Um dia após as presidentes Dilma Rousseff e Cristina Kirchner se reunirem em Buenos Aires, a Vale fechou acordo com sindicatos e autoridades argentinos na noite de ontem, obtendo a liberação da Justiça do país para demitir os cerca de 6 mil funcionários diretos e indiretos envolvidos no projeto de exploração de potássio Rio Colorado, em Mendoza. No encontro bilateral, Dilma indicara que gostaria que a empresa permanecesse no país. Paralelamente, a mineradora mantém negociações com potenciais interessados nos ativos. A Vale não deu detalhes dos termos do acordo. Segundo o jornal de Mendoza "Los Andes", a empresa teria se comprometido a pagar metade do salário de 2.900 empregados até outubro. O acordo foi fechado entre a Vale, o governo da província de Mendoza e a Unión Obrera de la Construcción de La República Argentina (Uocra), que representa os trabalhadores. O governador Francisco Pérez, que participou das negociações, admitiu que há incertezas quanto ao futuro do projeto, apesar de manter a busca por novos investidores. - Não vamos gerar falsas expectativas - disse Pérez. Oficialmente avaliado em US$ 6 bilhões, Rio Colorado era o maior investimento da História da Argentina. Também era um dos mais importantes projetos no exterior na carteira de investimentos da Vale e tinha uma importância estratégica para o Brasil. Grande parte das 4,3 milhões de toneladas de potássio - matéria-prima para a indústria de fertilizantes - que seriam produzidas por ano seria exportada para o Brasil, que é deficitário em fertilizantes. Com a alta da inflação na Argentina e as medidas de controle do câmbio, o custo do projeto foi elevado a US$ 11 bilhões, o que o tornou inviável. Na quinta-feira, o presidente da Vale, Murilo Ferreira, dissera em teleconferência que pretendia sair do país de forma "pacífica" e "adimplente com empregados e fornecedores". Disse ainda que esperava que o projeto fosse implantado "com outros sócios". A empresa reservou US$ 611 milhões do seu orçamento deste ano para quitar essas dívidas, dos quais US$ 308 milhões já foram desembolsados. Até agora, já foram investidos US$ 2,5 bilhões em Rio Colorado. A Vale anunciou em 11 de março a suspensão do projeto e a consequente demissão dos seis mil empregados. O governo argentino, no entanto, ordenou que a empresa cumprisse o prazo de reconciliação obrigatória, pelo qual ela teria de negociar as demissões com os sindicatos locais. Por determinação da Justiça, esse prazo chegou a ser prorrogado em 18 de abril por mais 30 dias, tempo pelo qual a empresa teria que manter o pagamento dos salários. Com o acordo fechado ontem, a empresa dará início aos processos de demissões."

(http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2013/4/27/argentina-vale-faz-acordo-para-demitir-6-mil)