Dizem que todo brasileiro entende de futebol. Por outro lado, alguém já disse que não sabemos votar. Em vista de essas teses, penso que, se os jogadores da seleção brasileira de futebol fossem escolhidos pela população, por meio do voto, teríamos uma seleção com as mesmas características dos nossos governantes e parlamentares. Acham que não? Dizemos que não gostamos desse ou daquele candidato a vereador, deputado, senador, prefeito, governador, até a presidente da república, porque ele é desonesto, incompetente, demagogo, mas, sempre, a cada eleição, quando da apuração dos votos, lá estão figuras com os mesmos vícios sendo eleitas. Com o escrete canarinho aconteceria do mesmo modo: técnico e jogadores de quem reclamamos toda vez que a seleção vai mal, certamente, seriam quem escolheríamos para integrá-la.
     A propósito, ainda, de seleção brasileira de futebol. Andamos muito impacientes com a nossa. Joga ela com a Alemanha, que disputa as eliminatórias para a copa do mundo e está muito bem, com um grupo de jogadores que se conhecem pouco, perde por um placar apertado e nós a excomungamos e a seu técnico. Derrubamos o treinador e sua comissão técnica; novas convocações, velhos problemas de entrosamento e vem um jogo com a Inglaterra, que também busca vaga para a próxima copa, e de quem perdemos por um mísero gol. Em seguida, Itália, a quem enfrentamos com um time em que peças importantes foram perdidas logo após a convocação, devido a problemas de saúde, e que mal treinou noventa minutos; não aplicamos uma goleada nos italianos porque nosso treinador mexeu mal na equipe no segundo tempo; empatamos, diga-se de passagem, com uma seleção que, como os outros adversários, está muito bem colocada na tabela de classificação para o campeonato mundial. E veio a Rússia, invicta em seu grupo de eliminatórias, e, dessa vez, vamos com um time diferente do que empatara com a Itália; empatamos novamente, com um gol feito na raça, na força e na técnica, nos minutos finais da partida. É difícil, para qualquer um, ganhar de equipes tradicionalmente fortes, por que não para nós?
     A impressão que me advém é que estamos exigindo de nossa seleção mais do ela, pelos motivos já explicados e por outros a explicar, nos pode dar. Vi, outro dia, a Espanha, havida como a melhor seleção do mundo na atualidade, depois de um mal resultado jogando em casa, enfrentando a França, outra grande seleção, e com a obrigação de vencer; ambas, para meu gosto, jogaram mal e porcamente. Os espanhóis venceram, graças a um gol chorado no final da peleja.
Somente porque somos pentacampeões mundiais não quer dizer que devemos, sempre, permanentemente, ou, pelo menos, até que alguém nos supere em quantidade de títulos, considerar-nos os melhores do universo. Não estamos sendo, e isso é fato. Há gente, muito pouca, frise-se, hoje, em condições técnicas superiores a nós.
     Assisti jogarem Argentina, Uruguai, Paraguai e Colômbia contra Bolívia, Chile, Venezuela e Equador; das supostas grandes seleções sul-americanas disputantes de vagas para a copa do mundo no Brasil, a Argentina com o melhor jogador do mundo, Lionel Messi, não passou de um empate insosso com o esquadrão boliviano; o Uruguai tombou diante do Chile; o Paraguai foi goleado pelos equatorianos e a Colômbia perdeu para a Venezuela. E olhem que estamos falando de seleções prontas, que somente pelas atuais eliminatórias, fizeram mais jogos que a nossa nos últimos anos.
     Confesso não ter visto o Brasil jogando tão ruim nas últimas apresentações; enfrentamos ótimas equipes e que estão em ritmo de competição, enquanto nós, fazendo amistosos que, sequer pontos para o ranking da FIFA valem.
     Antes de votarmos em dois mil e quatorze já teremos realizado a copa das confederações e a do mundo. Ganhando ou não esses torneios, tomara venhamos a escolher bem nossos próximos melhores parlamentares e governantes.
Antônio Francisco Sousa – Auditor-Fiscal ([email protected])