O músico britânico, homossexual assumido, Elton John, disse, certa feita que “se ser gay fosse opção, dificilmente haveria homossexuais”. Recentemente, um professor francês, transexual, nascido com características físicas femininas, porém, de índole masculina, tanto que até adotou nome masculino para identificar-se, baseado, certamente, nas próprias convicções e experiências, mais do que em conclusões científicas, acha que o gênero sexual humano é mutável e fluido. Segundo tal cidadão, homem ou mulher pode viver ou conviver durante anos ou décadas com o gênero que, fisicamente, os caracteriza, mas, de repente, passar a se comportar, moral e/ou sexualmente, como indivíduo do outro sexo, ainda que por um deles não sinta qualquer atração sensual.

Essa fluidez sexual de que fala, talvez só seja plenamente aceitável por pessoas como ele, que refutam a ideia de que existe uma predeterminada, genética e inata orientação sexual, bem representada pelos gêneros masculino e feminino. Possivelmente, não discuta o fato de o homem nascer, sim, com um gênero sexual determinante quem repudia ou não aceita a hipótese de que possa haver “cura” ou “tratamento” para “desvio de conduta” sexual; tanto quanto os que creem que, mesmo induzido por algum tipo de ajuda médica ou psicológica, ninguém muda sua orientação sexual.

          Pisa-se, invariavelmente, em campo minado cada vez que se tenta enveredar pelos caminhos da sexualidade humana. Vozes se alevantam sempre que se sentem ameaçadas nas posições que defendem.

        Valendo-me da faculdade-direito de pensar diferentemente de outrem, e mesmo sabendo que meu ceticismo não tem o condão de mudar a história humana, ouso dizer que não comungo com muitas de essas “inovadoras” teses sexológicas; prefiro me juntar aos que acreditam nascer o homem, e outros animais, dotados de um gênero sexual definitivo; defeitos e falhas podem ocorrer em qualquer ser vivo, inclusive o humano. Contrariamente a Rousseau, para quem todo homem nasce bom, a sociedade é que o estraga, penso e, mesmo, creio que muitos nascem, sim, com índole doentia ou defeituosa; esses, a sociedade, com a participação ou omissão deles, tanto pode piorá-los como os melhorar.

         Ainda na seara das teorias que desafiam minha capacidade intelectivo-racional de crer ou descrer. A partir da recorrência de atos ou fatos a respeito das intervenções ou  interações de um ser divino superior no nosso dia a dia, parece-me mais fácil e viável acreditar na existência de Deus do que, por exemplo, aceitar que se haja convertido em algo mensurável e  comprovável a teoria física referente à existência de ondas gravitacionais, pelo simples fato de que mais de um bilhão de anos-luz depois da suposta fusão de dois buracos negros com massas dezenas de vezes maiores que a do sol  e que as teria dispersado pelo universo, teriam sido captadas na Terra por dois detectores específicos com quatro quilômetros de extensão cada, distantes três mil quilômetros um do outro e que se deformaram sete milésimos de segundo um após o outro, exata e precisamente, em quatro milésimos do diâmetro de um próton - que, a propósito, em teoria, seria por volta de um trilhão de vezes menor do que um centímetro. Por que elas não os deformaram, simultaneamente, se, teoricamente, não sofrem desvios, já que é o espaço-tempo, que com as mesmas forma uma “entidade” indivisível, que se altera à sua passagem? Como acreditar na existência de tais ondas, se sua principal partícula, o hipotético gráviton – que, caso exista, seria uma espécie de bóson -, sequer foi observado? A propósito, elas se extinguem por aqui, ou seguirão rumo a Vênus ou Marte?

        Enfim, racionalmente, não percebo tão nitidamente assim a pretensa fluidez da sexualidade humana como querem alguns; meu ceticismo também não me permite aceitar como prova definitiva da existência das tais ondas gravitacionais as insignificantes informações recentemente veiculadas pela mídia, como as desprezíveis medidas nanométricas de deformação que teriam causado naqueles quilométricos detectores ao se chocarem com eles. É pouco argumento para tanta conclusão.

            Antônio Francisco Sousa – Auditor-Fiscal ([email protected])