Antonio Carlos Rocha*

Abaixo o “terrorismo purista”

Pelas Liberdades Gramaticaes !

 

Queridos gramáticos:

Como os senhores bem sabem

Não há jeito que dê jeito

Da gente falar direito.

 

É tanta regrinha

Impossível gravar

Ninguém mesmo usa

Na hora de falar.

 

Os senhores também sabem

Que o falar muito varia

De pessoa, de lugar

Da noite para o dia.

 

Por que essa fixidez?

Normas tão duras !

Não é uma beleza

O falar das ruas?

 

Seja lá o que for

Fenômeno ou evolução

É falar e ouvir

Criar a oração

 

Então, essa tal de

Louçania da linguagem

No fundo, no fundo

Me cheira a bobagem

 

Pois como disse Manuel Bandeira:

“A língua errada do povo

A língua certa do povo”.

 

Não me levem a mal, mas

Não sejamos radicaes

Nem tantas, nem tão poucas

Convenções gramaticaes

 

Gramática e cachaça

É tudo uma coisa só

Queridos senhores

De nós, tenham dó.

 

Não adianta fardão

Sem ser, erudito,

É o povo quem decide

É só, tenho dito.

 

(*) Mestre e doutor em Ciência da Literatura, UFRJ.