Um poema de William Wordsworth ( 1770-1850)

Birds


I heard a thousand blended notes,
While in a grove I sat recline,
In that sweet mood when pleasant thoughts
Bring sad thoughts to the mind.

To her fair works did nature link
The human soul that through me ran;
And much it grieved my heart to think
What man has made of man.

Through primrose tufts, in that sweet bower,
The periwinkle trailed its wreathe;
And it is my faith that every flower
Enjoys the air it breathes.

The birds around me hopped and played;
Their thoughts I cannot measure;
But the least motion which they made,
It seemed a thrill of pleasure.

The budding twigs spread out their fan
To catch the breezy air;
And I must think, do all I can,
That there was pleasure there.

From heaven if this belief be sent,
If such be nature’s plan,
Have I not reason to lament
What man has made of man?



Pássaros

Enquanto, sentado, num bosque, repousava,
Mil combinações sonoras ouvi.
Quando, naquele doce estado de ânimo, agradáveis pensamentos
Ao meu espírito trazem pensamentos tristes.

Uniu a natureza às suas belas obras
A alma humana que em mim penetrou.
O coração por demais afligiu-me ao pensar
Em que se transformou o gênero humano.

Pelos bosques floridos, naquele doce caramanchão,
Trilhava a murta de flores as coroas.
É a convicção minha que cada flor
O ar partilhe por ela sorvido.

Ao meu redor, saltavam e brincavam pássaros.
Atinar no que pensavam impossível me é.
Deles, contudo, o mínimo movimento se me afigurava
De encantos uma excitação.

Desfraldam sua ventoinha as flores em botão
Do ar fresco se aproveitando.
Pensar só me resta, não importa tudo que faça,
Que ali prazer existia.

Se esta convicção divina mensagem me for,
Se tal possa ser da natureza um sagrado plano,
Não tenho eu motivos para lamentar
O que de si mesmo fez o homem?

(Trad. de Cunha e Silva Filho)

Postado por Cunha e Silva Filho às 06:57