[Flávio Bittencourt]

A sabedoria e a experiência de Reinaldo Azevedo, de Veja

Água mole em PT queixo-duro tanto bate até que fura!

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O grande Cabrera Infante,

escritor cubano genial, firmemente dissidente

do regime ditatorial dos irmãos Castro:

 

(http://www.arquitrave.com/entrevistas/arquientrevista_Gcabrera.html)

 

 

 

 

 

CAPAS DE LIVROS DO

ESCRITOR DISSIDENTE

GUILLERMO CABRERA INFANTE (1929 - 2005):

 

 

 

NÃO AOS MÉDICOS CUBANOS - Jair Bolsonaro,

Youtube: 

Publicado em 22/05/2013

"GOVERNO PETISTA DOOU 1 BILHÃO PARA CUBA EM ATOS SECRETOS" Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional 21/05/2013 - CURTA ➨ http://www.facebook.com/CanalDaDireita

 

 

 

 

 

 

"RECORDAR É VIVER"

(DITADO POPULAR)

 

 

 

 

 

 

OUTUBRO DE 2010:

O SBT Repórter desta segunda, dia 25/10/10, é um especial sobre o Teleton. O jornalístico conta a história de quem supera limites e a de quem se dedica a melhorar a condição humana de brasileiros especiais:

(http://sessao.tv.br/2010/10/24/sbt-reporter-especial-sobre-teleton-celebra-os-60-anos-da-aacd/)

 

 

 

 

 

 

 

CÉSAR FILHO,

JORNALISTA NOTA MIL DO SBT:

(http://paginadosilviosantos.com/pags/grade_noticias_filmes/grade/resumo_programas/jornalismo.htm)

 

 

 

 

 

 

"CÉSAR FILHO AFIRMOU HOJE (10.7.2013), PELA MANHÃ,

QUE SE ELE DISSER O QUE PENSA VAI EM CANA; JÁ EU, DE MINHA PARTE,

AFIRMO APENAS QUE OS SENADORES BRASILEIROS TIVERAM A INSENSATEZ DE,

NESTE MOMENTO, VOTAR A FAVOR DO NEPOTISMO; NÃO QUERO O 

quanto pior, melhor, QUERO OS MEUS DIREITOS DE NÃO VOTAR

(O TRAVESTI LACRAIA FALECEU)"

 

F. A. L. B.

 

 

 

 

 

 

"VIVA O BRASIL!

FORA PT!"

 

 

 

 

 

 

(http://pt.wikipedia.org/wiki/Jair_Bolsonaro)

 

 

 

 

 

10.7.2013 -     F.

 

 

VEJA:

"Blogs e Colunistas

 

Cuba

20/05/2013

às 18:13

O curso superior de Medicina do MST… Ou: Vamos combater vírus, bactérias e fungos com discurso socialista!

O Ministério da Saúde vai importar médicos de Cuba, como já está claro. Atuarão no país sem qualquer crivo, exame, nada. Não poderão participar de determinados procedimentos, mas quem se importa, não é mesmo? Também se fala em trazer médicos da Espanha e de Portugal para tentar, hipocritamente, tirar o caráter de exceção do caso cubano.

O mais tragicamente engraçado nisso tudo é que o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, anunciou, no dia 22 de março, a suspensão de 100 novos cursos de direito. Alegou questão de qualidade. Para obter o diploma, os estudantes terão agora de fazer estágio em órgãos públicos ou escritórios privados de advocacia que atuem em órgãos públicos. A OAB concordou. Seria uma forma de qualificar os formandos e evitar a reprovação em massa no exame da ordem. É só uma medida autoritária e irrelevante, mas que passa a impressão de que algo está sendo feito…

É claro que advogados com formação deficiente podem fazer mal a seus clientes e coisa e tal, mas convenham: raramente são um caso de vida ou morte. Já com os médicos… Pois é.

Não só os médicos de Cuba virão ao Brasil como, é evidente, os brasileiros que foram cursar medicina na Ilha da Fantasia voltarão ao país. Abaixo, vocês veem depoimentos colhidos para propagandear as bolsas concedidas pelo regime cubano a estudantes de medicina brasileiros. Assistam. Volto em seguida.

Voltei
Alguma dúvida sobre os critérios de seleção empregados? Acho que não. Em breve, tudo indica, teremos centenas, quem sabe milhares, de médicos preparados para combater vírus, bactérias, fungos, perebas, malária, desnutrição, dengue e melancolia com… discurso socialista. 

Por Reinaldo Azevedo

03/05/2013

às 3:51

Yoani Sánchez: “Dilma está brincando com fogo sobre situação em Cuba”

Leiam trecho da entrevista concedida por Yoani Sánchez ao repórter Jamil Chade, do Estadão, publicada em seu blog:

No Dia Internacional da Liberdade de Expressão, blogueira fala ao Estado sobre sua viagem ao Brasil, sobre o futuro de Cuba, sobre Chávez e sobre seus projetos pessoais.

GENEBRA – A presidente Dilma Rousseff está “brincando com fogo” sobre a situação em Cuba e Havana estaria usando a disposição do Brasil para dialogar para adiar qualquer tipo de reforma mais significativa em seu regime. O alerta é da ativista e blogueira, Yoani Sanchez. Em entrevista a este blog durante sua passagem por Genebra às vésperas do Dia Internacional da Liberdade de Expessão, a dissidente cubana revelou que ficou surpreendida com a violência das ações contra ela durante sua passagem pelo Brasil, há um mês. Mas acredita que a ação foi organizada pela prórpria embaixada cubana em Brasília e insiste que as “intimidações” não vão conseguir que ela abandone seu questionamento sobre o regime. Eis os principais trechos da entrevista:

P – Como a sra avalia a posição do governo brasileiro em relação à Cuba…
Yoani Sánchez – Dilma está brincando com fogo com Havana. O governo brasileiro está fazendo uma aposta de que o regime quer mudar. E, normalmente, o governo de Havana usa muito bem isso a seu favor. Ela acha que pode reformar o sistema por dentro, influenciar. Mas vai ser enganada. O governo vai usar isso para se manter. É ainda assim útil ter países com essa visão do Brasil. Mas acredito que não terá resultado.

P – Durante a passagem da sra pelo Brasil, vimos vários protestos contra a sra. Como avalia isso?
Yoani Sánchez – Não ocorreu apenas no Brasil e foram sempre organizadas pela embaixada cubana nos países em que estive. Eu optei por ir ao Brasil primeiro e sabia que não seria o mais fácil. Mas não queria ir para os EUA. Isso daria margem para que me dissessem que, assim que pude, fui justamente ao colo dos americanos. No Brasil, alguns casos chegaram a ser violentos, até puxando meu cabelo, com ofensas. A embaixada cubana inclusive entregou um dossiê sobre minha pessoa a vários grupos, inclusive a funcionários do governo brasileiro. Mas acredito que eles mesmos viram que não funcionou e até tiveram de mudar de estrategia. Posso confirmar, porém, que em certos momentos foi muito difícil. Mas decidi continuar e vou até o final.

P – E qual o resultado que a sra acredita que teve sua viagem ao Brasil…
Yoani Sánchez – Acredito que ajudou a entender o que é que vivemos em Cuba e o povo brasileiro talvez saiba mais hoje. A realidade é que, nos dias que passei pelo Brasil, meus seguidores no Twitter aumentaram em 38 mil. Quero muito voltar ao Brasil e espero que isso possa ocorrer logo.
(…)

Por Reinaldo Azevedo

09/04/2013

às 6:17

Ministro Pimentel torna “secretos” os financiamentos para os governos de Cuba e Angola. É o país da “Começão” da Verdade

Parece piada, mas é verdade. O país que tem a Comissão da Verdade para cuidar de questões que completam 50 anos em 2014 e que aprovou a Lei de Acesso à Informação acaba de tornar “secretos” os documentos relativos a financiamentos do governo brasileiro para Cuba e Angola, dois países socialistas. Angola, só para registro, é considerado um dos países mais corruptos do mundo. Leiam o que informa Rubens Valente, na Folha:

O ministro Fernando Pimentel (Desenvolvimento) tornou secretos os documentos que tratam de financiamentos do Brasil aos governos de Cuba e de Angola. Com a decisão, o conteúdo dos papéis só poderá ser conhecido a partir de 2027. O BNDES desembolsou, somente no ano passado, US$ 875 milhões em operações de financiamento à exportação de bens e serviços de empresas brasileiras para Cuba e Angola. O país africano desbancou a Argentina e passou a ser o maior destino de recursos do gênero.

Indagado pela Folha, o ministério disse ter baixado o sigilo sobre os papéis porque eles envolvem informações “estratégicas”, documentos “apenas custodiados pelo ministério” e dados “cobertos por sigilo comercial”. Os atos foram assinados por Pimentel em junho de 2012, um mês após a entrada em vigor da Lei de Acesso à Informação. É o que revelam os termos obtidos pela Folha por meio dessa lei.

