VALEM AS DUAS: xérox ou xerox - Falta da preposição
As duas formas podem ser usadas: se você pronuncia como palavra oxítona, escreva xerox, sem o acento gráfico, a exemplo de outras marcas registradas que se tornaram nomes comuns, como pirex, gumex, perfex, durex etc. A opção é o vocábulo acentuado - xérox - de acordo com a norma ortográfica relativa às paroxítonas terminadas em x, tal qual fênix, ônix, látex e dúplex (também pronunciado duplex).

Quando existem alternativas de pronúncia e escrita, é bobagem ficar corrigindo as pessoas que falam ou escrevem diferente da gente. Deixando a escolha a cada um, vejamos outros casos de dupla grafia ou de uso optativo entre duas formas de se expressar:

- soalho e assoalho

- porcentagem e percentagem

- quatorze e catorze

- quota e cota

- quociente e cociente

- quadriênio e quatriênio

- mestria e maestria

- vitrina e vitrine

- nuança e nuance

- termelétrica e termoelétrica

- hidrelétrica e hidroelétrica

- garçom (pl. garçons) e garção (pl. garções)

- aluguel (pl. aluguéis) e aluguer (pl. alugueres)

- maquiagem e maquilagem

- abdome e abdômen

- germe e gérmen

- humo e húmus

- bile e bílis

- antisséptico e anti-séptico

- infarto e enfarte [mas não * infarte]

- destrinçar e destrinchar

- a maquinaria e o maquinário [mas não * a maquinária]
        

- aterrissar e aterrizar [formação vinda de ‘aterrar + sufixo izar’, eis uma forma conciliadora para quem prefere a pronúncia com som de z]

- de tarde e à tarde

- de pé e em pé [no sentido de estar ereto sobre os próprios pés, não sentado nem deitado, enquanto ‘ir a pé’ significa ‘deslocar-se sem veículo algum’].

 

FALTA DA PREPOSIÇÃO

* Sabe aquele lugar que você planejava viver no futuro? A inauguração é hoje.

Assim está escrito em recente lançamento, por jornal, de condomínio na capital catarinense. A construtora se preocupou com os "apartamentos totalmente mobiliados", mas a agência de propaganda falhou na redação do texto. O correto seria:

- Sabe aquele lugar em que você planejava viver no futuro?

Isso porque o verbo ‘viver’ reclama a preposição ‘em’ [você vive em um lugar], que deve aparecer nitidamente na frase. Neste caso, a preposição se desloca para a frente do pronome relativo ‘que’, complementando o sentido do substantivo ‘lugar’ [lugar no qual/em que V. planejava viver].

Exemplos com outros verbos:

- A marca em que você sempre confiou está de volta.

- Só faço as coisas de que gosto.

- Não publicou as notas mais importantes a que me referi.

- Ninguém precisou se perguntar a que pressões aludia o presidente.

Naturalmente é preciso ter conhecimento de regência verbal para saber a preposição adequada a cada situação. É fácil dizer "confiou na marca, gosto de coisas, eu me referi a notas importantes, ele aludia a pressões"; no entanto é preciso um bom ouvido para reconhecer a falta da preposição quando ela está distante do verbo. Por exemplo, nem todas as pessoas sentem que o slogan da Texaco [* O posto que você confia] fere as normas gramaticais. Mas seria uma enorme contribuição ao idioma a retificação da frase para "o posto em que você confia".

Na fala cotidiana a tendência é simplificar deixando de lado essas particularidades. Todavia, quem quer escrever de acordo com o padrão culto formal não pode omitir essa preposição que antecede o pronome relativo.