Uma profissão muito antiga

[Maria do Rosário Pedreira]

Uma das etapas mais importantes na conclusão de qualquer trabalho escrito, não necessariamente um livro literário, é a revisão. Uma pessoa que entrega um texto por rever está a desrespeitar o leitor e a pôr-se em muito maus lençóis. Se um professor universitário, por exemplo, receber um trabalho de um aluno cheio de erros e gralhas, deve, quanto a mim, descontar valores quando for dar a classificação final, assinalando a falta de cuidado. Respeito muito os revisores de texto (mesmo quando não concordo com algumas das suas achegas, pois alguns tendem a ser donos da língua) e li recentemente que esta é uma profissão realmente muito antiga. Quando ainda não existia imprensa, os copistas faziam (desculpem a redundância) cópias de textos para que pudessem estar ao mesmo tempo em bibliotecas e arquivos vários e ser consultados por muitas pessoas em locais diferentes. Porém, por desatenção, estes copistas introduziam erros nas suas cópias. Ora, quando se deu por isso em textos de tragediógrafos e poetas conhecidos, foi decidido que alguém devia passar a fazer um cotejo a seguir à cópia, evitando assim a reprodução escusada do erro em cópias posteriores. Ainda hoje é fundamental a prática de uma boa revisão em qualquer texto (e os correctores dos computadores dão jeito, mas não chegam). Vivam, pois, os revisores de texto.