Vale a pena sediar uma copa do mundo?

João Carlos de Pinho Alencar

Abro um jornal aqui, outro ali; assisto a um telejornal cá, outro lá.... E aquela pergunta atazana a minha cabeça (“y me molesta”): “Vale a pena sediar uma copa do mundo? Afoitamente, como muitos, eu diria: “É claro que não!” Como o Brasil vai gastar uma fortuna de bilhões de reais em um evento de menos de mês? “Absurdo”, dir-se-ia.

Também pensava assim. Não obstante, considero, hoje, diversas variáveis, porque analiso a situação como um economista (quanta pretensão!) malgrado não ser um. Vamos racionar juntos: a imprensa tem suas falhas porque joga o valor nominal na cabeça do seu público-alvo. Quando trata dos bilhões que o País gastará, essa montanha de dinheiro assusta. Mas há motivos para isso? Se estivéssemos tratando da Bolívia, do Paraguai ou do Uruguai, países cujos Produtos Internos Brutos se equivalem mais ou menos ao do Rio de Janeiro, eu ficaria calado.


No caso brasileiro, o PIB é algo em torno de R$ 2 trilhões de reais. Assim, na pior das hipóteses, se gastarmos R$ 20 bi com a copa, esse valor será quanto do Produto Interno Bruto em termos percentuais? Uma insignificância. Ou seja: 1%. Acontece que a mídia maximiza o valor nominal: R$ 20 bilhões.


O repórter que escreve diariamente para você, de acordo o site http://dicasdefoca.blogspot.com/2008/11/quanto-ganha-um-jornalista.html, tem uma renda de menos de RS 2 mil. Assim, quando ele fala em bilhões, o seu público-alvo se assusta. Isso porque ele trata do valor nominal e não do percentual. Aí está a grande diferença. Investir (e não gastar) bilhões em uma copa do mundo vale não só a pena, mas o peru inteiro.

Os resultados de uma copa virão em longo prazo. O dinheiro investido (e não gasto – veja a diferença) em um metrô ou aeroporto será um grande benefício para a população. Em torno dos estádios, criar-se-á todo um comércio antes e depois da copa. O país ficará em evidência quase um mês na mídia.

Você sabe o que significa isso, não? Ainda hoje me lembro daquelas cidades que sediaram a copa da Argentina (Mal Del Plata, La Plata, Buenos Aires, Córdoba, Mendoza); na Espanha (para mim a melhor até hoje): Madri, Saragoza, Bilbao, Barcelona... e a da   França (Saint Etienne, Paris, Lyon, Toulouse, Bordeaux...). É tudo inesquecível. Aí entra o turismo no longo prazo.


Copa do mundo, por conseguinte, é investimento e não despesa. Faça a diferença contábil. Fale com um contador. O jornalista, devido à sua formação, não diferencia esses termos (geralmente sensacionaliza a informação para vender (audiência, jornal ou revista). Portanto, copa (ou jogos olímpicos) é retorno garantido. Você   acha que um empresário investe seu capital em uma empresa para auferir lucros no ano seguinte? Frequentemente os louros (lucros) só virão após cinco anos. Alguns investimentos da copa retornam imediatamente. Outros advirão em médio e longos prazos.