[Maria do Rosário Pedreira]

Fui para a LeYa com a incumbência específica de publicar novos autores literários de língua portuguesa. Parece mentira, mas já lá vão dois anos... Em todo o caso, foi uma alegria ter podido dar à estampa, ainda no primeiro ano, o romance de estreia de André Gago, Rio Homem, que acabou por ser galardoado com o Prémio PEN Revelação, e o livro de Vasco Luís Curado, A Vida Verdadeira; e, já no ano passado, os romances de Pedro Guilherme-Moreira, A Manhã do Mundo, de Nuno Camarneiro, No Meu Peito Não Cabem Pássaros, e de Filipa Fonseca Silva, Os Trinta, este último mais fresco e comercial, mas muito divertido. Agora, com a crise, estava sem saber se podia continuar a fazer aquilo de que gosto, porque se diz que, sem dinheiro, os leitores apostam sobretudo em nomes feitos e têm, além disso, em casa muitos livros que ainda não leram. Mas o susto passou e anuncio que, neste primeiro semestre, vou lançar mais três autores que nunca publicaram nada: João Rebocho Pais, com O Intrínseco de Manolo, obra notável ao nível da recuperação da linguagem popular sobre um alentejano intrinsecamente bom que acusam de ser cornudo; João Ricardo Pedro, o vencedor do último Prémio LeYa, com o brilhante O Teu Rosto Será o Último, no qual a estrutura faz da história uma espécie de interessante quebra-cabeças, e Bruno Margo, com o francamente original Sandokan & Bakunine – o título é desde logo um convite à leitura –, que parece David Lynch em livro e tenho a certeza de que dará que falar. Claro que continuo com os «meus» autores de sempre, e neste primeiro trimestre voltarei a publicar Paulo Bandeira Faria, de quem já tinha dado à estampa As Sete Estradinhas de Catete, agora com um romance sobre fazer as pazes, a Guerra Civil de Espanha, as desavenças de um casal moderno, os movimentos independentistas galegos e bascos e, enfim, o amor na infância, na idade adulta e na velhice. Chama-se A Despedida de José Alemparte. Prontos para isto tudo? Espero que sim. Os autores precisam e eu também.