Só no ano passado, o BNDES financiou operações para 15 países, no valor total de US$ 2,17 bilhões, mas apenas os casos de Cuba e Angola receberam os carimbos de “secreto” no ministério.
(…)

Por Reinaldo Azevedo

26/02/2013

às 19:18

Patriota vai ao Senado tentar explicar dossiê contra Yoani

Na VEJA.com:
Governo e oposição fecharam um acordo nesta terça-feira para que o ministro de Relações Exteriores, Antonio Patriota, compareça ao Senado para explicar a participação de um assessor da Presidência da República na reunião em que foi discutido um plano para tentar desmoralizar a blogueira Yoani Sánchez durante sua visita ao Brasil. Patriota confirmou a líderes de partidos governistas que irá ao Congresso, mas a data ainda não foi definida.

Conforme revelou VEJA, militantes do PT, PCdoB e filiados à CUT participaram de uma reunião na embaixada de Cuba em Brasília, no início do mês, e receberam instruções do embaixador Carlos Zamora Rodríguez para tentar desqualificar a ativista. O coordenador-geral de Novas Mídias da Secretaria-Geral da Presidência da República, Ricardo Poppi Martins, participou do encontro e também recebeu um dossiê contra ela.

Durante a passagem pelo país, Yoani enfrentou protestos de baderneiros em São Paulo, Pernambuco, Brasília e na Bahia. Ao deixar o país, após uma visita de dois dias ao Rio de Janeiro, a blogueira ironizou as manifestações no Twitter: “Por dois dias, não houve manifestantes contra mim. Não se manifestaram no Rio de Janeiro. O que houve? Não pagaram a passagem para eles?”, escreveu.

Por Reinaldo Azevedo

25/02/2013

às 18:45

Yoani ironiza ausência de baderneiros em sua passagem pelo Rio: “Não pagaram a passagem deles?”

Com informações da VEJA.com:

A dissidente cubana Yoani Sánchez deixou o Rio nesta segunda com críticas aos baderneiros pró-Cuba que tumultuaram a viagem dela pelo Brasil. No Twitter, ironizou: “Por dois dias (período em que Yoani esteve no Rio), não houve manifestantes contra mim. Não se manifestaram no Rio de Janeiro. O que houve? Não pagaram a passagem para eles?”. Durante a estada da cubana no país, ela passou por Pernambuco, Bahia, Brasília, São Paulo e, por último, Rio de Janeiro. Nas quatro primeiras unidades da federação, a blogueira enfrentou protestos. Em alguns casos, o evento programado teve de ser cancelado pela confusão armada por grupos favoráveis ao regime castrista. Conforme VEJA revelou, antes da chegada de Yoani ao Brasil, o governo cubano escalou um grupo de agentes para vigiá-la e recrutou outro com a missão de desqualificá-la a partir de um dossiê.

Pelo microblog, acrescentou: “A minha hipótese é de que os atos de intolerância contra mim fracassaram como estratégia (do regime cubano). A solidariedade gerada foi maior do que a rejeição”, escreveu. Yoani agradeceu os que a ajudaram durante a passagem pelo Brasil e também aos que “de forma respeitosa mostraram o desacordo em relação à minha visita. Isso é democracia”.

Yoani usou a rede social para dizer que o saldo da vinda ao Brasil foi positivo por ter ajudado a divulgar a realidade de Cuba e a ausência de direitos no país de Fidel Castro. “Agora que pude ter acesso à internet, estou me informando sobre muitas coisas que desconhecia”, disse, completando: “Tantas mentiras, tantos silêncios, tantas distorções na história que me ensinaram. E, de repente, posso saber sobre tudo isso em um clique”.

No Rio, onde conseguiu fazer passeios turísticos, disse ao deputado federal Otávio Leite (PSDB), um dos guias de Yoani na cidade, que escreverá um livro sobre a vinda ao Brasil. A ativista afirmou que tem como sonho fundar um jornal em Cuba e prometeu voltar ao Brasil, apesar dos percalços criados pelos baderneiros ligados a partidos de esquerda.

Por Reinaldo Azevedo

25/02/2013

às 7:20

Como turista, Yoani tem dia de sossego. Ou: Rumo ao aplauso num país que conheceu o comunismo

A blogueira cubana Yoani Sánchez visita o Rio e vive seu dia de turista: em paz! (Foto: Luís Bulcão)

Yoani Sánchez teve, neste domingo, seu dia de turista no Rio. Passeou e tirou fotos. Não foi importunada pela canalha que a vaiou em Recife, na Bahia e em São Paulo, impedindo-a de falar. O recado é mais ou menos este: como turista, pode ficar; como dotada de uma voz política, que critica a tirania, ah, isso não pode, não!

“Reinaldo agora deu pra achar Yoani genial…” Nunca disse que o pensamento político dela me encanta. Há formulações que são até ingênuas. Mas é isso que está em debate? Ainda que ela fosse agente da CIA, teria o direito de falar. A questão é saber por que a CIA tentaria cooptá-la. A agência deve estar mais preocupada com o Irã. Se a gente pode ter uma espécie de agente cubano dentro da secretaria-geral da Presidência, poderíamos tolerar Yoani como submarino dos EUA, né? Quanta bobagem!

A blogueira cubana segue hoje para a Europa. Parece que a primeira etapa é a República Checa. Deve ser recebida de modo civilizado, com aplausos. A razão é simples. O país passou pelo comunismo e sabe muito bem o que é o regime. Lá não existem esses bananas cooptados por professores nas escolas de segundo grau.

Os professores de lá conhecem os horrores do regime sobre a qual mente uma boa parcela dos de cá.

Por Reinaldo Azevedo

25/02/2013

às 7:03

Raúl Castro, o assassino nº 2 de Cuba, terá mais cinco anos de mandato; surge nome do possível sucessor

Raúl Castro, irmão de Fidel, foi confirmado neste domingo pela Assembleia Nacional para mais um mandato de cinco anos — o seu último, segundo ele mesmo — à frente da Presidência de Cuba. Que generoso! Fará 81 anos em junho. Com 86, promete largar o osso. Em 2018, a dupla completará modestos 59 anos no poder. Era esse regime que aquela súcia aplaudia por aqui, enquanto agredia Yoani Sánchez. É disso que eles gostam. Abaixo, reproduzo trecho de um texto publicado no Estadão. Antes vejam esta foto, que mostra o estadista quando jovem, vendando com dedicação burocrática os olhos de um homem prestes a ser fuzilado. O regime fez 100 mil vítimas — pelo menos 17 mil foram fuziladas depois da vitória dos irmãos carniceiros.

O presidente cubano, Raúl Castro, reeleito ontem pela Assembleia Nacional para seu último mandato de cinco anos, disse que a escolha de Miguel Díaz-Canel, de 52 años, como o primeiro vice-presidente do Conselho de Estado – na prática, o favorito na linha de sucessão – é o início da “transferência paulatina e ordenada de poder para as novas gerações”.

“É um passo definitivo na configuração da futura direção do país”, disse Raúl em seu discurso. “A renovação é um processo que deve continuar nos próximos cinco anos, e prosseguir de maneira ininterrupta, para evitar que não tenhamos uma reserva de quadros preparados.”

Com a aposentadoria de Fidel e Raúl, Cuba terá, pela primeira vez, um líder de fora da família Castro a partir de 2018, quando os irmãos completariam quase 60 anos no poder. Para muitos cubanos, no entanto, a saída da velha guarda não significa necessariamente mudança.

“Entendo que tem de haver uma renovação no poder com mais gente jovem ocupando os altos cargos do governo. Contudo, precisamos de jovens com mentalidade jovem. De nada adianta que venham jovens com a mesma mentalidade dos velhos. Isso não vai resolver os problemas dos cubanos”, disse o economista e analista político Oscar Espinosa Chepe.

O especialista, que integrou os quadros do Partido Comunista Cubano (PCC) por quase 20 anos antes de passar para a dissidência, afirmou que Díaz-Canel, por toda sua carreira no governo, “sempre manifestou total lealdade a Fidel e a Raúl”. “Não acho que ele seja um homem de mudança. Ele sempre foi muito fiel (aos irmãos Castro). Precisamos de jovens com um pensamento renovado, para levar a cabo as transformações que Cuba requer neste momento. Precisamos de vontade de mudança entre os líderes do país, não continuidade, principalmente em virtude da iminência do risco da perda do vínculo com a Venezuela.”
(…)

Por Reinaldo Azevedo

24/02/2013

às 9:58

Não é que eles amem tanto o comunismo… Eles amam mesmo é a ditadura!

Por que Yoani Sánchez, mulher de aparência frágil, fala doce e textos nada inflamados, provoca a fúria de alguns dinossauros da ideologia mundo afora, inclusive no Brasil? A resposta não é simples.  Ainda que as esquerdas contemporâneas tenham mudado a sua pauta, e já não se encontrem mais comunistas de verdade nem em Pequim (restaram alguns apenas nas universidades brasileiras), é certo que elas conservam o gene totalitário e o ódio à democracia e à pluralidade. Herdaram do passado uma concepção de sociedade que as coloca como a vanguarda da história.

