O poema que a seguir, com ligeiras alterações do texto, oferecemos em tradução bilíngüe ao leitor foi, pela primeira vez, por mim vertido ao português em 1977 e publicado no extinto jornal Estado do Piauí, Teresina. Esta peça poética, simples e belamente composta, sintetiza os aspectos do sentimento materno na sua dimensão universal. Nada há nele que não possa ser inteligível por qualquer pessoa comum, até mesmo para uma criança que já saiba ler. Sem hermetismos, sem preocupações filosóficas complexas, “My mother” flui como um riacho cristalino , de água pura e doce. Sua intenção visa apenas ao puro ato comunicativo do discurso poético. Todas as estrofes, harmônicas, melódicas exprimem, diante de nosso olhos, aquelas situações de desvelos maternos que todas as mães, com ligeiras variações culturais, em qualquer parte, em qualquer língua, em qualquer condição social, em qualquer tempo, como se fosse um ritual ecumênico, vêm cultivando através dos tempos.
A amamentação, os carinhos e beijos, as cantigas de ninar, as noites de vigília, no tempo da doença, nas brincadeiras infantis, no ensinar as orações, o estar atenta à presença infantil, o interessar-se por tudo que fazemos. Até mesmo, no derradeiro instante de sua presença na Terra, nosso seria o desejo de manifestar que antes partíssemos para outra dimensão que perdermos para sempre essas maravilhosas criaturas que nos deram a vida.

My Mother

Who fed me from her gentle breast,
And hushed me in her arms to rest,
And on my cheeks sweet kisses pressed?
                                                           My Mother.

When sleep forssok my open eye,
Who was it  sang sweet lullaby,
And sooth’ed me that i should not cry?
My Mother.

Who sat and watched my infant head,
When sleeping in my cradle bed,
And tear of sweet affection shed,
                                                My Mother.

Who ran to help me when I fell,
And would some pretty story tell,
Or kiss the place to make it well?
                                                  My Mother.

When pain and sickness made me cry,
Who gazed upon my heavy eye,
And wept for fear I should die?
                                             My Mother.

Who loved  to  see me pleased and gay,
And taught me sweetly how to pray?
And minded all I had to say?
                                               My Mother.

Can I ever cease to be
Affectionate and kind to thee,
Who wast so very kind to me?
                                                My Mother.

Oh no! The thought I cannot bear,
And if God please my life to spare,
I hope I shall reward thy care,
                                                My Mother.


Minha Mãe

Quem me nutriu em seu peito gentil,
E me aquietou em seus braços pro descanso?
E me cobriu a face de doces beijos?
                                                                   Minha Mãe.

Quando o sono me cerrava os olhos,
Quem é que cantava doces canções de ninar,
E me acalmava pra que não chorasse?
                                                         Minha Mãe.

Quem, sentada, minha cabecinha velava,
Quando no meu berço dormia
E lágrimas de doce afeição derramava?
                                                                 Minha Mãe.

Quem corria para me ajudar quando caía,
E me contava lindas estórias
Ou beijava o lugar ferido a fim de o tornar menos aflitivo?
                                                                                          Minha Mãe.

Quando a dor e a moléstia me faziam chorar,
Quem me fitava os olhos pesados
E chorava com medo de que morresse?
                                                               Minha Mãe.

Quem folgava em me ver alegre e feliz,
E me ensinava a orar suavemente,
E ligava a tudo que dizia?
                                    Minha Mãe.

Oh! Não! Não posso suportar esta idéia,
Se a Deus for dado não me poupar a vida,
Espero hei de recompensar vossos cuidados,
                                                                      Minha Mãe.


Fonte do texto: FERREIRA, Pe. J. Albino. An English method. 11 ed Porto, Portugal: Costa Cabral, 1939, p. 192.