Um poema de Louis Mercier (1870-1951)
Por Cunha e Silva Filho Em: 23/08/2011, às 08H44
Chez nous
Septembre. La journée est transparente et pure.
L’automne semble um beau souvenir de l’été,
Et ne menace pas encor les feuilles mûres.
Le ciel est une coupe immense de claret.
Le visage sacré de la terre respire
La paix, la plenitude et la fécundité.
Les vignobles, hereux dans le fleuve, se mirent,
Sous l’eau calme, chargés du don des pampres lourds,
Les coteaux inclinés se regardent sourire.
Autour de son clocher, lá haut, sommeille un bourg:
La chaleur, sur les toits, vibre et se reverbère,
Et l’on entend chanter les poules dans les cours.
Pas une âme dehors. C’est la saison prospère
Où sans qu’il soit aidé par le travail humain
Seul dans les champs deserts, le grand soleil opère
Le miracle éternel que nos donne le vin.
Em casa
Setembro. Translúcido e puro é o dia.
Parece o outono do verão uma bela lembrança
Que não ameaça ainda maduras folhas.
O céu, imensa e límpida taça
Respira da terra o sagrado rosto
A paz, a plenitude e a fecundidade.
Felizes, os vinhedos no rio se refletem,
Sob a água calma, carregados da dádiva dos pesados pâmpanos,
Inclinadas em sorrisos se abrem as encostas.
Lá no alto, em volta do campanário, dormita uma vila:
O calor, por sobre os telhados, vibra e reverbera,
E, aí, se ouve nos pátios, das galinhas o canto.
Lá fora, nenhuma vivalma. Estação por excelência
Na qual, sem mesmo do humano trabalho o cuidado,
Sozinho, nos ermos campos, realiza o grande sol
O eterno milagre que nos dá o vinho.
(Trad. de Cunha e Silva Filho)