Cunha e Silva Filho


                       Estive há poucos dias em Curitiba, capital de um estado brasileiro onde ainda felizmente podemos morar com mais tranquilidade. Lá há muito verde, bom clima, lindas e altaneiras araucárias, um belo e majestoso centro da cidade, excelentes shopping centers, bons restaurantes. A cidade é limpa, tem amplas ruas e avenidas, e, como toda cidade que se preza, ainda tem o equilíbrio de combinar o velho e o novo sem exageros. Curitiba tem, contudo, trânsito já bastante movimentada e já apresenta, em certas horas, engarrafamentos. Seu transporte rodoviário - dizem os mais velhos – já foi melhor. Seus motoristas de ônibus não apresentam ainda um quadro da neurose das grandes urbes brasileiras. A cidade ainda não possui metrô. Oxalá não cresça muito para não o ter. Quando uma urbe tem metrô, é sinal de que seu tráfego já se tornou insuportável, como nas megalópoles.
                    Em Curitiba estive por duas razões principais: rever meu filho Francisco Neto, sua esposa, e minhas netinhas, duas lindas meninas. Viajei acompanhado de minha mulher Elza. Do prisma familiar, a viagem e a estada foram perfeitas. A segunda razão foi realizar um segundo lançamento de meu livro Breve introdução ao curso de Letras: uma orientação.
                  Devo a oportunidade do lançamento à amizade que fiz com um casal admirável, a Roza de Oliveira e o Julio Enrique Gómez. Conheci o casal numa das minhas viagens de ônibus do Rio de Janeiro para Curitiba. Roza é professora aposentada universitária de literatura, escritora, conferencista, poeta, ensaísta, declamadora exímia e trovadora notável. Julio Gómez é argentino de nascença mas curitibano de coração. É professor de piano, teoria e solfejo, concertista e pianista de música erudita e internacional. Ambos formam um par perfeito, quer afetiva, quer intelectualmente. 
                 A poeta Roza de Oliveira nasceu no estado do Rio de Janeiro, na cidade de Santo Antônio de Pádua. Aos sete anos, foi com seus pais residir no interior do Paraná, na cidade de Paranavaí. Nessa cidade, estudou e se graduou em Letras pela Faculdade de Filosofia Ciências e Letras. Fez Mestrado em literatura brasileira pela Universidade Federal de Santa Catarina, em Florionópolis. Em Paranavaí, iniciou sua atividade docente. Em 1979, mudou-se para Curitiba e foi lecionar literatura na Universidade Tuiuti a partir de 1996. A vida literária de Roza de Oliveira – pode-se afirmar a bem da verdade – tem sido pontilhada de intensa atividade, seja como escritora, seja como professora, seja como membro de importantes instituições culturais, sobretudo associadas à poesia, o que fez com que ela se tornasse uma figura de grande expressão no meio intelectual paranaense.Como se não bastasse tudo isso, Roza ainda mantém um outro encargo na área literária, que é sua atividade docente na Oficina Permanente de Poesia, promovida pela Biblioteca Pública do Paraná e pela Academia Paranaense de Poesia.
              Com o pianista Julio, Roza está permanentemente realizando eventos lítero-musicais praticamente em todo o estado paranaense e – diga-se – com sucesso.
               Nunca me deparei com um casal que constituísse uma espécie de unidade artística superior formada de alma, corpo, poesia e música. Esse casal culto, generoso, amigo, hospitaleiro, prestativo foi, no plano da amizade, um dos acontecimentos mais comoventes e caros que já me ocorreu nos últimos anos.
