Por Rogel Samuel 

 

Mas logo voltamos para o Rio, peguei dinheiro e de lá para Manaus, onde comprei uma pequena lancha e partimos para o alto Rio Negro até aquele lago onde morei e onde conheci Jara.

A pantera esperando, na margem.

Ao ver-nos, pulou e desapareceu na floresta. 

A casa em ruínas. Por isso, resolvemos morar na lancha que, apesar de apertada, nos oferecia melhor conforto e proteção.

Ali havia duas camas, pequena cozinha, um banheiro e janelas teladas.

À noite se ouviam estranhos ruídos, cânticos da floresta, a Mãe da Lua, o urutau, canto sinistro como a morte; o uivo do rasga-mortalha, a suinara.

Um dia, em pleno dia, ouvimos um longínquo berro, que Jara disse: - Matintaperera...

Mesmo não acreditando, aquilo me deu arrepio e eu logo me armei com uma espingarda.

Jara riu e disse:

- Não se preocupe, está passando pelo outro lado do rio...

Eu não gostei.

Apreensivo.

Agora aquela mata me parecia estranha, inóspita.

Vieram alguns guerreiros, dias depois, a procura de Jara, que tratou com eles não sei o quê e depois os mandou retornar.

Nem me olharam.

Os animais noturnos nos ameaçavam. Eu não conseguia dormir. Jara não falava, companhia silenciosa.

Assim voltamos para o Rio de Janeiro, juntos...