Essa vanguarda seria a caudatária legítima de todas as lutas em favor do progresso, da igualdade e da justiça e, por isso, estaria habilitada a conduzir a humanidade para o futuro. Elas se consideram dotadas desse exclusivismo moral — e, em nome dele, tudo lhes seria permitido. Os que não aderem à sua pauta, pouco importa o conteúdo, seriam forças da reação, agentes do atraso, sabotadores do progresso. A história é rica em exemplos. A depender das necessidades, o comunismo internacional ora se alinhou com o nazi-fascismo “contra o imperialismo”, ora com o imperialismo “contra o nazi-fascismo”. Seus comandados defenderam com igual entusiasmo uma coisa e outra e, em ambas, vislumbraram o caminho para a redenção do homem. Afinal, os donos da história sempre sabem o que é melhor para a humanidade.

Esses grandes embates ficaram no passado. Desmoronou também a ambição de se criar um modelo econômico alternativo ao capitalismo. Setenta anos de história bastaram para evidenciar a impossibilidade, restando, a exemplo de Cuba, algumas experiências que vivem de esmagar as liberdades individuais e que se impõem pela violência. O capitalismo fatalmente chegará à ilha hoje tiranizada pelos irmãos Raúll e Fidel Castro não porque a história tenha acabado, e esse modelo de sociedade vencido. O capitalismo chegará justamente porque a história não acabou, e o estado comunista fracassou no seu intento de refundar o homem, a economia, a ciência, a natureza e até a metafísica. Não custa lembrar que as esquerdas é que eram partidárias do “fim da história”, não os liberais.

O comunismo fracassou. Curiosamente, aquele “império” ruiu mais com suspiros do que com estrondo, tais eram as suas fragilidades. Não foi o pouco de abertura econômica  proporcionada pela era Gorbachev que liquidou o modelo, mas o pouco de liberdade que ele resolveu inocular no sistema. O totalitarismo é uma doença anaeróbia do espírito. Não convive com o oxigênio da liberdade e do contraditório. Aquilo tudo foi abaixo. A existência de Cuba e da Coreia do Norte é a prova mais evidente de que o comunismo, como a humanidade o conheceu um dia, acabou. Mas as esquerdas sobreviveram com a sua mesma concepção de história.

A despeito de todos os desastres humanitários que já provocaram, continuam a reivindicar o monopólio do humanismo e da verdade e a vender a fantasia de que são as únicas forças moralmente habilitadas a nos conduzir para o futuro. Essa é a razão pela qual a noção de “crise” — entendida como um momento de transformação — é a que mais estimulou, ao longo do tempo, a imaginação dos historiadores e ensaístas de esquerda, a começar do pai original, Karl Marx. Eles julgam saber para onde conduzir a humanidade, ainda que esta, eventualmente, não queira…

Yoani provoca a fúria do governo cubano e dos esquerdistas que se manifestam sem restrições nas democracias (justamente porque o comunismo perdeu…) não porque defenda a economia de mercado — todo esquerdista sabe, hoje em dia, que não há alternativa; não porque esteja colocando em dúvida supostas “conquistas” da revolução — ela é até bastante cordata a respeito. Os furiosos protestam porque Yoani é a evidência de que o exercício da liberdade individual desconstrói a fantasia totalitária, pouco importa em que modelo econômico ela esteja ancorada. E isso vale também para o Brasil.

Vivemos, a despeito dos totalitários em voga, num regime de plenas liberdades democráticas. É uma conquista da população brasileira, não desta ou daquela forças políticas em particular. Não existe mais em nosso país um embate relevante entre os que defendem e os que atacam a economia de mercado. O mercado venceu porque é a escolha mais eficiente, mais racional e mais adequada às habilidades e às aspirações humanas. Mas permanece, sim, um confronto inconciliável entre os que acreditam nas liberdades individuais e os que entendem que estas devam se subordinar aos anseios daqueles que se apresentam ainda hoje como “a vanguarda”.

Aqueles patetas fantasiados de Che Guevara que hostilizaram Yoani, a absurda participação de um funcionário graduado do governo na conspirata armada pela embaixada cubana, as grosserias que contra ela desferiram parlamentares de esquerda, tudo isso é a evidência não de amor pelo comunismo, mas do ódio à liberdade. Com a sua simplicidade, com a sua verve mais tímida do que encantatória, com algumas formulações muitas vezes óbvias sobre o que é ser livre, Yoani não trouxe à luz apenas as violências do regime político cubano; ela conseguiu denunciar também as tentações totalitárias que ainda estão muito vivas no Brasil. Não é que essa gente que saiu urrando contra ela ainda acredite no comunismo. Mas é certo que essa gente ainda acredita na ditadura. Em Cuba ou aqui.

Por Reinaldo Azevedo

23/02/2013

às 5:54

Silêncios vergonhosos.

Vocês leram o que disse a direção da ABI (Associação Brasileira de Imprensa) sobre os atos covardes perpetrados contra a blogueira Yoani Sánchez? Não? Compreendo. É que a ABI não disse nada. Na última vez em que a entidade frequentou o noticiário, tinha cedido seu auditório no Rio para José Dirceu comandar um ato contra o Poder Judiciário brasileiro. Estava presente, desrespeitando a lei, o embaixador da Venezuela no Brasil, Maximilien Arveláiz.

Vocês leram o que disse a direção da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) sobre as ações ilegais que constrangeram a cubana no Brasil? Viram o que afirmou o Conselho Federal sobre o fato de uma embaixada organizar atos de caráter político e confessar que espiões de um país estrangeiro transitam livremente pelo país? Não? Compreendo. É que a OAB não disse nada. Na última vez em que frequentou o noticiário, o comando da entidade enunciou que estava disposto a verificar se a delação premiada é mesmo inconstitucional, como pretendem dois doutores que trabalham para mensaleiros: o notório Kakay (Antonio Carlos de Almeida Castro) e José Luiz de Oliveira Lima (o querido “Juca” de alguns jornalistas), que tem como cliente José Dirceu, aquele que comandou um ato contra o Judiciário em pleno território da ABI.

Essas duas ausências dão conta do estado miserável do que já se chamou “sociedade civil” no Brasil. As duas omissões são igualmente graves porque os ataques à blogueira remetem mesmo à razão de ser de cada uma delas. A principal tarefa da ABI é zelar pela liberdade de expressão e pela preservação dos valores éticos da profissão de jornalista. A filóloga Yoani Sánchez é também jornalista. A palavra é a sua matéria-prima. Em Cuba, luta por um regime de liberdades democráticas, por pluralismo político, por respeito aos direitos humanos. Esses valores constituem a essência da história da associação. A única ABI que expressou seu repúdio às agressões foi a Associação Baiana de Imprensa. A Federação Nacional dos Jornalistas, conforme o esperado, também se calou. Nem poderia ser diferente. A Fenaj tentou criar no país o Conselho Federal de Jornalismo, que colocaria  o trabalho da imprensa sob censura, a exemplo do que ocorre em Cuba, que essa gente ama tanto.

O que dizer, então, da OAB? É a entidade que, em tese, vigia, em nome da sociedade, a, por assim dizer, saúde jurídica do país. Não tem função meramente cartorial. Ao contrário: a Ordem sempre foi um organismo político, buscando zelar, como expressão da sociedade civil, pela qualidade do estado democrático e de direito. Os constrangimentos a que s arruaceiros — PAREM, SENHORES DA IMPRENSA, DE CHAMAR PESSOAS QUE PROMOVEM AQUELA BAIXARIA DE “MANIFESTANTES”! — submeteram Yoani até agora desrespeitam a ordem legal, violam-na. Como é que a OAB ousa — a palavra essa! — ficar muda?

Eis mais um sintoma de uma sociedade em que um campo ideológico está hipertrofiado (tenha ele o nome que se queira dar: esquerda, vigarice, oportunismo) em prejuízo de outro, que está acuado. Que “outro” é esse? O dos defensores da democracia representativa, da ordem legal e democrática, do estado de direito. OAB e ABI já se manifestaram sobre casos com muito menos gravidade do que esse.

Não se trata de superestimar o caso Yoani. A rigor, nem cumpre falar em assegurar a “pluralidade” porque mal se ouviu o que ela tinha a dizer. A questão é ainda anterior: trata-se de assegurar o direito à voz. Se esses vândalos fazem isso agora com uma visitante de um país estrangeiro, não tarda, e estarão fazendo também com os nacionais. 

Por Reinaldo Azevedo

22/02/2013

às 17:25

Encontro cancelado e uma nota pífia, que esconde a violência

Um leitor deste blog recebeu o seguinte e-mail da Editora Contexto, que publica o livro “De Cuba, com Carinho”, de Yoani Sánchez, e cuida de sua agenda no Brasil.

