Violência: o maior problema do país
Por Cunha e Silva Filho Em: 24/04/2013, às 09H38
Não é por falta de assunto que escrevo sobre o mesmo problema. Sou levado pela atual situação recorrente e lamentável. Diariamente, me deparo, através da mídia, com novas notícias sobre crimes, assaltos, estupros e outras atrocidades ocorridos em meu país. Não é novidade constatar que parte da sociedade brasileira, que poderia rotular de elite, considera notícias sobre crimes e toda sorte de violência como algo “não politicamente correto”. Não me importa ser “politicamente correto” quando, diante de mim, vejo as mesmas cenas de violência repetidas vezes.
È possível que tal elite pense assim porque é proprietária de casas ou apartamento aparelhados com as mais recentes tecnologias em termos de segurança contra a violência. Entretanto, todos esses meios disponíveis não as livram de passarem pelos sofrimentos e os mesmos infortúnios e reveses do homem comum pego de surpresa. Estamos no mesmo barco e ninguém disso escapa incólume.
A tendência de opiniões acerca da redução de idade para a delinquência juvenil não é normalmente aceita por advogados e juristas nem tampouco é aceita por setores religiosos de todas as denominações. Em caso afirmativo, como deveríamos contornar esta questão que continua provocando tantas mortes de inocentes de todas as idades e níveis sociais? Continuaremos perdendo nossos entes queridos devido a ondas de violência de todos os tipos? Não se poderia pôr termo a toda esta carnificina? Será que não temos autoridades responsáveis e competentes para cuidar desta questão urgente? Teremos que cruzar os braços e permanecer passivamente aceitando todo esta estado de incerteza com relação às suas consequêcias? Dir-me-ão que estou exagerando na minha avaliação das condições sociais da segurança de nossa sociedade?
Que eu saiba, o Brasil não está enfrentando uma guerra civil, porém se você, leitor, atentar para esta situação insustentável, parece-nos que estamos no meio de um batalha com balas, sobretudo as conhecidas balas perdidas, ceifando inocentes que passem justamente onde está havendo tiroteio nas ruas de bairros ricos e pobres das cidades. Se porventura anotássemos o número de mortos por balas perdidas, os gráficos estatísticos seguramente iriam para a estratosfera como se fossem o total de pessoas mortas numa guerra entre dois países. O número de mortes de inocentes cresce cada vez mais e, até agora, nenhuma medida efetiva foi tomada pelas instâncias do poder aqui no país. Tal qual no conto de Anderson, o rei está nu, mas todos dizem que está vestido a fim de não contrariar as atitudes e comportamento do rei.
A sociedade brasileira se unida fosse, à semelhança do que se vê em outros países do mundo, não permaneceria tão calada quanto aos erros e omissões das autoridades. Enquanto as leis brasileiras, que são lenientes, não mudarem para melhor, i.e., enquanto nosso congressistas e nosso poder judiciário não se manifestarem sensíveis e sensatos com esta estado de angustiante com esta escalada de violência, colocando em perigo e em estado de choque nossa sociedade, cada vez mais haverá pessoas assassinadas nas ruas, visto que criminosos, assaltantes e estupradores e um n´mero de outros facínoras estarão atacando suas vítimas de surpresa, independente do lugar e hora que escolhem para suas presas.
Naturalmente, quando discuto esta questão, me reporto geralmente a duas principais metrópoles do Brasil: São Paulo e Rio de Janeiro, Reconheço que algumas medidas têm sido tomadas pelas autoridades das Secretarias de Segurança destas duas cidades. No entanto, isso não é bastante. Deve-se enfrentar a batalha da criminalidade crônica em muitos flancos.
Além disso, deve haver uma mudança radical no enfrentamento de outros tópicos de fundamental importância, sendo o principal a melhoria das condições de vida social das comunidades desfavorecidas, mais conhecidas como “favelas,” situadas nas colinas e montanhas, segundo se vê no Rio de Janeiro.
O governo estadual do Rio de Janeiro criou as chamadas UPPs (sigla em português para Unidades de Polícia Pacificadora), que são uma espécie de pequeno distrito policial, cuja função é interagir com os habitantes locais de favelas, procurando conquistar o respeito e a amizade da comunidade, estabelecendo de amizade com os moradores e livrando-os dos narcotraficantes e viciados em drogas em ambiente de ambíguas transações de compra e venda de drogas.
Sua função é, em consequência, muito difícil enfrentar e exige paciência e tato da parte dos policiais.
Obviamente, a criação das UPPs em alguns aspectos tem auxiliado as comunidades, pois no Rio elas se contam às centenas espalhadas em todo o Rio de Janeiro e se localizam tanto em torno de bairros famosos e elegantes da Zona Sul carioca quanto em bairros distantes de classe média e classes menos favorecidas da Zona Norte e Oeste do Rio de Janeiro.
A chegada das UPPs no Rio de Janeiro mudou tremendamente o mercado imobiliário, visto que com elas os preços de casas e apartamentos, que estavam desvalorizados em razão da violência principalmente oriunda das favelas situadas perto de bons e privilegiados bairros, tiveram seus preços de venda e aluguel aumentados consideravelmente da noite para o dia.
As múltiplas atribulações causadas pela violência, desse modo, cobram um posicionamento de nossas autoridades, a elas competindo, portanto, cuidar sem trégua deste problema, não a longo termo, porquanto isso só agravará a situação de tal maneira que não haveria meios de controlá-la.
Ninguém deseja que isso aconteça, pois qualquer outra alternativa significaria decretar a falência de nossas instâncias do poder. Se o governo federal fracassar na solução deste problema, nosso país logo sentirá os efeitos danosos pelos quais em parte será responsável.As piores consequências não são difíceis de vislumbrar: prejuízos na economia, instabilidade política, colapso do turismo e problemas sociais. De um ou outra forma, todos serão atingidos e não sairão ilesos.
As autoridades não poderão dizer que o povo não as advertiu a tempo sobre os males que possam ser desencadeados pelos altos níveis de violência. Está na hora de as autoridades despertarem para este incessante recrudescimento do nível de violência no país.