Não sei por que há franceses que não gostam de Hugo. Mas o seu sucesso era enorme e sua obra gigantesco monumento. Aprendi a amá-lo a partir de seus poemas, que li desde criança numa antologia de Sergio Milliet. Seu romantismo se expressa assim:

Oh! não insulteis nunca uma mulher perdida!
Quem sabe qual o transe em que ela foi vencida?
Quem sabe se foi longo o seu combate rude,
Entre as mil privações que assaltam a virtude?
Se o vento das paixões soprou com violência,
Quem já viu a mulher, que prendia a inocência
Nas pequeninas mãos cruzadas sobre o seio,
Não ir no turbilhão, gritando, com receio?...
Tal a gota de chuva, - pérola da rama: -
Brilha ao passar do vento, oscila e cai na lama!

A culpa é nossa; é tua, ó rico! é do teu ouro!
Mas, no lodo é que o mar esconde o seu tesouro...
Para que o pingo d’água erga-se da poeira,
Com o vivo esplendor e a limpidez primeira.
Já que as transformações se operam pra melhor,
Dai-lhe um raio de sol! dai-lhe um raio de amor!

(Trad. de Múcio Teixeira)