A cidade frita
Por Dílson Lages Em: 24/10/2012, às 23H15
[Dílson Lages Monteiro]
A geografia de minha cidade me toca. As ruazinhas do centro e seus casarões sobreviventes. Um quê de saudade entre os becos das praças – nem sei mesmo o que dizem. Tenho uma dificuldade danada de dizer por que Teresina é assim: sem verbo ou construção para abarcar toda a semântica de meu pensamento. Vivo aqui; respiro o calor; ofusco-me da incandescência de prédios como o Teatro 4 de Setembro ou a Igreja de São Benedito.
Vivo, há exatos 25 anos. Só hoje descobri que de todos os dias que conheci, foi aqui onde mais minhas pálpebras se abriram para a luz. Ainda assim, vivendo a textura do calor entre o Parnaíba e o Poty, não consegui formar por conta própria um conceito para a materialidade das ruas em meu tato.
É a leitura de um poeta jovem, desses que aparecem como corisco, mas aparecem para ficar, para deixar um legado de emoções a outros semelhantes, que tem me levado, com lirismo e humor, às entranhas de traços cujas retas e sinuosidades habitam as sensações de uma cidade dita como é. Nada de Shopings Centers; nem baladas dos novos bairros ricos, tampouco o frenesi da especulação urbana.
Nos poemas de Rodrigo Leite, Teresina é uma cidade de resistências. Frita. Pesada. E, assim, faz sua crítica à nova urbe, que vai perdendo o senso de humanidade para o concreto do crescimento e, por isso, literalmente, frita:
"a cidade frita entre rios
A cidade frita em assaltos e marginalidade. Frita na prostituição de ruas e avenidas já senhoras no assunto:
“adiante, zona sul, esquina da Mapil
(parti pra casa com o coração nas mãos) Para ler A cidade frita, de Rodrigo Leite, online, acesse http://rodrigomleite.weebly.com/index.html
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