              Foi, por intermédio de Roza e por seu prestigio e recomendação que entrei em contato com a Chefe de Divisão de Difusão Cultural da Biblioteca Pública do Paraná, a Maria da Graça Simão Gonçalves, uma profissional competente e não só competente, mas dotada de rara sensibilidade em favor da cultura, desenvolvimento e difusão da atividade da leitura no estado do Paraná. A Biblioteca Pública do Paraná foi criada em 07 de março de 1857, passou por várias sedes até conseguir finalmente a sua sede definitiva, em construção inaugurada em 1956. Iniciara com um acervo de 251 volumes e hoje dispõe aproximadamente de 500 mil volumes, sem se falar nos periódicos, discos, mapas, manuscritos, fitas de vídeo, CD-ROMs, partituras, livros em Braille e audio-livros. Atualmente, a sua frequêcia de usuários /dia é, em média, de 3.000 e de uma media diária de 1.600 empréstimos, o que a coloca na privilegiada posição de uma das bibliotecas mais visitadas em todo o país.
          Lendo com atenção o Boletim Informativo nº 172 – Março de 2010 dessa biblioteca, bem podemos facilmente testemunhar a operosidade e dedicação demonstradas pela direção dessa Biblioteca Pública, na pessoa de Cláudio Gamas Fajardo e no zelo e devotamento exemplares da Maria da Graça Simão Gonçalves, assim com de toda a equipe envolvida no esforço conjunto de tornar cada vez mais eficiente os serviços oferecidos por esse órgão público.
         A direção da Biblioteca Pública do Paraná colocou à minha disposição o espaço do seu Hall térreo, possibilitando, dessa forma, a realização do lançamento do meu livro, inclusive exibindo, no quadro mural, uma belo painel reproduzindo eletronicamente, em tamanho grande, a capa do meu livro, assim como, no mesmo plano e em tamanho bem visível, à direita, dados informativos do meu curriculum. A par disso, o serviço de difusão da Biblioteca Pública do Paraná divulgou, de maneira impressa, no mencionado Boletim Informativo, a notícia do dia, data e horário do lançamento do meu livro, inclusive virtualmente, permitindo, assim, que centenas de pessoas ligadas à Biblioteca pudessem ter acesso ao anúncio do evento.
        Por outro lado, a minha amiga Roza incumbiu-se gentilmente de enviar notícias via e-mail sobre o lançamento para diversos contatos seus pessoais e institucionais. 
       Após fazer uma breve apresentação do autor ao público presente a essa tarde/noite de autógrafos, a poeta Roza de Oliveira, declamou, com o talento que Deus lhe deu,  trovas, belas trovas plenas de ritmos, de musicalidade, de delicada celebração  ungidas de amor divino  e especialmente escritas para o evento e dedicadas ao autor. Em seguida, fiz uma breve palestra sobre o tema do meu livro, reafirmando aquilo que nele, a meu juízo, merece acentuar: o meu desejo de que os estudos de Letras alcancem um lugar maior de projeção, respeito e de merecido destaque no desenvolvimento cultural brasileiro, visto que a experiência me tem ensinado que nenhum país pode atingir sua maioridade intelectual se não se atribuir um lugar privilegiado aos estudos humanísticos, em especial o estudo da língua e literatura, tanto no sentido nacional quanto universal.
       Releva sobremodo frisar que, durante o lançamento, pudemos contar com a apresentação de um excelente repertório musical ao piano a cargo do meu amigo Julio Enrique Gómez. Seu virtuosismo musical foi um dos pontos altos do lançamento e só veio abrilhantar enormemente o evento. Nem é preciso afirmar o quanto isso tudo significou para o meu espírito e para a alegria de minha família.
     Finalmente, caberiam por justiça mais dois agradecimentos. O primeiro, ao jornalista Wilson de Araújo Bueno que, na sua conhecida e bem lida coluna da Gazeta do Povo, de Curitiba, anunciou, no dia 13 deste mês, o lançamento do meu livro. O segundo seria dirigido ao editor e livreiro Chain pela gentileza de colocar à venda, na sua prestigiada Livraria Chain, alguns exemplares da minha obra. Com um e outro tive o prazer de entreter proveitosa conversa.