Em função da proporção que tomou a passagem da blogueira cubana Yoani Sánchez no Brasil, a Saraiva optou por cancelar o evento programado na sua loja do Shopping Pátio Higienópolis no dia 23/02/2013, às 16h, para garantir a segurança de seus convidados e clientes.

Voltei
Intencionalmente ou não, o texto é incompatível com a gravidade do fato e indigno da história que está sendo vivida. “Em função da proporção”??? O que isso quer dizer? Cadê as palavras “agressão”, “violência”, “intimidação” ou qualquer um dos seus sinônimos?

“Proporção”???

Esse texto serviria caso a presença da blogueira cubana tivesse atraído milhares de pessoas que fossem lá para aplaudi-la. E olhem que o encontro na Saraiva seria com Eduardo Suplicy e Gilberto Dimenstein.

O jornalista, aliás, em sua coluna, escreve o que segue sobre os brucutus:
“Esses grupos mostram um culto à repressão de ideias — e, na prática, acabam involuntariamente dando razão a quem critica Cuba pela falta de liberdade.”

Pode não parecer à primeira vista, mas é um juízo torto. Não é preciso que essa canalha saia por aí, ameaçando espancar as pessoas, para que aqueles que criticam Cuba pela falta de liberdade tenham razão. Eles a teriam ainda que os vagabundos estivessem debaixo da cama.

Por Reinaldo Azevedo

22/02/2013

às 16:48

UM VÍDEO IMPRESSIONANTE – O fortão, preparado para a briga, com um dos punhos protegido, avisa? “Delúbio! Sou mensaleiro!” Gilberto Carvalho bem que avisou!

Vejam isto. Volto em seguida.

Voltei

Não se viam tipos assim na ação política há muitos anos. Este rapaz estava lá, exibindo seus músculos e batendo no peito para exibir sua valentia, para impedir a fala de uma única mulher. O que ela estava pregando? Golpe de estado? A morte de Fidel? A prisão de Raúl Castro? Não! Só um pouquinho de democracia na ilha.

E tome bumbo, apito, gritaria! Estavam cumprindo a determinação da embaixada cubana e o que fora combinado na presença de um assessor de Gilberto Carvalho.

É para onde caminhamos: quem concorda com eles pode falar; quem não concorda será espancado.

Não são originais.
Mussolini fez isso antes deles.
Hitler fez isso antes deles.
Stálin fez isso antes deles.
Mao Tse-Tung fez isso antes deles.

Por Reinaldo Azevedo

22/02/2013

às 16:12

A selvageria contra Yoani e o método dos brucutus relatados por quem estava lá. Ou: “Eu sou fã do Stálin sim! Stálin matou um monte de alemão!”

Flávio Morgenstern é articulista do site Implicante e tradutor. Ele me envia, acompanhado de fotos e vídeo, um relato da baixaria que aquelas derivações teratológicas dos chimpanzés promoveram contra Yoani Sánchez nesta quinta-feira, na livraria Cultura. Leiam o seu relato.  Ah, sim: já vimos nos jornais e sites muitos cartazes contra Yoani. Os deste post são favoráveis à democracia.

*
Encontrei um pessoal da USP (daquelas pessoas que tomam banho e leem livros) e chegamos com uma hora e meia de antecedência e não havia muitas pessoas por ali. Pegamos nossas pulseiras e, enquanto conversávamos, uma moça se aproximou de nós e perguntou: “Vocês são do Solidariedade?”. Ignorante que sou, perguntei: “O Solidariedade da Polônia?”. Poxa, sou muito burro pra presumir que a cidadã falava do Solidariedade polonês, o movimento que acabou com o comunismo… Essa minha mania de achar que pessoas “politizadas” sabem quem é Leszek Kolakowski ou pelo menos o Lech Walesa… Ela virou as costas sem nem dar tchau.

Fui comprar o livro da Yoani (um imenso pecado! comprar livros! lê-los antes de criticar a blogueira que nenhum deles tentou ler antes de criticar! ter idéias e informações, essa coisa subversiva!), e quando voltei para a entrada da livraria, onde tudo acontecia, o caos já reinava.

Pegamos nossos cartazes e fomos também dar nossa voz.

O que ouvi foram pessoas gritando pela “liberdade” de Cuba. Estranho. Liberdade para quem? Para o Fidel? Para o Raúl? Não ouvi uma palavra sobre liberdade de voto para o povo cubano. Sobre liberdade de expressão. Sobre liberdade de um cubano usar um Facebook ou Twitter (esse regime deve ser tão frágil que tem medo até do Twitter, aquele negócio que serve pra todo mundo ficar comentando o Big Brother Brasil…). Sobre liberdade para… Yoani Sánchez.

Se é liberdade que querem, é liberdade para agredir o outro. Para impedir que alguém que não quer que a totalidade do poder político esteja concentrada unicamente nas mãos deles se manifeste.

Por isso levaram apitos e tambores. Cada vez que alguém pronunciava algo, tentava dar uma entrevista para um repórter ou simplesmente dizer: “Ei, peraí…”, era obtemperado com ruídos primitivos. Schopenhauer certamente tinha razão em determinar que pode averiguar o grau civilizatório de uma pessoa na razão inversa de sua tolerância a ruídos…

Não era só a expressão que tentavam vetar. Também se concentraram com força exatamente na entrada do Cine Livraria Cultura, onde aconteceria a palestra com Yoani, e impediam as pessoas de entrar, ou mesmo de passar pelo centro do corredor. Ora, é essa a “liberdade” que defendem? A liberdade de impedir pessoas de andarem por onde eles determinaram que não querem que elas andem?

Todavia, essa turma está acostumada ao fascismo de massas, em que andam em bando e nem a polícia pode fazer nada contra suas agressões, mas não com pessoas civilizadas, banhadas, vacinadas e usando desodorante, reclamando seus direitos óbvios de poderem existir, andar e falar sem serem impedidas. Gritávamos: “Ô Yoani, pode falar! Aqui não tem Fidel pra te calar!” – mas erramos um pouco. Fidel não estava. O PT, o PCdoB e o PCB estavam.

Aliás, por que essa turminha reclama de Yoani receber salário do El País e prêmios internacionais por criar o blog mais influente da raça humana se eles são financiados por fundos partidários milionários tomados à força do nosso bolso, sem que perguntem se apoiamos ditaduras e ditadores ou não?

O método deles é sempre o da “agressão mínima” – agridem sem partir pra porrada desabrida. Esperam que alguém revide. Eu discuti com um fascistóide que tentava me impedir de andar na frente da entrada. Enquanto isso, disfarçadamente, um menininho pequeno pisava no meu pé a intervalos regulares. Obviamente que a uma pisadinha minha de volta (que, admito, pelo tamanho do menino, deve tê-lo deixado mancado por meia hora), a pancadaria começou, vários chutes foram dados no ar, o empurra-empurra quase virou violência generalizada, até que a velha-guarda, acostumada a protestar só contra velhinhas da “burguesia”, apaziguou ânimos.

Tentei me aproximar mais uma vez. Um cidadão me barrou com o corpo e disse: “Sai daqui, pra cá você não vai vir”. Saquei o celular e comecei a filmá-lo. Lembrei-lhe: “Eu vou para onde eu quiser, por que eu vivo numa democracia, Fidel não vai me censurar aqui não!”. A resposta dele foi, disfarçadamente, dar uma cabeçada (que encostou no celular, mas não em mim, embora foi o momento da minha vida em que mais corri o risco de pegar piolho). Claro, esperava outra resposta. E agride no canto, escondido. Felizmente, filmei tudo.

O curioso é que as poucas pessoas que entraram para ver a palestra sofreram uma revista séria dos seguranças. “Cadê o cartaz? Levanta a camisa! Vira de costas!” Todavia, ao entrar no auditório, toda a turminha da UJS (braço de porrada do PCdoB estava lá, gritando, cheios de cartazes. Meu amigo Thomaz Martins reclamou com o segurança. Aí o discurso mudou: “Ah, a gente não pode fazer nada, você sabe…” Até a PM por lá apenas observava, mas não se mexeu muito nem nos momentos mais tensos.

Enfim, vi apenas fascistas que tentam proibir que o outro fale. Até um aprendiz de genocida com camiseta do Stálin. Outro partiu para cima de um amigo meu gritando: “Eu sou fã do Stálin sim! Stalin matou um monte de alemão!” (sic) Por mais que se odeie Hitler, parece estranho admirar alguém apenas pelas mortes causadas. Ou alguém aí é fã do Churchill por ele ter “matando um monte de alemão”?

Qual o argumento deles para isso? Bem, apitar, gritar e entoar coros como “Quem não pula é fascista!”, seguido de pulinhos. Reinaldo, o sr. está pulando? Pois, se não estiver, serei obrigado a desconfiar que o sr. é um fascista…

Num ponto hei de concordar com os moçoilos. Também gritavam: “A América Latina será toda socialista!”. É, de fato, um perigo. Vide o que diz o mocinho abaixo (para quem é da turma “Sou petista, mas…” e jura que a ditadura cubana não tem nada a ver com o modo de comprar poder político do mensalão petista, suas palavras falam pelo Partido):

Outro ponto em que sou obrigado a concordar com eles é sobre o embargo. Ora, há muitas razões para ele (inclusive a máfia cubana em Miami, que assassina dissidentes a rodo, e nunca vemos essas notícias por aqui quando lemos sobre Cuba). Mas livre comércio é paz. Bacana que algum dia acabem com o embargo. Poderiam instalar um sinal wi-fi gigantesco sobre Cuba, e sobrevoá-la jogando iPhones dos aviões. Quero ver quanto tempo dura essa ditadura.

