VISITA AO TÚMULO DE UM PIAUIENSE ILUSTRE
Por Rogel Samuel
Sim, fui ao cemitério São Francisco Xavier, no Rio de Janeiro. Mais conhecido como Cemitério do Caju. Não para visitar o túmulo de um amigo. Ou parente, meus mortos não estão ali. Mas para ver a sepultura do personagem de meu romance “Teatro Amazonas”, publicado por capítulos na Internet: o piauiense Fileto Pires Ferreira, nascido em Barras. Lá fui duas vezes. Na primeira vez não conseguir localizar Fileto. Mas conheci o jazigo do Barão do Rio Branco, de Cruz e Souza, do Presidente Figueiredo e de seu irmão, etc. De vários famosos. Na segunda visita já dispunha do número do carneiro, fornecido pelo neto do general. Apesar de estar escrevendo uma ficção, gosto de aproximar-me ao máximo dos fatos que podem realmente ter acontecido, ainda que, para mim, a realidade talvez seja um sonho, pois, como disse o poeta espanhol Calderón de La Barca, a vida é sonho. Sim, vou escrever um capítulo “contando” o sepultamento do Governador do Amazonas Fileto Pires Ferreira. Fui ver a cor local.
 
Entretanto, o cemitério está em lastimável situação. Abandonado. Cães e fezes, lixo e mato, lama e abandono. Aqueles senhores, antes tão importantes, que circulavam outrora por salões no brilho das lâmpadas de cristais e nos reflexos dos diamantes do colo das suas senhoras, com quem dançavam em salões presidenciais, aqueles personagens históricos, seus despojos estão abandonados em lugar imundo e fétido. Triste sina, estranha condição, diria Camões.