da Apple também, eu acho que esse natal vai ser muito bacana”, completou Uehara. A editora está investindo pesado no digital, no início de 2010 eram 200 e-books, terminam o ano com 600 e esperam dobrar esse número em 2013. “Queremos publicar todos os lançamentos em e-book simultaneamente, estamos trabalhando no backlist, e pensando em novas possibilidades”, declarou Uehara.
Uma das editoras que estão mais presentes na chegada da Amazon é a Vergara&Riba, V&R, que começou as negociações do acordo com a Amazon logo no primeiro semestre desse ano. A chegada da varejista é promissora: a loja do Kindle tem uma página especial só para a série best-seller Diário de um Banana, onde já estão à venda os seis primeiros livros da série.“Estamos contentes com a entrada deles”, conta Sevani Matos, diretora da V&R Brasil, “vai ser interessante ver como eles vão criar o mercado do Kindle no Brasil. É preciso fazer uma campanha de marketing para estimular a compra do e-reader aqui, para não ficar só na mão de um consumidor que foi no exterior e comprou o aparelho, depois de todo o trabalho de transferência para o ePub”. Outros títulos também estarão à venda, como a coleção Maze Runner, e a editora se prepara para um 2013 digital: “Estamos conversando com a Saraiva, e na sequência deve ser a Kobo”, prevê a diretora, “como tem essa limitação do aparelho, é interessante estar no maior número de lojas virtuais possível”.
Fernando Baracchini, presidente da Novo Conceito, editora acionista da Distribuidora de Livros Digitais, a DLD, também está animado com a chegada da Amazon, e promete que a Novo Conceito terá presença forte na loja virtual.“É um marco, um divisor de águas, o mercado editorial vai ter uma era ‘antes da Amazon’ e ‘depois da Amazon’. E depois vai ser melhor, acho que é uma empresa séria, competente”, afirmou o presidente, que disse estar satisfeito com o acordo que a DLD fechou com a varejista, “foi bom para o mercado”. A editora de Baracchini está mergulhando de cabeça nessa nova fase do mercado, negociando com outros players como Apple, Google e Saraiva: “O Brasil está caminhando para um amadurecimento e o mercado editorial também está passando por isso. Quem está se preparando melhor para esses novos negócios no final das contas vai ter vantagem competitiva, vai valer a pena. Não tenho medo da chegada da Amazon, tenho entusiasmo”, concluiu o presidente.
A editora Intrínseca também se preparou para a chegada da Amazon e outros players internacionais “A Intrínseca tem orgulho de ser a única editora que lança o livro imediatamente no digital, junto com o livro físico, acredito que até o fim do ano que vem as vendas de e-books representarão 10% das vendas”, acredita Jorge Oakim, fundador e diretor da editora carioca. Para ele a chegada da Amazon é “uma oportunidade fantástica para o mercado editorial brasileiro, os livros vão ser mais baratos, a facilidade de compras vai ser maior. Vai ser ótimo para os leitores e, portanto, para as editoras também”, afirmou o editor, que fechou negócio com todos os outros players digitais, como a Kobo, Saraiva e Apple.