Agora, por que são contra o embargo (mesmo que o país com o qual Cuba mais comercie hoje seja, justamente, a América! Basta acabar com o nome do negócio, mas essas pessoas também só entendem palavras, não o conceito real que designam)? Por que não são favoráveis logo ao comércio pacífico? Cuba é uma porcaria por causa do embargo? Taí a prova de que o comércio enriquece ao invés de explorar!

Reinaldo, o sr. está pulando? Ainda estou de olho…

Por Reinaldo Azevedo

21/02/2013

às 20:13

“Trocamos José Dirceu por Yoani”

Cartaz exibido na Livraria Cultura, onde Yoani Sánchez se encontrou com blogueiros.

Eu apoio a troca.

Dirceu gosta de ditaduras, certo? Que fique numa ditadura, ué. Yoani gosta de democracia. Podemos, ao menos por enquanto, oferecer isso a ela, ainda que os dinossauros tentem provar o contrário.

Por Reinaldo Azevedo

21/02/2013

às 16:30

Yoani critica silêncio do governo brasileiro sobre agressão a direitos humanos em Cuba. Finalmente, ela consegue falar sem ser atacada por vagabundos

Por Branca Nunes, na VEJA.com:
A blogueira Yoani Sánchez criticou o silêncio do governo brasileiro com relação à questão dos direitos humanos em Cuba. “Há muito silêncio”, disse a cubana. “Recomendaria uma posição mais enérgica”. A declaração foi feita na manhã desta quinta-feira, quatro dias depois de Yoani desembarcar no país, durante um debate realizado na sede do jornal O Estado de S. Paulo. Com a voz levemente rouca e uma pulseira do Senhor do Bonfim no braço direito, esta foi a primeira vez que a blogueira crítica ao regime ditatorial dos irmãos Castro conseguiu expor suas opiniões sem ouvir gritos de protestos nem sofrer agressões verbais.

“Não me surpreenderam”, disse, ao comentar os protestos. “Os blogs oficiais do meu país já haviam avisado que eu teria uma ‘resposta contundente’ durante a viagem. Todos têm direito de manifestar sua opinião. O que me surpreendeu foi a violência física. Nunca imaginei que me impediriam de falar”.

A blogueira aproveitou o evento para responder parte das críticas que os defensores dos irmãos Castro fazem a ela. Ao ser questionada sobre quem está financiando sua viagem – Yoani percorrerá mais de dez países em 80 dias –, a cubana respondeu que o dinheiro vem de diversas instituições, como a Anistia Internacional, universidades e blogueiros. “Não tenho milhões de dólares, mas tenho milhões de amigos”. Um dos objetivos de Yoani é receber os prêmios (que somam mais de mais de 300 000 reais) que recebeu ao longo dos últimos anos pelo trabalho em Generación Y.

Yoani aproveitou para salientar que as pessoas que a ajudam com o blog (traduzido para 18 idiomas) são voluntários espalhados pelo mundo. “Quem traduz meus textos para o inglês, por exemplo, é uma motorista de ônibus de Nova York de 65 anos”, conta. “Mas o governo não acredita mais na espontaneidade. Quando eles querem algo, ordenam, pagam”.

Nesta quinta-feira, às 18h, Yoani participará de um evento com blogueiros na Livraria Cultura do Conjunto Nacional, em São Paulo, e, em seguida, autografará o livro De Cuba, com carinho. A blogueira permanece na capital paulista até sábado, quando embarcará para a Republica Checa.

Veja abaixo alguns dos temas comentados por Yoani Sánchez no debate desta quinta-feira:

Internet
A internet é para os cubanos uma plataforma de liberdade. Um campo de treinamento para o que algum dia pode se tornar realidade. Ela possibilita que mais pessoas possam se tornar o epicentro da informação. É um espaço democrático, com pessoas boas e más.

Fidel e Raúl Castro
O governo de Raúl nasceu de um pecado original: ele não foi eleito. As reformas econômicas que tem feito estão na direção correta, mas num ritmo absurdamente lento e sem profundidade. O governo de Fidel Castro, por sua vez, queria controlar cada aspecto da vida dos cubanos, desde o que vestíamos ao café que tomávamos. Sobre a repressão, Fidel fazia dela um espetáculo, com grandes julgamentos e punições exemplares. No governo de Raúl, a repressão é velada.

Comunismo e capitalismo
Tenho uma relação ruim com as ideologias. Sou uma pessoa pós-moderna, que cultua a liberdade. Não creio que em Cuba haja um socialismo e muito menos um comunismo. Classificaria o governo cubano como um capitalismo de estado. O patrão é o governo.

Educação e saúde
A estrutura física e a extensão da rede de ensino e de saúde em Cuba são aspectos positivos. Existem escolas e postos de saúde em cada bairro. Porém, existe um colapso material. Os professores ganham menos de trinta dólares por mês, o que diminui a qualidade. São pessoas despreparadas.

Economia
Cuba vive hoje uma esquizofrenia monetária. Existe o peso cubano e o peso conversível. O cubano acorda todos os dias com um objetivo: o que fazer para conseguir pesos conversíveis e alimentar sua família. Existem algumas alternativas. Caso ele seja um cozinheiro de um grande hotel, por exemplo, pode roubar um azeite ou um pedaço de queijo para vender no mercado negro. Também pode se prostituir, trabalhar clandestinamente ou pedir que parentes que emigraram enviem dinheiro. Quem não tem nenhum desses caminhos passa mal. O salário não é mais a principal fonte de renda.

Embargo econômico
Há uma teoria que diz que o embargo é uma caldeira. O fogo geraria precariedade econômica e material, o que levaria as pessoas à rua. Mas o embargo não resulta em rebeldia, mas na imigração dos cubanos. Outro motivo pelo qual sou contra o embargo é o fato de que ele embasa os argumentos do governo cubano que diz que não há batatas, não há tomates, não há comida por causa do império. Sem essa desculpa, quem eles vão culpar?

Protestos internos
Desde pequenos, os cubanos recebem uma série de informações e propagandas que fazem com que eles acreditem que o país não lhes pertence. Pertence a uma geração histórica, que foi a protagonista da revolução. Isso cria uma apatia grande. Além disso, tem uma paralisia provocada pelo medo. Não um medo da morte, mas um medo da delação. Você acha que será denunciado pelo seu vizinho. Isso leva muitas pessoas a tentarem resolver os seus problemas individualmente. Mas existe uma oposição hoje de jovens que se manifesta artisticamente, via internet, que procura divulgar as informações de forma ampla.

Manifestações no Brasil
Muitas dessas pessoas que protestaram contra mim nunca estiveram em Cuba. Outras estiveram por duas semanas fazendo turismo. É uma visão muito superficial. Para os mais velhos, acredito que seja difícil assumir que aquilo em que eles tanto acreditaram está morto, não seu certo. O governo cubano cria uma realidade distorcida. Eles propagam uma Cuba que não existe, uma cidade utópica, de esperança, onde todos têm chances. Quando meu filho era criança chegou em casa da escola dizendo que antes de Fidel Castro não havia universidades em Cuba. Isso é mentira.

Por Reinaldo Azevedo

20/02/2013

às 19:11

Yoani Sánchez sobre dossiê: “Querem matar o mensageiro”

Gabriel Castro, na VEJA.com:
A blogueira cubana Yoani Sánchez afirmou nesta quarta-feira que o dossiê montado contra ela – e, como mostrou VEJA, distribuído no Brasil com a participação de um funcionário da Presidência da República – é uma ação daqueles que procuram “matar o mensageiro” em vez de corrigir os problemas reais.

“É um dossiê preparado para fazer uma estratégia que eu conheço muito bem: a estratégia de matar o mensageiro. Não é um dossiê sobre os argumentos que apresento, ou que negue algo que escrevo em meu blog, mas um dossiê que trata de me matar eticamente e moralmente frente aos meus leitores. Não há possibilidade de um debate em uma polêmica quando o outro quer te destruir”, afirmou a ativista à imprensa, durante visita ao Senado Federal.

 Quando uma jornalista perguntou se a cubana se sentia apoiada pelo governo brasileiro, ela se evitou fazer críticas diretas: “Eu me sinto apoiada pela cidadania brasileira, que é o mais importante. Eu não sou uma governante ou uma diplomata.”

Yoani, que embarcou para São Paulo no começo da tarde, também disse que gostaria de ter sido recebida pela presidente Dilma Rousseff. “Seria muito bom. Mas não está na agenda dela. Na minha, sempre há espaço”, declarou.

