[Maria do Rosário Pedreira]

Na sexta-feira passada, acordei com a notícia de que o governo do Brasil decidira adiar a obrigatoriedade do Acordo Ortográfico (AO) até, pelo menos, 2015. Sempre tive a impressão de que fora o Brasil a puxar pelo dito e nós a irmos atrás para não perdermos o comboio, que é como quem diz para não perdermos para eles, entre outras coisas, o mercado nos países africanos de língua portuguesa. Como sou contra muitas das alterações propostas pelo AO (e não vale a pena voltar a isso, porque já falei do assunto aqui bastantes vezes), fiquei aliviada por pensar que, se os brasileiros adiam, é porque perceberam provavelmente que o AO não é assim tão bom e quiçá, mais ano menos ano, o arrumam numa gaveta e o esquecem. Porém, nesse mesmo dia, ao regressar a casa com o rádio sintonizado na TSF, percebo, pela intervenção de alguém com mais informação do que eu, que no Brasil existe um projecto que responde pelo nome Acordar Melhor e que, ao contrário do que acreditei ingenuamente, é uma proposta para se ir ainda mais longe nas alterações, razão por que se sustém agora para planear direitinho (com sotaque brasileiro e tudo) e pôr cá fora lá para 2016 uma versão ainda com mais espinhos para pessoas como eu. Bem, já não se pode, pelos vistos, acordar bem, que vem logo a ameaça do Acordar Melhor para nos tirar de vez o sono…