UMA NOVELA INACREDITÁVEL
Miguel Carqueija

Resenha de “Spaceballs” (Gian Danton)
Coleção Fantástica, 6 – março de 2000 (Edições Hiperespaço/Megalon)
Prefácio do autor. Capa: Cerito.

    Digo que a novela é inacreditável porque o enredo se desenrola com os absurdos de uma história infantil. Há, por certo, influência do clássico “1984”, de George Orwell. Danton apresenta elementos semelhantes àquela célebre distopia. Um exemplo é o da guerra permanente e a ausência de progresso e de liberdade. Dois rapazes, Betrán e Zig, e uma garota, Kay, partem para o espaço numa astronave roubada, em busca de um lugar melhor para viverem. Acabam chegando a um planeta desconhecido e aparentemente paradisíaco, uma espécie de paraíso “hippie”, e são cordialmente acolhidos pela humanidade local. Entretanto, a sociedade paradisíaca esconde outra forma de totalitarismo, que logo se mostrará.
    A metáfora é evidente, mas Danton não fez o menor esforço para tornar a sua trama digerível. Afinal, a nave utilizada podia ultrapassar a velocidade da luz? Como é que chegaram a esse novo planeta, que por suas características semelhantes à Terra  não poderia ser nenhum outro do nosso sistema? E como é que puderam se entender, na mesma língua, com os habitantes locais?
    Há outros problemas no livro. Um excesso de erros, atestando a ausência de revisão. O caráter vazio da mensagem, que se perde em meio a uma trama pueril.
    Se virtudes existem no livro são a ausência de cenas e descrições chocantes, de palavreado, e um ar ingênuo que lembra as “space-operas” dos anos 30 a 50.

Rio de Janeiro, 31 de janeiro a 2 de fevereiro de 2010.