A blogueira prometeu retornar em breve ao Brasil, disse que “provavelmente” não disputará eleições se a democracia voltar a Cuba e afirmou ter ficado bem-impressionada com o Congresso Nacional – apesar do protesto de parlamentares defensores da ditadura cubana. “Pensava uma coisa e encontrei outra: uma Câmara dos Deputados com uma dinâmica diferente, muito cidadã.”

Por Reinaldo Azevedo

20/02/2013

às 15:14

A hora dos asquerosos – Yoani é recebida aos berros por pterodáctilos na Câmara. Ou: Suplicy revela o que sempre foi e o que nunca foi

Abaixo, há um relato da sordidez de que são capazes parlamentares do PT, do PC do B e, por que não?, do PMDB também. Sob o patrocínio da embaixada cubana e com a conivência do Palácio do Planalto, Yoani Sánchez foi alvo de manifestações grosseiras no Parlamento brasileiro. Nada menos! Pior: o presidente da Câmara, o “neocubaneiro” e velho bucaneiro das convicções políticas Henrique Eduardo Alves, manobrou para, na prática, escondê-la. E, como vocês verão abaixo, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) revela o que sempre foi e o que nunca foi. Ainda voltarei a este senhor.

*
Por Gabriel Castro e Marcela Mattos, n VEJA.com:
A blogueira cubana Yoani Sánchez foi recebida aos berros na Câmara dos Deputados por parlamentares pró-ditadura dos irmãos Castro. Logo após chegar ao Congresso e ser recebida por parlamentares de oposição, a dissidente visitou o plenário. Lá, a sessão foi interrompida por alguns segundos enquanto Yoani cumprimentava os integrantes da Mesa Diretora. Foi o que bastou para que parlamentares defensores da ditadura esperneassem. A oposição afirma que a sessão que a cubana visitou foi convocada às pressas pela base governista para evitar que a visita da blogueira à Casa fosse transmitida pela TV Câmara.

Amauri Teixeira (PT-BA) foi o primeiro da tropa pró-ditadura cubana a se manifestar e acabou sendo chamado de “ditador nazista” por Jair Bolsonaro (PP-RJ), que ocupava a tribuna. “É inadmissível uma blogueira vir aqui atrapalhar os nossos trabalhos”, esbravejou o deputado Francisco Escórcio (PMDB-MA). “Vamos votar logo, deputado”, gritavam outros parlamentares, que tentavam desviar o foco de Yoani. A deputada Perpétua Almeida (PCdoB-BA) disse que o episódio criava um “incidente diplomático” e abria um “grave precedente”: “Amanhã eu vou trazer um blogueiro da Bahia aqui”, disse.

Na entrada da sala onde a convidada participou de um debate com os deputados sobre liberdade de expressão, manifestantes pró e contra o regime autoritário cubano travaram um embate verbal. Mesmo com o acesso ao local controlado por seguranças, três manifestantes contra Yoani que tiveram acesso à sala tentaram impedir a audiência aos gritos.

Sem se exaltar, a dissidente cubana respondeu de forma elegante aos protestos de deputados defensores da ditadura cubana, minutos antes: “O parlamento do meu país tem uma triste história: nunca disse não a uma lei. Nunca viu um debate como hoje, aqui, com diferenças e contraposições. No meu parlamento isso é impossível”, disse Yoani.

“Cuba não é um partido, não é uma ideologia, não é um homem. É plural, diversa, com muitas cores. E estamos lutando para que essa Cuba plural possa ter um marco legal de direito e respeito, para que todas as ideias se manifestem como temos visto que se manifestam no Brasil”, afirmou a blogueira, em um curto pronunciamento.

Yoani Sánchez também disse que criou seu blog apenas para contar o dia-a-dia do que via em seu país. “Quando abri Generación Y, não pensei que a minha vida ia mudar tanto. Por que um blog traria com conseqüências a vigilância policial, a satanização pública através da propaganda oficial?”.

Além de parlamentares de PSDB, DEM e PPS, estiveram presentes na audiência deputados do PP, do PSD, do PR e do PV. Os senadores Aécio Neves (PSDB-MG), Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), Alvaro Dias (PSDB-PR), Pedro Taques (PDT-MT) e Eduardo Suplicy – único petista – também compareceram. Alguns parlamentares pediram desculpa à cubana pelas agressões verbais que a blogueira sofreu em solo brasileiro.

Antes de ouvirem Yoani, os deputados assistiram ao documentário Conexão Cuba-Honduras, do cineasta Dado Galvão. As imagens mostram como a jornalista é vítima, em Cuba, com intimidações e agressões financiadas pelo governo ditatorial.

Interrogatório
Dois parlamentares, nada interessados em saber as condições de vida de Yoani em Cuba, trataram de interrogar a convidada: Eduardo Suplicy pediu que ela pedisse o fim do embargo econômico à ilha e defendesse o fim da prisão americana de Guantánamo, em solo cubano. Glauber Braga (PSB-RJ) foi mais longe: perguntou se ela defendia a libertação de cinco cubanos presos nos Estados Unidos por espionagem. E ainda quis saber quem financia as viagens que a blogueira tem feito.

De forma tranquila, Yoani respondeu: defende o fim do embargo e a libertação dos presos para que o regime cubano tenha menos razões para justificar o próprio fracasso e desviar o foco da falta de democracia na ilha. Disse que é contra as violações supostamente praticadas em Guantánamo. E ainda explicou, detalhadamente, de onde vieram os recursos de suas viagens – de doações espontâneas e entidades como a Anistia Internacional.

Manobra
Não fosse uma mudança às pressas, a sessão que acabou em bate-boca nem teria acontecido. Às 21h50 de terça-feira, o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), enviou um e-mail aos gabinetes dos deputados convocando sessão extraordinária às 11 horas desta quarta-feira, três horas antes do horário anunciado no ncerramento dos trabalhos.

Com a convocação de última hora, a transmissão do debate com a blogueira cubana na Comissão de Constituição e Justiça foi cancelada, já que as pautas no plenário têm prioridade na programação da TV Câmara.

Por Reinaldo Azevedo

20/02/2013

às 6:43

Eles são essencialmente ditadores fascistoides; só lhes falta a oportunidade. Ou: as falas de um deputado do “povo” e de um “intelectual”, ambos do PT e defensores da ditadura

Vejam este vídeo. Este é o deputado federal Valmir Assunção, do PT da Bahia. Ele está justificando e defendendo as violências de que Yoani foi vítima. Veja. É rápido. Volto em seguida.

Voltei
Ele é um velho conhecido dos leitores do blog.

Em 2011, o MST invadiu a Secretaria da Agricultura da Bahia e por lá foi ficando. O governador Jaques Wagner mandava comprar centenas de quilos de carne para alimentá-los. Escrevi aqui um post óbvio, coisa que qualquer pessoa decente faria: todos os baianos pobres que quisessem comer carne todos os dias deveriam invadir um prédio público, ora. O tal Assunção se abespinhou e resolveu me mandar uma carta. Eu a publiquei neste blog com um título saboroso: “Querem dividir comigo um deputado baiano em postas, ao molho de dendê e muita pimenta? Sirvam-se”. Assunção, parece, confunde violência com democracia.

Aí alguém dirá: “Ora, Reinaldo, vê-se que é um homem do povo, sem muita instrução; certamente não é um intelectual do PT”. Muito bem! Então vamos a alguém que teve acesso a estudo, instrução, literatura política e que sabe distinguir, também no campo teórico, a democracia da ditadura — escolhendo a ditadura.

Ontem, no programa “Entre Aspas”, da GloboNews, Mônica Waldvogel mediou um debate entre dois jornalistas sobre os protestos — que chamo de atos delinquentes — contra a blogueira Yoani Sánchez: o sempre excelente Sandro Vaia, de sólidas tradições democráticas, e o petista Breno Altman, que é, assim, uma espécie de José Dirceu com um pouco mais de bibliografia, o que não melhora seus argumentos. Só os torna mais patéticos.

Vaia disse, com a clareza de sempre, o que tem de ser dito: ao “outro” (aquele que pensa diferente de nós), nos limites do que estabelecem e garantem a Constituição e as leis num regime democrático, tem de ser assegurado o direito à palavra. Impedir que se manifeste na base  da gritaria, da vaia e da ameaça de agressão é coisa típica de fascistas.

Não para Breno Altman, que expressou uma noção muito particular do que seja democracia: para ele, se não houver agressão física — vejam o programa quando estiver na rede —, tudo é permitido. Segundo o petista, as pessoas que impediram Yoani de falar estavam apenas “exercendo” a democracia. Demonstrando notável ignorância sobre o que estabelece a Constituição brasileira — por que ele daria bola pra ela, não é mesmo? —, reiterou que só no caso de haver pancadaria é que estaria havendo desrespeito à lei.

