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 A BATALHA DAS GAROTAS MÁGICAS

Miguel Carqueija

 

         A JBC colocou nas bancas os terceiro dos seis volumes de “Guerreiras Mágicas de Rayearth”, mangá famoso da CLAMP; chegamos assim à metade da dinâmica saga.

         Na origem “Magic Knigth of Rayearth” é um mangá de grande sucesso produzido pela CLAMP (Satsuki Igarashi, Nanase Ohkawa, Tsubaki Nekoi e Mokona) nos anos 90, logo após a eclosão de Sailor Moon.  A saga foi, inclusive, considerada rival de Sailor Moon, embora com características que a tornavam mais fechada — tanto que as guerreiras mágicas não foram além da década de 90 e a franquia Sailor Moon continua ativa.

         Neste terceiro volume ocorrem as lutas mais importantes da epopéia de Hikaru, Fuu e Umi. Na batalha para atingir a bolha mágica onde se encontra prisioneira a Princesa Emeraud, as três adolescentes vão conhecendo melhor a si mesmas e aos vários adversários enviados pelo sinistro Zagato, e também à verdadeira situação de Cefiro. A surpresa final é extremamente impactante.

         Há detalhes muito interessantes na criação da CLAMP. Por exemplo, o caráter ridículo dos vilões. É o caso de Caldina, esbanjando narcisismo e até se elogiando num inglês arrevezado (onde terá aprendido?) diante das espantadas garotas, e com razão Umi a classifica de “esquisitona”. Ela ainda consegue chamar a si própria de “beautiful” e “wonderful”, como eu disse, de modo arrevezado.

         Ascot também é bastante ridículo. Com aspecto de um menino com traje das mil e uma noites, é um invocador de monstros que lança contra as três garotas. O episódio é uma ótima oportunidade para Umi explicitar a sua ética, como faz Fuu em relação a Caldina: pois ao longo de toda a bizarrice da série ressalva a defesa de valores morais por parte das três garotas mágicas, sobretudo a nobreza do coração e a lealdade mútua: “A Hikaru e a Fuu são muito importantes como amigas e companheiras insubstituíveis!”

         Há muita arte no desneho do mangá. Os sombreados, a maneira como as ondulações dos cabelos interagem em quadros diferentes, as onomatopéias minuciosas, as visualizações simbólicas das meninas em aspecto infantil — como a ressaltar seu lado criança, ainda importante — tudo isso configura uma obra-prima de imagem e enredo, e não admira que “Rayearth” tenha marcado época. 

 

 

Rio de Janeiro, 15 a 18 de fevereiro de 2014.