SESSÃO NOSTALGIA:

 

Uma poeta (ou poetisa) de Curitiba:Roza de Oliveira




Cunha e Silva Filho


       Leitor, dessa vez esta coluna pede um espaço para uma referência a uma escritora, a Roza de Oliveira, que conheci, faz pouco tempo, numa viagem do Rio de Janeiro a Curitiba. Ela estava acompanhada de seu esposo, Julio Enrique Gómez, um argentino com coração de brasileiro, virtuose da música, pianista talentoso.           Os dois formam um tipo de casamento que eu diria perfeito, não só porque essas duas criaturas se harmonizam no amor, mas sobretudo porque são almas gêmeas dedicadas às duas espécies de arte já mencionadas.
        Roza foi professora de literatura, fez mestrado em literatura brasileira, defendendo uma dissertação sobre a poesia de Tasso da Silveira, de título As imagens do ar nos poemas de Tasso da Silveira, em 1988, na Universidade Federal de Santa Catarina, posteriormente publicada em livro pela Secretaria de Estado de Cultura do Paraná em 2001.157 p.
         Roza não é paranaense, pois nasceu em Santo Antônio de Pádua, estado do Rio de Janeiro. Aos sete anos, sua família foi para o Paraná. Seus estudos primários e secundários fez em Paranavaí. Graduou-se em Letras pela Faculdade de Filosofia e Letras de Paranavaí. Foi professora desde a adolescência .

       Em 1979, transferiu-se para Curitiba. Em seguida, a partir de 1996, foi lecionar na Universidade Tuiuti.
Roza de Oliveira, antes de mais nada, é visceralmente poeta, sobretudo distinguindo-se como trovadora e declamadora de mérito indiscutível, além de ter dado importante contribuição ao ensaio literário, à ficção infantil (contos), entre outros gêneros. Roza me dá a impressão de que é uma artista da poesia totalmente envolvida com sua arte. Tem belíssima voz e sabe declamar como poucos. Além disso, é dotada de uma extraordinária memória, que a auxilia muito como declamadora.

       Conversando com ela, no aconchego do lar do casal, pude verificar o quanto Roza significa como artista do verso. Improvisadora, parece ter aquele talento que só encontramos em grandes repentistas do cordel. Erudita no conhecimento teórico da arte poética, amante das grandes vozes da poesia brasileira independentemente de estilos de época, Roza nos surpreende com a sua versatilidade, com o seu convívio íntimo com a poesia.
       Escritora querida entre seus pares, respeitada em todo o estado do Paraná, Roza vai, assim, espalhando poesia por toda a parte, em eventos, em palestras, em conferências. O mais belo nisso tudo é que ela está sempre ao lado de Julio, trabalhando em conjunto. Ele, ao piano, ela, declamando poesias de grandes poetas e dela própria. Ativos ambos, viajam muito, sempre e semprE  fazendo apresentações lítero-musicais e com sucesso.
        Uma vez, perguntei à Roza se ela declamava qualquer grande poeta, seja nacional, seja de outros países. Ela me respondeu que só gosta de declamar o poema que a emociona. Nisto, a meu ver, se revela como uma poeta seletiva e cuidadosa com a sua sensibilidade e critério estéticos.
        Roza merece estudos mais desenvolvidos tanto com respeito à sua produção poética , que é considerável, quanto com respeito às suaS publicações ensaísticas.A escritora é Presidente da Academia Paranaense da Poesia. Pertence à Academia Sul Brasileira de Letras, à Academia de Letras José Alencar, à Academia Feminina de Letras, ao Círculo de Estudos Bandeirantes, ao Centro de LeTras do Paraná e à UBT.
       A propósito do lançamento que, hoje, fiz do meu livro Breve introdução ao curso de Letras: uma orientação (Rio e Janeiro: Editora Quártica, 2009, 120 P.), Roza me mimoseou (reconheço que o termo é um tanto antigo) com as seguintes trovas, todas dedicadas àquele evento e, com isso, quero homenageá-la nesta coluna, em retribuição ao seu gesto elegante e carinhoso:


ALGUMAS TROVAS PARA A TUA TARDE DE AUTÓGRAFOS

Roza de Oliveira

Que a luz de Deus te ilumine
neste sagrado momento.
Que o livro a todos fascine
na tarde do lançamento.
*

Que a luz de Deus seja o norte
em todo e qualquer momento.
Que o teu livro brilhe forte
na tarde do lançamento.
*

Que a luz de Deus, majestosa,
exponha o livro ao sedento.
Desejam o Júlio e a Roza
na tarde do lançamento.