RESPOSTA A UM COMENTÁRIO FEITO A PROPÓSITO DE UMA BELA CRÔNICA, "ORA PRO NOBIS," DO ESCRITOR PIAUIENSE DÍLSON LAGES MONTEIRO:

                                               CUNHA E SILVA FILHO

        Ora, um ficcionista de talento quando se mete a cronista, dá, pra usar   uma  frase popular, dá conta do recado supinamente. "Faz o dever de casa," pra empregar uma frase-jargão dos insensíveis e gélidos burocratas brasileiros.

       Fá-lo,  outrossim, com muita garra e conhecimento de causa - teórico e metalinguístico.  Fá-lo ainda com muita habilidade pra misturar, conscientemente, anacronias  e temas assimétricos.

      O fio condutor da crônica é a frase homônima latina com verbo no imperativo relacionada à liturgia católica: Ora por nobis

     Meu Deus, ainda existe alguém que duvide de que um ficcionista,  quer no conto, quer na narrativa mais longa (novela) ou bem mais longa (romance), que não seja um cronista ? Claro que não!

     O ficcionista, quer no conto, quer na novela ou no romance, é um privilegiado contador de histórias (estórias), nas quais tudo cabe tanto a  metaficção  quanto a vida em sua dimensão captando um flagrante, ou uma dimensão temporal menos ou mais prolongados e, no último caso, totalizadora ( Lukács) do sentido da existência (caso do romance) em plenitude.

     É muito mais difícil um grande cronista ser um medíocre ficcionista do que vice-versa. Que confusão estou criando na cabecinha do leitor!

     Nessa misturada de gêneros, nesses tempos pós-modernos de ventos apocalípticos em época que tudo resvala para não nos voltarmos ao cultivo das antigas e acalentadoras amizades sinceras, solidárias e duradouras. 

      Tudo se faz para um possível retorno do autoritarismo mambembe, datado e obscurantista, conforme estamos assistindo nos palcos internacional e nacional.

    O malfadado "negacionismo da ciência e de novos aportes trazidos pelos tempos atuais de pandemia e "negacionismos retrógrados e nocivos às sociedades afluentes de hoje, do bem público, da  rex publica, da sociedade indiferente, individualista.

     Sociedade que deixa correr frouxos os malfeitos governamentais, sobretudo no campo da economia mal conduzida e muito prejudicial do governo Bolsonaro em forma de inflação, de carestia sem freio, de descaso para com à saúde dos brasileiros, a alta do preço da carne, dos combustíveis, da comida em geral, dos planos de saúde, da desvalorização crescente do real em face da moeda forte, o dólar.

      Continuam escorchantes os juros cobrados à Shylock, pelo governo federal.

      Contraditoriamente,  o funcionalismo federal não tem tido reajuste há mais dez anos! Ao não conceder um reajuste nos vencimentos, o governo federal está, assim, praticando arrocho salarial contra o funcionalismo.

     O governo está arrochando os salários que, paulatinamente, vão encolhendo e perdendo o poder de compra. O pior - convém acentuar - , tudo isso por determinação do próprio governo. 

    O que se vê são altas taxas de juro, extorsivos, prática de "laissez-faire" econômico e de uma abertura escancarada ao neolibealismo tão criticado por este articulista durante anos em vários artigos e em   jornais de Teresina, Piauí,  e,  até ultimamente, no exterior.

    A crônica de, Dílson Lages Monteiro, aponta,  en passant, também na direção da crítica social aos descalabros do atual governo reacionário - um arremedo do malogrado desgoverno Donald Trump.