饾懇饾拞饾拏饾挄饾挀饾拪饾挍, 饾拺饾拞饾挃饾挃饾拹饾拏饾拲, 饾挄饾拞饾拵 饾拺饾挀饾拹饾拑饾拲饾拞饾拵饾拏

[Chagas Botelho] 

Em todas as colunas do ponto de ônibus, esse elefante branco erguido sobre uma ideia infeliz do prefeito, está pichado um apelo chamativo: “Beatriz, pessoal, tem problema”. Foi escrito com letras vermelhas para impactar os passageiros.

Que problema terrível teria Beatriz? Indaguei-me curioso. Com os meus botões, conjecturo: Seria a insuficiência de ônibus? Ou aumento da violência? Ou crescimento desmedido de casos de dengue na cidade?

Não e não. O problema é mais profundo. Deve ser de fórum íntimo. Desses de perturbar a mente. De deixar os pensamentos atônitos. Ô Beatriz, querida desconhecida Beatriz, que tuas dores internas não sejam maiores do que você.

Entro na condução carregando o peso da pobre moça. Ou seria de uma mulher já feita e cheia de sentimentos ruins? Vai ver é um homem com pseudônimo feminino, quem sabe? Eu sei que a pichação pede socorro. E que o problema de Beatriz urge uma solução.

Talvez Beatriz tome o ônibus junto comigo. Senta-se ao meu lado. Não, senta não, seis da manhã, coletivo lotado, é impossível sentar-se. Ou então, ela desce na mesma parada que eu e segue derramando lágrimas misturadas à água da chuva. Rumina uma dor solitária e que só agora revela num espaço onde muitos choram silenciosos.

Vai Beatriz, revele-se. Diga quem é você. Torne-se mais específica. Tu precisas de quê? Psicólogo? Psiquiatra? Dinheiro? Amor? Deus? E por clamor ao Onipresente, ao todo poderoso, desembucha, Beatriz. Saia do anonimato. Ou prefere continuar assim, ocultando o problema e a tua identidade? Se for, saiba que matará a mim e aos que me leem agora, com outro grandioso problema, a curiosidade.