ROGEL SAMUEL
Li hoje (2.8.2018) na Folha que cresce a violência contra os professores nas escolas de SP.
Eu tive um professor chamado Cascais, que era major do Exército, e tinha uma excelente didática. Ele era amigo de minha mãe.
No início de cada aula, ele escrevia uma sinopse do seria explicado no quadro negro com aquela sua letra impecavelmente caligráfica. A mesma didática que anos mais tarde eu vi fazer por minha professora Titular de Didática Geral Irene Melo de Carvalho na Faculdade de Educação da UFRJ onde eu comecei a trabalhar. Irene era uma senhora elegante, da alta sociedade carioca, e não pegava no giz, pois quem escrevia era uma assistente.
Na primeira aula, nosso professor Cascais começou escrevendo sua sinopse quando um aluno jogou uma bolinha de papel no quadro que acabou rebatendo no seu rosto, dando-lhe um susto.
Ele interrompeu a escrita, voltou-se para a imensa turma, veio até a sua mesa, tirou um revólver do bolso e o pôs ali, e disse:
- Olhem... (respirava ofegante).
Todos ficamos petrificados.
- ... Eu não ponho aluno pra fora de aula, eu não reprovo pela bagunça, eu não chamo o diretor... eu dou uma “PORRADA“ na cara de quem fizer isso outra vez...
Era um homem alto e forte.
Pôs o revólver no bolso e voltou a escrever.
Nunca mais ninguém o perturbou.