[Maria do Rosário Pedreira]

Não sei se alguma vez aqui contei como fui parar à edição. Eu era professora de Português há uns três anos quando, um belo dia, um grande amigo do meu pai e – é bom que se diga – um literato, apesar da sua formação científica, me ligou a perguntar se eu gostaria de trabalhar numa editora. Esse grande senhor chama-se António Manuel Baptista, e, para os leitores do blogue que têm a minha idade, o seu nome está certamente associado a um programa de TV que, apesar de ser sobre física, tinha recordes de audiência, porque o professor tinha um poder de comunicação sem limites e tornava mais fácil a quem ouvia tudo o que, nos manuais, parecia assustador. Ora, ele era também, no final dos anos 1980, consultor da editora onde comecei, que se chamava Gradiva e publicava, de forma completamente nova em Portugal, livros de divulgação científica. O editor estava então a precisar de ajuda e terá perguntado a António Manuel Baptista se conhecia alguém que pude ser assistente editorial. Estou-lhe imensamente grata por se ter lembrado de mim, até porque, sem ele, hoje poderia ser uma professora insatisfeita, frustrada ou, na pior das hipóteses, sem emprego (embora também pudesse estar feliz, claro, mas, depois de tantos anos nos livros, calculo que não tão feliz como estou). Assim, porque esse grande homem faz hoje 90 anos, quero agradecer-lhe do fundo do coração a oportunidade que me deu e felicitá-lo pela sua grande cultura, pela sua visão humanista do mundo e por tudo o que nos deu nestes anos todos. Parabéns, António!