E Breno, acreditem, pontuava a fala de Vaia com perguntas em tom indignado: “Alguém saiu ferido? Alguém saiu espancado?”. Revelou ainda mais sobre a sua concepção do que é democracia. Não! Para ele, o regime democrático não é uma sociedade de direito, que respeita o que está escrito. Afirmou que, se houvesse um grupo maior que aplaudisse Yoani, então esses aplausos superariam as vaias e pronto! Vence quem tem mais gente para fazer barulho. Breno Altman não reconhece o direito que as pessoas têm de expressar uma opinião. Na sua concepção, quem pode mais chora menos; quem ganhar leva. Se você quiser falar, tem de ter uma tropa de choque maior do que a de seu adversário.

Ninguém disse a Breno Altman que a democracia é justamente o contrário disso, vale dizer: É O REGIME, SENHOR BRENO, EM QUE SE ASSEGURA A PALAVRA À MINORIA. A democracia, senhor Breno Altman, é o regime, perdoe-me o clichê, em que a força do argumento tem de superar o argumento da força. Altman, considerado um “intelectual” petista, acha que só fala quem tem a tropa de choque maior.

O que nos diz a história
Escrevi aqui um post muito reproduzido, inclusive fora do Brasil — enviaram-me traduções, o que me honrou —, sobre os 80 anos da chegada de Hitler ao poder. Nesse texto, partindo da indagação famosa — “Onde estava Deus diante daquele horror?” —, fiz uma outra: “Onde estavam os homens, que se calaram?”. É concluí: “Não podemos mudar Deus, mas podemos mudar os homens”. A mim, pois, importa menos o que foi chamado o “silêncio de Deus” do que o silêncio dos homens. Reproduzo trecho (em azul).

Antes que [Hitler] se tornasse um homicida em massa, a França e a Inglaterra aceitaram que anexasse a região dos Sudetos, na Tchecoslováquia. Assinaram com ele um “acordo de paz”. E se fez silêncio. No ano seguinte, ele entrou em Praga e começou a exigir parte da Polônia. Depois vieram Noruega, Dinamarca, Holanda, França… É que haviam feito um excesso de silêncios.
– Silêncio quando, em 1º de abril de 1933, com dois meses de poder, os nazistas organizaram um boicote às lojas de judeus.
– Silêncio quando, no dia 7 de abril deste mesmo ano, os judeus foram proibidos de trabalhar para o governo alemão. Outros decretos se seguiram — foram 400 entre 1933 e 1939.
– Silêncio quando, neste mesmo abril, criam-se cotas nas universidades para alunos não alemães.
– Silêncio quando, em 1934, os atores judeus foram proibidos de atuar no teatro e no cinema.
– Silêncio quando, em 1935, os judeus perdem a cidadania alemã e se estabelecem laços de parentesco para definir essa condição.
– Silêncio quando, neste mesmo ano, tem início a transferência forçada de empresas de judeus para alemães, com preços fixados pelo governo.
– Silêncio quando, entre 1937 e 1938, os médicos judeus foram proibidos de tratar pacientes não judeus, e os advogados, impedidos de trabalhar.
– Silêncio quando os passaportes de judeus passaram a exibir um visível “j” vermelho: para que pudessem sair da Alemanha, mas não voltar.
– Silêncio quando homens que não tinham um prenome de origem judaica foram obrigados a adotar o nome “Israel”, e as mulheres, “Sara”.
(…)

Voltei
Não! Não faço essa lembrança aqui porque Breno Altman é judeu. Se ele fosse alemão ou, a exemplo deste escriba, um vira-lata que mistura italiano, índio, francês e lá sabe Deus o quê nas estradas desse interiorzão, não seria diferente. A comunidade judaica me conhece o bastante para saber que não sou o tipo de provocador que acha que os judeus “têm” de pensar isso ou aquilo. Espero que todos os homens pensem como pessoas livres. De resto, eu e Breno não concordamos também sobre Israel. Ele já escreveu coisas como esta: “(…) considero inaceitável e indigno que o Holocausto sirva de álibi para que o Estado de Israel comporte-se com o povo palestino com a mesma arrogância e a mesma crueldade que vitimaram os judeus”. JÁ EU CONSIDERO INACEITÁVEL E INDIGNO ESSE PENSAMENTO para qualquer homem — judeu ou não. Infelizmente, nesse artigo, ele fez questão de lembrar a sua origem, como se isso tornasse menos detestável o que disse. É evidente que ele compara os palestinos de hoje aos judeus do Holocausto e o governo israelense aos nazistas. Viola, no meu entendimento, os fatos e a moral.

Lembro o texto que escrevi porque, boa parte das ações dos nazistas acima listadas foi perpetrada “sem violência física”. Respondendo às indagações de Breno no “Entre Aspas”, em boa parte delas, “ninguém saiu ferido”, “ninguém saiu espancado”. Tratava-se “apenas” de violações de direitos fundamentais — e expressar uma opinião é um direito fundamental. Seguindo o pensamento de Breno no “Entre Aspas”, os nazistas só avançaram porque os judeus da Alemanha não conseguiram mais “gente para vaiar” o governo do que as que havia para aplaudir. Seguindo o pensamento de Breno Altman, boa parte das violências praticadas contra os judeus estaria, então, compreendida no escopo da democracia. E a gente viu em que resultou aquela coisa toda.

Contradição fundamental
Breno é um dos militantes inflamados em favor do “controle social” da mídia. Ontem, ele estava numa emissora da Rede Globo defendendo o que entendia ser “o direito” de um grupo de impedir alguém de expressar sua opinião. Dá para ter uma ideia do que faria Breno se, um dia, seus valores triunfassem e se tivesse, então, o tal controle social…  É claro que não haveria lugar para um Sandro Vaia numa TV que fosse comandada por ele.

Vale dizer: alguém como Breno Altman só fala numa emissora de TV porque aqueles que ele considera seus adversários não empregam com ele o critério que ele empregaria com eles.

Sei lá se um dia essa gente vai conseguir se impor pela força do berro, que Breno chama “democracia”.  Uma coisa é certa: eles nunca vencerão no argumento, porque o argumento nasce da aceitação tácita da divergência. E eles não querem vencer seus adversários. Querem é destruí-los, reduzi-los ao silêncio.

Querem é o fim da sociedade do argumento.

Texto publicado originalmente às  4h40
Por Reinaldo Azevedo

20/02/2013

às 1:25

Yoani Sánchez vai ao Congresso Brasileiro nesta quarta a convite dos tucanos

Por Denise Madueño e João Domingos, no Estadão Online:
A blogueira Yoani Sánchez confirmou uma visita ao Congresso nesta quarta-feira, 20, para falar de sua luta pela liberdade em Cuba. Vítima de hostilidades organizadas pelo PT e pelo PC do B, que até impediram a exibição em Feira de Santana (BA) de um filme em que ela é protagonista, Yoani confirmou presença no Congresso depois de contatos com o deputado Otávio Leite (RJ) e com o senador Álvaro Dias (PR), ambos tucanos.

O presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), comprometeu-se a pôr em votação na sessão desta quarta um requerimento solicitando que a Polícia Federal proteja a blogueira cubana durante sua permanência em território brasileiro. Henrique Alves levará ao plenário um texto alternativo ao requerimento original apresentado nesta terça pelo deputado Mendonça Filho (DEM-PE), que não foi aceito por setores governistas. “Essa não é uma questão de oposição ou de governo. (O tratamento a Yoani) está constrangendo o Brasil todo. Não é tradição do povo brasileiro (esse tipo de manifestação)”, afirmou Henrique Alves.

“Ela tem sido agredida no País e não aceitamos isso. Yoani Sánchez é uma cidadã estrangeira, dissidente do regime ditatorial cubano e que deve ter total proteção do Estado democrático brasileiro”, afirmou Mendonça Filho. No requerimento, o deputado também pediu à PF que investigue a atuação de Augusto Poppi Martins, assessor do ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência), na participação de um suposto plano de espionagem e perseguição política à blogueira, em articulação com o governo de Raúl Castro.

O líder do PPS, Rubens Bueno (PR), divulgou nota de apoio a Yoani, “símbolo da luta pela democracia em seu país”. Ele considerou “inadmissíveis” as manifestações como a ocorrida em Feira de Santana, quando militantes do PT e do PC do B impediram a exibição de um filme com um depoimento da blogueira.
(…) 

Por Reinaldo Azevedo

20/02/2013

às 0:31

Yoani Sánchez: “Eles queriam me linchar. Eu, conversar”

Por Branca Nunes e Marcela Mattos, na VEJA.com:
Depois dos ataques sofridos em Feira de Santana, a blogueira cubana Yoani Sánchez desabafou em seu blog:  “Eles queriam me linchar. Eu, conversar. Eles seguiam ordens. Eu sou uma alma livre”. Na cidade baiana, onde seria exibido o documentário Conexão Cuba-Honduras, no qual Yoani é uma das entrevistadas, militantes de grupos ligados ao PT, PC do B e ao movimento estudantil baiano cercaram o auditório e obrigaram os organizadores a cancelar a exibição do filme. Ela só conseguiu deixar o local escoltada por policiais militares.

