Uma lenda de São João del-Rei

A lenda Senhor do Mont'Alverne é especial, como você - se já não a conhece - agora poderá constatar.

 

 

 

 

 

 

 

  

 

 

 

 

 "Histórico [da Igreja de São Francisco de Assis, em São João del-Rei, Minas Gerais]: Bela e imponente, a Igreja de São Francisco de Assis é a grande referência da arquitetura religiosa colonial de São João del Rei. Em 1749, já existia uma capela dedicada à São Francisco de Assis, mas, em 1772, essa capela encontrava-se em péssimas condições, o que fez com que a Ordem Terceira Franciscana desse início a um novo templo. A autoria do projeto original é do Aleijadinho , comprovada pelo risco existente no Museu da Inconfidência de Ouro Preto. (IPHAN). Mas, para executar o risco, foi contratado o mestre Francisco de Lima Cerqueira, que fez várias mudanças no projeto original, como substituição das torres oitavadas, modificações no desenho dos óculos da nave e alteração do arco-cruzeiro. Os trabalhos arquitetônicos foram concluídos em 1804". (http://www.flickr.com/photos/rostev/1392468300/)

 

                                              À memória do presidente Tancredo Neves


10.1.2010 - Quando um peregrino exausto e faminto bater à sua porta, ofereça-lhe comida e pouso: ele pode ser um santo e um milagre poderá acontecer. [Abaixo, logo em seguida à lenda recontada, leia um poema de D. Marcos Barbosa, no qual há referência à boa acolhida ao viajante, que pode ser o Senhor.]

 

Casos de Minas: "Senhor do Mont'Alverne", lenda de São João del-Rei

 

"A mesa da confraria da irmandade de São Francisco de Assis reunira-se, pela segunda vez, na casa da respectiva Ordem, a fim de deliberar a respeito de uma imagem do Senhor do Mont´Alverne, que ia ser colocada no altar-mor da referida igreja. 

Tomando parte na assembléia brasileiros e portugueses, por um natural impulso de patriotismo, queriam os primeiros que a imagem fosse esculpida aqui, os segundos, em Portugal.

 

Ainda dessa vez não foi possível acordo, ficando o caso para ser discutido em outra assembléia. Eis senão quando, à casa da Ordem foi bater um peregrino, desconhecido na cidade e que, à míngua de recursos, pedia pousada por uma noite. Atendido pelo encarregado, foi-lhe destinado um aposento no porão, onde ele depressa se acomodou, fechando a porta a chave. Não trazia nenhuma bagagem, um simples bornal sequer, nada.

 

No outro dia, ninguém viu o estranho personagem. O quarto que lhe deram estava com a porta e janelas. Não quiseram incomodar aquele pobre velhinho de barbas de neve: talvez estivesse muito cansado. Ao segundo dia, porém, o quarto continuava na mesma situação. Como, desde que chegara, não o viram sair ao menos uma vez, nem ouviram o mínimo ruído lá dentro, suspeitaram que ele houvesse adoecido, a ponto de não poder erguer-se do leito, ou mesmo que tivesse morrido. Já inquietos, então, bateram à porta. Silêncio absoluto. Tornaram a bater, com violência, depois. Nenhum rumor, nenhum sinal de vida. Forçaram a porta: estava fechada a chave. Certos já de um sombrio acontecimento, resolveram arrombá-la. Para fazê-lo, chamaram a polícia e testemunhas e, ao primeiro golpe do machado que um soldado vibrara, a fechadura saltou. A escuridão no interior era quase completa. Abriram imediatamente as janelas: o misterioso peregrino havia desaparecido e, em seu lugar, uma imagem do Senhor do Mont´Alverne, de tamanho natural, pregado à cruz, encheu de pasmo e de deslumbramento a todos os presentes, tal a sua maravilhosa perfeição.

 

Acreditou-se logo que o peregrino não era senão um santo, que realizara aquele milagre. A nova correu célebre pela cidade. E de todos os pontos, numa verdadeira romaria, vinha gente ver a imagem, que poucos dias depois foi transportada, com grande solenidade, para a igreja de São Francisco de Assis, onde até hoje se acha, no respectivo altar-mor". (http://www.descubraminas.com.br/casosdeminas/det_casos.asp)

 

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                          "Oração da Família

                                                                            Dom Marcos Barbosa

 

Bem debaixo, Senhor, da tua asa, / coloca a nossa casa.

Nossa mesa abençoa, e o leito, e o linho, / guarda o nosso caminho.

Brote, em torno, o jardim, frutos e flores, / em nossa boca, louvores.

Conserva pura a fonte de cristal, / longe o pecado e o mal.

Repele o incêndio, a peste, a inundação, / reine a paz e a união.

Bem haja na janela o azul do dia, / na parede, Maria.

Encontre a noite quieta a luz acesa, / quente sopa na mesa.

Batam à porta o pobre e o viajor, / e tu mesmo, Senhor.

Tranqüilo seja o sono sob a cruz / que a outro sol conduz"

 

(Poema transcrito anteriormente em meu artigo "O bancário e o monge",

de 30.12.2006, que, no portal Observatóro da Imprensa, sob a direção de

Alberto Dines, está, na Web, em:

http://observatoriodaimprensa.com.br/artigos.asp?cod=414AZL002)