No blog, Yoani comentou o ataque. A cubana conta que já viveu diversos atos de repúdio, mas diz que o episódio em Feira de Santana foi “inédito”: “O piquete de extremistas que impediu a projeção do filme de Dado Galvão era algo mais do que um bando de seguidores incondicionais do governo cubano”, escreveu Yoani. “Todos tinham os mesmo cartazes com um monte de mentiras sobre mim, tão maniqueístas quanto fáceis de refutar com uma simples conversa. Eles não tinham qualquer intenção de escutar minhas respostas. Eles gritavam, interrompiam, em um momento ficaram violentos e gritavam em coro slogans que já não são ouvidos nem em Cuba”.

Segurança
Preocupados com a segurança da blogueira, parlamentares protocolaram nesta terça-feira, na Câmara dos Deputados, um requerimento pedindo ao ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, proteção especial para a cubana durante sua passagem pelo Brasil. O documento pede também a investigação do dossiê elaborado para desqualificar o trabalho da blogueira contra a ditadura castrista. A informação, revelada em reportagem de VEJA desta semana, mostra que a confecção de um plano de espionagem e perseguição política à cubana contou com a presença de um assessor do Palácio do Planalto, além de militantes do PT e do PC do B e integrantes da CUT.

O documento, elaborado pelo Democratas (DEM), aponta que as denúncias de VEJA estão sendo confirmadas pelos protestos promovidos nos locais em que a cubana passa. Na chegada ao Brasil nesta segunda-feira, quando desembarcou no Recife, Yoani foi recebida com faixas de protesto e vaias. Na ocasião, ela limitou-se a dizer: “Isso é democracia”.

Por causa dos ataques os parlamentares entendem que a proteção servirá para coibir agressões físicas e qualquer ato de intolerância política. “O governo brasileiro não deve se preocupar com o que a blogueira fala sobre o regime ditatorial cubano e, sim, em garantir e defender o direito dela de expressar suas opiniões”, diz o texto. Também foi pedido ao Ministério da Justiça que a Polícia Federal investigue a atuação de Ricardo Poppi, coordenador-geral de Novas Mídias da Secretaria-Geral da Presidência da República, no plano de espionagem e perseguição articulado pelo governo cubano.

Agenda cheia
No ano passado, Yaoni tentou visitar o Brasil para participar da apresentação do documentário e, apesar de receber o visto de entrada brasileiro, as autoridades cubanas negaram a permissão de saída. Nesta quarta-feira, a blogueira visitará a Câmara dos Deputados e, depois, seguirá para São Paulo, onde tem atividades até sábado. A viagem da cubana pelo mundo também inclui México, Peru, Estados Unidos, República Tcheca, Alemanha, Suécia, Suíça, Itália e Espanha, onde entre outros eventos participará na cidade de Burgos de um congresso sobre internet entre 6 e 8 de março.

Por Reinaldo Azevedo

19/02/2013

às 22:01

Deputado pede proteção da PF para Yoani; presidente da Câmara quer texto que não melindre parlamentares do PT e do PC do B…

O deputado federal Mendonça  Filho (DEM-PE) decidiu encaminhar à Mesa da Câmara um requerimento pedindo que a Polícia Federal assuma a proteção à blogueira cubana Yoani Sánchez durante sua estada no país e que investigue a atuação de um funcionário da Secretaria-Geral da Presidência — Ricardo Augusto Poppi — no plano de espionagem e perseguição política articulado pela embaixada de Cuba no Brasil.

Em seu texto, afirma Mendonça Filho:
(…)
Conforme denúncia publicada pela revista VEJA desta semana, integrantes do governo cubano e militantes do PT forjaram uma trama para desmoralizar Yoani Sánchez durante a visita da blogueira dissidente ao Brasil. A conspiração envolve até um assessor direto do secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho, e a produção de um dossiê com 235 páginas. As denúncias da Veja dando de uma articulação de militantes de esquerda contra a blogueira vem sendo confirmadas com protestos promovidos por seguidores do PT e do PCdoB. (…)Desse modo entendemos que cabe a Polícia Federal fazer essa proteção à blogueira cubana para impedir agressões físicas e qualquer ato de intolerância política como a que impediu a exibição do documentário “Conexão Cuba Honduras” (…)  e investigar as denúncias formuladas pela VEJA, consideradas gravíssimas, uma vez que envolvem funcionários de área estratégica do Governo Brasileiro, numa ação de espionagem e perseguição política. Fato inaceitável para o Brasil, um Estado democrático de direito.”

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Tudo o que acima é absolutamente verdadeiro e factual, mas o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), pediu a Mendonça Filho que espere até amanhã. Ele pretende apresentar um texto que não melindre os deputados do PT e do PCdoB. Sei. Os valentes se melindrariam exatamente com o quê? Com os fatos? Com a verdade?

Vamos ver o texto alternativo que o presidente da Câmara vai propor.

Por Reinaldo Azevedo"

(http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/)

 

 

 

 

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JORNAL DA CIÊNCIA,

ÓRGÃO DA SBPC,

SET. / 2005:

 
 

 (http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=31122)

 

 

 

 

 

 

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FEV. / 2005:

22/02/2005 - 12h52
Morre o escritor e dissidente cubano Guillermo Cabrera Infante

 

Por María Carmona= (FOTO) = PARIS, 22 fev (AFP) - O escritor cubano Guillermo Cabrera Infante, que faleceu na noite de segunda-feira, em Londres, em conseqüência de uma septicemia, era um mestre dos jogos de linguagem e firme opositor ao regime de Fidel Castro.

Cabrera Infante, que vivia exilado em Londres, morreu vítima de uma septicemia depois de contrair uma infecção por "estafilococo ao ser hospitalizado depois de uma recaída", informou nesta terça-feira a Gallimard, sua editora francesa.

O escritor nasceu em 22 de abril de 1929 em Gibara (província de Oriente, Cuba). Em 1941 ele se instalou com os pais em Havana.

Começou a escrever em 1947. Estudou jornalismo e trabalhou como crítico de cinema da revista Carteles sob o pseudônimo G. Gaín.

O cinema foi uma de suas paixões. Foi fundador da Cinemateca de Cuba, que dirigiu de 1951 a 1956. Com o êxito da Revolução cubana, tornou-se uma das personalidades culturais do país. Em 1959 foi nomeado diretor do Instituto de Cinema e dirigiu a revista "Lunes de Revolución" até o seu fechamento, em 1961.

Em 1960, ele publicou seu primeiro título importante, o livro de contos "Así en la paz como en la guerra". Seguiram-se os romances "Vista del amanecer en el trópico" e "Três tristes tigres", obra consagrada com o prêmio Biblioteca Breve, em 1964, e com a qual obteve reconhecimento em todo o mundo.

Nela, o escritor descreve com a linguagem brincalhona que lhe é própria, as noites de Havana, suas personagens e sua música.

Em 1962, foi nomeado adido cultural em Bruxelas, onde viveu até 1965. Naquele ano, estabeleceu-se em Londres, depois de uma viagem curta a Cuba, durante a qual rompeu os laços com o governo do seu país, do qual desde então se tornou um firme opositor.

No exílio, continuou escrevendo obras nas quais Cuba é onipresente: "La Habana para un infante difunto", "Delito por bailar chachachá", "Ella cantaba boleros", "Mea Cuba", entre outros.

Em 1997, sua obra foi coroada com o Prêmio Cervantes.

"Nunca partiu realmente de Havana", disse sobre ele, nesta terça-feira, Eduardo Manet, escritor cubano que compartilhou com Cabrera Infante os anos de juventude em Cuba.

Manet, que qualificou Cabrera Infante de "James Joyce caribenho", reforçou seu "trabalho fabuloso com as palavras".

"Se esforçava em falar inglês como um lorde, vivia em Londres, mas Havana alimentava suas obras; nunca abandonou Cuba realmente, continuou vivendo em Havana", acrescentou.

"Cabrera Infante era o grande jogador da palavra. Não haverá outro que consiga fazer os jogos de linguagem que ele fazia. Porque sua palavra tem a ver com a sua vida e com uma época, os anos 50 em Cuba", declarou, por sua vez, a escritora cubana exilada em Paris Zoé Valdés.

"É uma pena que tenha morrido e não tenha podido ver o seu país livre", disse Zoé Valdés à AFP, ao manifestar sua tristeza com a morte do amigo e compatriota.

"Era um homem muito generoso. Foi generoso comigo, mas também era com os outros escritores. Esta é uma qualidade que poucos escritores têm", afirmou.

Zoé Valdés lamentou ainda que Cabrera Infante não tenha podido assistir ao filme "A Cidade Perdida", que o cubano-americano Andy García rodou em 2004 com base em um conto seu.

Os restos mortais do escritor serão cremados 'o mais cedo possível', informou uma pessoa próxima da família."

(http://noticias.uol.com.br/ultnot/2005/02/22/ult32u10528.jhtm)